Quando Sertãozinho foi Brasil nas Olimpíadas
Sertãozinho é conhecida como a capital brasileira do Hóquei

Quando Sertãozinho foi Brasil nas Olimpíadas

Nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, a seleção brasileira desembarcou na Espanha com seis atletas da cidade

Aos 62 anos de idade, o espanhol Juan Antonio Samaranch, reconhecido presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), realizou um sonho, de ver o esporte predileto nas Olimpíadas, e o melhor, dentro de casa, nos Jogos de Barcelona, em 1992.

Samaranch, presidente do COI entre 1980 e 2001, só ingressou na cartolagem por ser praticante do hóquei sobre patins, e ter mudado o panorama do esporte, até então dominado pelos vizinhos portugueses. A partir do momento em que o lendário presidente do COI assumiu as cores de seu país, foram 16 títulos mundiais.

Mas quem se destacou em Barcelona, além dos donos da casa, um dia dividido pelo Tratado de Tordesillas, foi uma outra seleção, que ficou para a parte da vizinha Portugal. O Brasil chegou ao mundial com a uma geração laureada vinda de Sertãozinho, que ganhou o título de Capital do Hóquei.

Do então tricampeão sul-americano de clubes, o Sertãozinho Hóquei Clube foi para Catalunha representar a seleção brasileira, com seis jogadores, além do técnico - Tuca, Marcelo, Flavinho, Mauricio e Caribé, e Vitor Santos, que dividia a função de treinador.

Na primeira fase eles foram muito bem, com campanha inferior apenas à da Espanha. Foram quatro vitórias: 6 a 2 na Holanda, 5 a 3 na Alemanha, 8 a 1 em Angola e 2 a 1 na Austrália, a única derrota foi por 2 a 1 para os espanhóis. Na segunda fase, os bons resultados não se repetiram, e vieram três derrotas, um empate, e uma vitória, e na volta ao Brasil um quinto lugar. O ouro ficou para Argentina, a prata para Espanha, e o bronze para a Itália.

Vitor Santos, hoje presidente do Sertãozinho Hóquei Clube, define a participação olímpica como um sonho, pois foi um dos momentos mais felizes da vida, ainda mais por representar bem o Brasil em duas funções. Vitor é um dos maiores nomes do hóquei sobre patins de Sertãozinho, e em 2016 sentirá o calor das chamas dos jogos novamente, quando carregará a tocha na cidade que levou ao topo do mundo.

O dia do reencontro será o dia 19 de julho, às 7 horas da manhã. Será por apenas 200 metros, que ele quer percorrer com o objeto que o levou à glória, o patins. E serão dias ainda mais especiais, pois justamente neste dia acontece em Sertãozinho o Campeonato Brasileiro de Hóquei, que Vitor acredita que pode ganhar mais destaque pela visita mística.

“Toda movimentação em torno de uma Olimpíada chama a atenção e se eu puder participar de patins seria mais significativo para nosso esporte que foi e acredito que ainda seja tão importante para a história da cidade”, diz Vitor, que mesmo assim reconhece que atenção maior será dada para as modalidades olímpicas.

Além disso, ele tem muito trabalho pela frente, a recuperação do hóquei do Sertãozinho Hóquei Clube, que além de três sul-americanos, guarda na sala de troféus 19 campeonatos brasileiros, 24 campeonatos paulistas, e um vice-campeonato mundial, conquistado em 1992. Porém, hoje a realidade é diferente, tanto que o clube nem conseguiu disputar o último nacional, em Recife-PE, por problemas com a verba, que não foi aplicada no time adulto devido a erros de administração, mas que segundo ele está se normalizando.

“O clube atravessa um momento de transição. Mas, sem querer ser pretencioso, como são-paulino que sou, posso comparar a situação dos dois clubes. O Sertãozinho continua sendo um dos grandes do Brasil e da América do Sul. São momentos, que tenho a certeza, que tanto o São Paulo como o SHC conseguirão reverter”, diz. Audacioso, acredita que em 2017 o Sertãozinho possa voltar brigar por grandes títulos nas quadras.

E a receita para recuperação está dentro de casa. A escolinha do clube conta com 250 crianças e adolescentes, a partir dos quatro anos de idades, “onde fazemos campeonatos internos talvez até mais competitivos dos que participávamos com as categorias de base até no ano 2014 pelo Campeonato Paulista”, garante Vitor.

“Posso afirmar que a tradição do hóquei em nossa cidade está sendo mantida por essa criançada”, projeta Vitor, que ainda assim mantém os pés no Chão, e não quer fazer comparações com a garotada que vai chegar com os grandes nomes da cidade, como Tuca, Caribé, Mauricio, Leopoldo e Sílvio.

“Antigamente largávamos tudo pelo hóquei e para o hóquei, hoje vejo os mais jovens largando o hóquei por causa de tudo, mas isso se deve muito a poucos times existentes no momento com poucos campeonatos e torneios e a falta de dirigentes competentes seja em federações, confederações e até mesmo de clubes”, completa o ex-jogador.


Fotos: Divulgação

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