Em busca do penta

Em busca do penta

Tetracampeão das 500 Milhas de Indianápolis e um dos maiores pilotos brasileiros da história do automobilismo, Hélio Castroneves comenta suas últimas conquistas e perspectivas para temporada de 2022

Neste ano, no dia 30 de maio, o automobilista Hélio Castroneves, atleta de 46 anos criado em Ribeirão Preto, conquistou seu quarto título das 500 Milhas de Indianápolis, na 105ª edição da principal prova da Fórmula Indy. Estreando na equipe Meyer Shank Racing, Castroneves fez história ao largar na oitava posição e conquistar a vitória na 198ª volta, quando superou o espanhol Alex Palou e assumiu a liderança da prova em que foi campeão nas edições de 2001, 2002 e 2009. Com o resultado, o brasileiro igualou o feito dos americanos AJ Foyt, Rick Mears e Al Unser, quatro vezes campeões e maiores recordistas da prova de todos os tempos.

O multicampeão também conquistou, no ano passado, em novembro de 2020, o título da categoria IMSA WeatherTech SportsCar Championship, principal campeonato de protótipos dos Estados Unidos e competição que o atleta pretende disputar na temporada de 2022, após vencer as 24 horas de Daytona em janeiro deste ano, pela equipe Wayne Taylor. Castroneves também tem no currículo o segundo lugar nas 500 Milhas de Indianápolis em 2003, 2014 e 2017, o terceiro lugar em 2007 e o quarto lugar na edição de 2008. Em passagem por Ribeirão Preto após cerca de nove anos fora do Brasil, Hélio Castroneves comenta os feitos recentes de sua carreira e compartilha alguns detalhes da preparação para temporada do ano que vem.

Em maio, você conquistou sua quarta vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. Como avalia esse marco na sua carreira?

Sem dúvida, foi um fato histórico. Somente quatro pilotos em 105 anos venceram essa prova quatro vezes. Muitos talvez não vejam outro tetracampeão em um futuro tão próximo. É uma corrida muito disputada. As equipes hoje em dia estão muito bem assessoradas e isso dificulta ainda mais você repetir a vitória. E como foi feito também foi muito especial, não só a prova em si, mas a equipe com quem competi é uma equipe nova, nunca havia vencido uma corrida, então foi muito bacana poder proporcionar isso para o público jovem, que está começando. Nosso próximo passo é buscar a quinta vitória e ser o único piloto a fazer isso.

Você foi confirmado pela Meyer Shank Racing (msr) para temporada de 2022 no imsa. Qual sua expectativa para essa competição, na qual você foi campeão em 2020?

Pelo fato de termos vencido a IMSA de 2020, agora na Fórmula Indy a gente pôde, com os patrocinadores principais da equipe MSR, fechar o contrato para 2022 e também fazer a categoria IMSA que vai ser Daytona 24h. Muitos até esquecem, mas, no começo deste ano, eu venci as 24h de Daytona. Então, quis disputar de novo, pois vou defender o título. Em 2022, vamos fazer as 24h de Daytona, mais Sebring e Petit Le Mans, que é uma corrida no final do ano em Atlanta, e a temporada inteira na Fórmula Indy.

Como está sendo sua adaptação à equipe?

Como disse, é uma equipe nova, mas com potencial muito grande. E isso ajuda, você ter gente com motivação, querendo crescer, procurando lugar para crescer. Acabamos de mudar para uma oficina nova que está superlegal. A sede da equipe fica a poucas quadras de onde era, em Ohio, mas, agora, em um prédio novo. Temos trabalho pela frente, pelo fato de eles nunca terem tido essa oportunidade. Então, é tudo novo. Estão contratando gente nova. Fazer parte deste processo é muito legal, é uma coisa que sempre gostei. É bacana fazer parte dessa evolução.

O automobilista de 46 anos, Hélio Castroneves, é recordista das 500 Milhas de Indianápolis

Sobre sua preparação, quais características você vem desenvolvendo com a equipe pensando nas competições de 2022?

As cincos provas a mais depois de Indianápolis 2021 foram muito importantes pra nós termos conhecimento do que pode ser feito e entender o processo junto com a equipe. A última temporada que andei inteira foi 2017. Voltando este ano, percebi que tem muita coisa diferente. Por exemplo, o para-brisas, que é o “aeroscreen” do carro, uma proteção para o piloto, aumenta o peso do carro e dificulta um pouco a pilotagem. Então, preciso me adaptar a essas evoluções para seguir adiante. Está sendo bem legal entender essas mudanças. Foi bom termos essas quatro ou cinco corridas este ano para darmos continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido.

Qual sua impressão sobre o atual momento para o automobilismo brasileiro, pensando no contexto do esporte de forma geral?

Quando corria aqui no Brasil, tinham várias categorias de base, a Fórmula Chevrolet, Fórmula 3, Fórmula Ford, vários tipos de categorias pra se correr. Hoje, infelizmente, isso não acontece. Parece que vai ter a Fórmula 4. Pode ser um começo para termos novas gerações. Uma hora, obviamente, vai chegar o momento que não estarei mais representando o Brasil nas pistas e nós precisamos de gente das novas gerações para dar seguimento no automobilismo brasileiro, e dificulta quando não temos categorias de base. Espero que com a iniciativa da Fórmula 4, isso volte.

Voltando para o Brasil depois de tanto tempo, como está sendo sua passagem por Ribeirão Preto?

A última vez que vim foi na Stock Car em 2012 e mudou muito a cidade. Está bem diferente, muita evolução em relação aos lugares onde eu ia, novas ruas, avenidas, prédios, estou até me perdendo um pouco. Mas está sendo bem interessante entender mais da cidade. Pretendo voltar mais. Essa foi uma oportunidade perfeita que trouxe minha filha para conhecer minha cidade natal, conhecer a casa dos avós dela, onde fui criado, realmente muito legal essa situação. E agora com a pandemia um pouco mais controlada, espero que no meio ou fim do ano que vem eu volte. 


Foto: Divulgação

Compartilhar: