O craque da Vila Tibério que treinou Pelé e fez história na Copa do Mundo
Você sabe quem foi Elba de Pádua Lima, dono do nome que batiza a Cava do Bosque de Ribeirão Preto? Confira na reportagem

O craque da Vila Tibério que treinou Pelé e fez história na Copa do Mundo

Elba de Pádua Lima, o Tim, classificou a seleção peruana em sua última participação no Mundial, em 1982

A seleção peruana de futebol estreou na Copa do Mundo da Rússia neste sábado, 16, às 13h, diante da Dinamarca, em Saransk. Após 36 anos, essa é a volta do Peru para um Mundial, quando a equipe do país andino foi treinada na Espanha por um personagem de bastante destaque no futebol brasileiro e que começou a se destacar nos campos da Vila Tibério, Zona Oeste de Ribeirão Preto.

Na ocasião, o treinador da seleção peruana era Elba de Pádua Lima, o Tim, bastante lembrado pelos ribeirãopretanos quando citam o complexo esportivo da Cava do Bosque, que homenageia o ex-treinador e atleta que também defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 1938, na França.

Revelado pelo Botafogo de Ribeirão Preto no início dos anos 1930, Tim nasceu em Rifaina em 1916. Ele se mudou para a Vila Tibério com a mãe quando era uma criança, após a morte do pai. Foi nessa época que começou no tricolor e chegou à equipe principal do clube aos 15 anos de idade. Depois, foi vendido para a Portuguesa Santista, um grande clube naquele momento, no qual recebeu as primeiras convocações para a seleção brasileira.

Em Santos, Tim se destacou e foi contratado pelo Fluminense, em 1937, e se tornou um dos melhores da equipe carioca, que contava com outro atleta nascido na região de Ribeirão Preto, o goleiro Batatais, revelado pelo Comercial. O destaque no clube o levou novamente à seleção, só que desta vez para jogar a Copa do Mundo.

Por clubes, ele ainda defendeu São Paulo e o Botafogo do Rio de Janeiro. A qualidade técnica de Elba de Pádua Lima foi útil para o jogador após a aposentadoria, já que ele se tornou treinador, também com passagens marcantes por diversos clubes brasileiros e da Argentina, onde foi campeão pelo San Lorenzo. Tim foi o último técnico de Pelé no Santos, em 1974.

A carreira de técnico de Tim já se aproximava do fim, em 1981, quando aos 66 anos de idade, época que dirigia o São José, de São José dos Campos, recebeu o convite para assumir a seleção peruana nas Eliminatórias para a Copa do Mundo da Espanha, deixando Uruguai e Colômbia para trás.

Com a vaga garantida no Mundial, a seleção peruana foi sorteada no Grupo A, junto de Polônia, Camarões e a campeã do mundo naquele torneio, a Itália. O Peru de Tim empatou com Camarões por 0 a 0, foi goleado pela Polônia por 5 a 1, e fechou a participação na Copa com um empate por 1 a 1 com a Itália. Nesta partida, o Peru foi buscar o empate aos 38 minutos do segundo tempo, em jogo que pressionava bastante os italianos, com um gol de Diáz, atacante andino.  

Relatos da época apontam que o treinador moldado nos campos da Vila Tibério gostava bastante de conversar com os jogadores e era considerado um estrategista. No entanto, ficou marcado naquela Copa do Mundo por não realizar treinamentos com bola antes do início da Copa, mas apenas trabalhos físicos. Finalizado o Mundial, Tim pegou o boné e anunciou a aposentadoria. Morreu em 1984, morando no Rio de Janeiro.

Pelé desde criança

O acervo histórico do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro conta com entrevistas do antigo treinador. Em um dos trechos, Tim diz que conhecia as habilidades de Pelé desde que ele era criança, já que era amigo do descobridor do Rei do Futebol, o também ex-jogador Waldemar de Brito.

No áudio, Tim relata que Pelé teve uma educação por parte de seus pais, e que isso contribuiu com sua formação como atleta, considerado o mais completo do século XX. Além disso, ele lembra que era amigo de grandes artistas da era de ouro do rádio brasileiro, como o cantor Ataulfo Alves.

Na entrevista, ele fala que recebeu o cantor em casa, um mês antes do mesmo morrer, em 1969. Na ocasião, Ataulfo lhe apresentou o samba chamado “Esperanças perdidas”.  “‘Dá sucesso o samba?’, perguntou o Ataulfo. E eu respondi que ‘dá’”, relatando que esse foi um dos grandes sucessos do artista.

 


Foto: arquivo - El Comércio/Peru

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