Paratleta da região busca doações e patrocinadores

Paratleta da região busca doações e patrocinadores

Campanha "Mãodala Jéssica!" pretende levar a atleta para a Copa do Mundo de Paraciclismo em maio

A entrevista com a paratleta jaboticalense, Jéssica Moreira, foi interrompida por algumas horas, porque ela precisava ir para o segundo treino do dia – e o relógio não havia chegado às 15h.

Jéssica, contudo, percorreu um longo caminho antes de ser uma das melhores praticantes de handbike do Brasil – modalidade onde o participante corre em uma bicicleta adaptada, “pedalando” com as mãos.

Até novembro de 2013, Jéssica colecionava outros títulos em sua parede. A atleta se formou administração, com especializações em Gestão de Pessoas e Marketing Esportivo. Trabalhava na Zona Sul de Ribeirão Preto e levava uma vida normal.

Contudo, um grave acidente de carro mudou os rumos da sua vida. O diagnóstico era assustador, a jaboticalense estava com doze parafusos e três hastes nas costas, uma preocupante lesão medular e a perda da função de vários órgãos. O acidente havia deixado Jéssica com um quadro de paraplegia completa e irreversível.

Durante todo o ano de 2014, ela, que trabalhava como instrutora em uma empresa de estágios, participou de sessões de reabilitação. Sempre ouvindo a dolorosa afirmação de que nunca mais iria voltar a andar.

Porém, enquanto estava na clínica de reabilitação Lucy Montoro, lhe disseram que seu porte e sua disciplina poderiam lhe render bons resultados como paratleta. Jéssica que já havia feito atletismo na adolescência estava longe dos esportes há mais de dez anos e foi relutante a princípio.

Foi por insistência dos pais, que a moça acostumada aos escritórios começou a treinar e se tornou uma das maiores atletas de handbike do Brasil.

Os títulos acadêmicos na parede hoje foram ultrapassados pelos de handbike. Além dos diversos prêmios e pódios em competições nacionais, ela possui outras conquistas. A atleta é a primeira mulher cadeirante a concluir uma prova de 100 km no Brasil usando uma handbike. E também foi a primeira mulher cadeirante a percorrer um circuito de cicloturismo no País.

Novos desafios

A vida de Jéssica é uma sucessão de desafios e conquistas e atualmente não é diferente. A falta de patrocínio é um dos principais obstáculos na carreira da atleta. Nem as Paraolimpíadas do Rio animaram os patrocinadores. "Sinceramente não sinto mudança nenhuma desde as Olimpíadas. Enviei dezenas de e-mails para pedir patrocínio e só recebo retorno negativo", revela Jéssica.

Ela também conta que atualmente só recebe o Bolsa Atleta do Governo Federal, mas o benefício é de R$ 945, o que não é suficiente para cobrir as despesas de viagens e equipamentos de um atleta de alto nível.

E é neste ponto que a jovem paratleta conta com o apoio e solidariedade de todos. Jéssica criou a campanha “Mãodala Jéssica!”, para recrutar patrocinadores para o seu projeto. A atleta pretende disputar a Copa do Mundo de Paraciclismo que acontece em maio, com fases na Itália e Bélgica.

Somente a bicicleta de carbono adaptada para a competição custa quase R$ 19 mil. "Atualmente das três melhores do Brasil, somente eu ainda estou com bike de alumínio. As minhas adversárias já estão rodando de bike de carbono, e mesmo assim eu ainda estou brigando", explica Jéssica.

Ela ainda explica que precisa dos patrocínios e equipamentos adequados o quanto antes, pois pretende treinar em alto nível para garantir uma vaga nos Jogos Parapan Americanos de Lima, no Peru em 2019, e nas Paraolimpíadas de Tokyo em 2020.

“Maõdala Jéssica!”

A quem tiver interesse em ajudar, Jéssica possui perfis em todas as redes sociais, inclusive um canal no Youtube, no qual tira dúvidas sobre as dificuldades do mundo dos cadeirantes.

"Crei o canal a pedido dos amigos cadeirantes e não cadeirantes. Como falo demais e não tenho vergonha de expor minhas limitações e intimidades, minhas amigas cadeirantes me enviam os maiores tabus que elas enfrentam.  E daí saiu o canal", comenta Jéssica.

O "Mãodala" pretende arrecadar R$ 70 mil. Contudo, até o momento, mal atingiu 1% da meta. Na página da campanha existem vários pacotes com valores e benefícios diferentes para quem quiser ajudar. 

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Fotos: Divulgação Facebook

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