Paralimpíadas impactam busca pelo esporte e mais inclusão em Ribeirão Preto
Atletas comentam o sonho de disputar grandes competições; esporte pode ser um importante agente na transformação social e da autoestima da pessoa com deficiência
As Paraolimpíadas vão além da competição esportiva, elas atuam como um poderoso agente de mudança social. O evento não só celebra o talento e a determinação de atletas com deficiência, mas também impulsiona a inclusão e a conscientização em todo o mundo. O Brasil tem mostrado mais uma vez, sua força nos desportos paralímpicos nestas Paraolimpíadas de Paris. O desempenho dos paratletas brasileiros tem sido cada vez melhor. Nos jogos Paraolímpicos de Tóquio 2020, o Brasil alcançou um recorde ao conquistar 22 medalhas de ouro, totalizando 72 medalhas: 22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze.
Para atletas amadores com deficiência, as Paralimpíadas servem como uma poderosa fonte de inspiração e motivação. A visibilidade e o sucesso dos atletas paralímpicos de elite encorajam aqueles que estão começando suas jornadas esportivas. “As paralimpiadas representam para mim superação, porque além da deficiência visual, eu tenho uma limitação nas articulações do corpo, devido a um problema de artrite juvenil. Então para mim, ser um atleta paralímpico é uma maneira de mostrar força, resiliência para continuar competindo. Além de mostrar que as pessoas com deficiência conseguem fazer o que quiser, independentemente de qual obstáculo que seja”, explica Paulo Victor da Silva, atleta paralímpico de atletismo de Ribeirão Preto.
Para Marco Antônio Almeida, atleta da Federação Brasileira de Deficientes Visuais, um dos principais efeitos das Paralimpíadas é a quebra de estereótipos negativos associados à deficiência. Ao mostrar atletas com deficiência competindo em um nível internacional e realizando feitos extraordinários, os Jogos desconstroem a ideia de que a deficiência limita a capacidade. “Precisamos da visibilidade para acabar com esse preconceito e as Paralimpíadas proporciona isso para quem vê de fora. É importante que estas pessoas entendam mais sobre o desporto e possa ver do que somos capazes, mesmo com deficiência”, ressalta.
Marco Antônio e Paulo Victor, são atletas menores de 18 anos, com deficiência visual e fazem parte da Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e Região (Adevirp). Na associação eles conseguem o suporte para treinamentos, disputa de campeonatos e principalmente, onde alimentam o sonho de um dia disputarem uma paraolimpíada representando o Brasil. Marco Antônio vem se empenhando para poder disputar a próxima edição dos jogos paralímpicos, em 2028, que será sediada em Los Angeles. “Meu grande sonho é esse, chegar lá e falar que consegui, graças a Adevirp, meus pais e todos que me ajudaram nesse processo. Minha meta é chegar no Brasil com a medalha e mostrar para todos que sou medalhista paraolímpico”, almeja Marco Antônio.
APOIO PROFISSIONAL
O professor José Eduardo Costa de Oliveira, profissional de educação física e presidente do Conselho Municipal de esportes e Lazer de Ribeirão Preto, atribui o bom resultado dos atletas paraolímpicos ao investimento no esporte no País. “Um dos fatores principais para o Brasil ter se destacado neste momento, é que existe um projeto funcionando há muito tempo para paradesporto. Aqui em Ribeirão Preto existe um centro de referência paralímpica na USP, e eu acho que tudo isso veio a contribuir e inserir estes atletas e proporcionar que eles mostrassem um pouco mais do seu potencial”, explica Oliveira.
A educação física desempenha um papel fundamental na formação e no desenvolvimento de atletas, mas sua importância se torna ainda mais evidente no contexto dos atletas paralímpicos. Para esses atletas, a educação física não é apenas uma parte do treinamento, mas um componente crucial que pode determinar o sucesso e o bem-estar geral. “O papel do profissional de educação física é muito importante. O trabalho começa desde a inclusão dessas crianças no esporte em geral, para depois ser transferido para o esporte paralímpico, seja ele profissional ou amador”. Para Oliveira, o profissional de educação física deve dominar os aspectos biomecânicos, anatômicos, fisiológicos, psicológicos e também didáticos e metodológicos, para que ele exerça o seu papel de transformação na vida do atleta.
Atletas de ponta e que almejam disputar grandes competições também precisam de acompanhamento com fisioterapeutas. Maria Costa, fisioterapeuta especializada em esportes paralímpicos, explica como sua profissão é crucial para o sucesso dos atletas. “A fisioterapia vai além da recuperação de lesões. Ela é fundamental para otimizar o desempenho e a resistência dos atletas”, destaca. Ela também observa que as Paraolimpíadas têm incentivado avanços significativos na área da fisioterapia, promovendo inovações que ajudam atletas com deficiência a alcançar novos patamares. “A presença das Paraolimpíadas faz com que mais recursos e pesquisas sejam direcionados para a fisioterapia adaptativa”, afirma Maria.
“Todo atleta por depender de seu corpo em qualquer esporte, ao se lesionar, tem suas emoções abaladas com a expectativa de volta rápida, mas nem sempre isso acontece. Por isso, o fisioterapeuta além de cuidar do corpo, tem uma forte abordagem na questão psicológica do atleta”, explica Marcelo Nicoleti, fisioterapeuta desportivo. Para Nicoleti, com o avanço da tecnologia, a fisioterapia para atletas paralímpicos começou a se beneficiar de novos equipamentos e técnicas. Esses avanços permitiram uma abordagem mais precisa e personalizada para a reabilitação e o treinamento. “Hoje é imprescindível em uma equipe ter seu departamento de fisioterapia que irá monitorar e cuidar das questões clínicas dos atletas paraolímpicos, visando sempre o bem-estar e prevenção de lesões destes atletas”.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil