"O esporte me salvou", diz medalhista paralímpica em Ribeirão Preto
"O esporte me salvou", diz medalhista paralímpica em Ribeirão Preto

"O esporte me salvou", diz medalhista paralímpica em Ribeirão Preto

Paratletas compartilharam histórias em evento no auditório Meira Junior

O halterofilista Eduardo Lelis é paratleta. Tornou-se deficiente físico após sofrer um acidente de carro, em uma tentativa de desviar de uma pessoa que atravessava a rua, e acertou o muro. Teve de amputar uma perna, e veio a depressão e, com ela, o consumo de álcool e drogas.

Lelis conheceu o levantamento de peso e conseguiu se recuperar do primeiro baque, disputou torneios e os venceu. Até que, em 2014, descobriu que tinha glaucoma, que limitava bastante a visão nos dois olhos. Outro golpe, outra depressão. Foi em 2015, no dia do aniversário da mãe, quando ele não tinha condições de dar nenhum presente, que fez uma promessa: voltaria a praticar esportes.

Chegou 2016, acompanhado dos títulos paulista, brasileiro e sul-americano, e uma série de recordes quebrados. Depois de tudo isso, o halterofilista diz: “o esporte reabilita. O esporte salva!”, com ênfase para dezenas de pessoas com as quais ele compartilha a história, no auditório Meira Júnior, no Theatro Pedro II, na quinta-feira, 30, em Ribeirão Preto.

Ao lado de Lelis estava um dos maiores narradores de futebol da história do Brasil, além de ser uma das figuras pela luta pelas Eleições Diretas, nos anos 1980: Osmar Santos, o ‘Pai da Matéria’, ‘a voz das diretas’, que, acomodado em sua cadeiras de rodas, não conseguiu se comunicar com o instrumento que foi reconhecido por todos. Santos apenas soltou: “e que gol!”, para a emoção e arrepios de pais e familiares de integrantes do projeto SuperAção, promovido pela Associação Pró-Esporte e Cultura (APEC), que tem entre os integrantes da direção do trabalho Sócrates Júnior, o filho de outra lenda brasileira e ribeirãopretana, como define o vereador Boni (Rede), bicampeão olímpico com a seleção feminina de vôlei, como auxiliar, que esteve presente na cerimônia, assim como outros políticos, como o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e o secretário estadual de desenvolvimento Social, Floriano Pesaro.

Mas os personagens da noite eram os alunos do projeto que lutam pela reabilitação praticando esportes como futebol de cinco, futebol de sete, natação, badminton, basquete e rúgbi na cadeira de rodas, além de teatro e balé.

Além deles, estava também a medalhista paralímpica nos Jogos do Rio de Janeiro 2016, Verônica Hipólito, prata nos 100 metros do atletismo e bronze nos 400 metros. “O impossível não existe. O esporte me salvou e foi um meio que me fez conhecer muitas pessoas incríveis”, contou a paratleta, que já superou tumores na cabeça, no intestino e um derrame.

Outro que contou sua história foi Gilberto Donizeti, da seleção brasileira de handebol em cadeiras de rodas, campeão brasileiro e mundial pela seleção. “Existem coisas que são oportunidades únicas. O grande problema não está na pessoa com deficiência, o problema está dentro da casa. A pessoa precisa desenclausurar”, contou ao lado da ex-ginasta Laís Sousa, que ficou tetraplégica enquanto treinava para competir nas Olimpíadas de inverno no esqui.


Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

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