Sócrates completaria 62 anos nesta sexta-feira, 19

Sócrates completaria 62 anos nesta sexta-feira, 19

‘Sempre ao lado da torcida’ corintiana e botafoguense, amigo acredita que o ídolo apoiaria protestos no estádio

O Corinthians vencia o São Paulo por 1 a 0 no último domingo, 14, quando, no começo do segundo tempo, o árbitro Luiz Flávio de Oliveira chamou o capitão do Corinthians, o zagueiro Felipe, para que pedisse aos torcedores retirarem faixas com dizeres contra a Federação Paulista de Futebol (FPF) e TV Globo, e também pedindo punição para os acusados de desvio de dinheiro da merenda escolar, investigado pela operação “Alba Branca”, da Polícia Civil.

Há 36 anos, situação parecida havia ocorrido com a mesma torcida do Corinthians. Em 1979, a torcida uniformizada Gaviões da Fiel estendeu a faixa: “anistia ampla, geral e irrestrita”, em pleno Estádio do Morumbi, em um clássico contra o Santos, nos momentos derradeiros da Ditadura Militar. Foi um marco para a redemocratização do País.

Em campo, a camisa 8 do alvinegro da Capital era envergada por Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, que, se estivesse vivo, completaria 62 anos de idade nesta sexta-feira, 19.

Hoje, o que pensaria o ex-jogador sobre a atitude da torcida, e também, do capitão corintiano? O músico Roberto Bueno, um dos melhores amigos de Sócrates tenta adivinhar. “Ele estaria do lado do torcida”, palpita Bueno, que completa: “ele gostava das coisas certas, direitas. Nunca vi pessoa mais honesta. Os torcedores não estavam arrumando bagunça, estavam pedindo justiça, ingresso mais barato. Nada de errado”, explica o amigo, que conviveu por 18 anos com o ex-jogador.

Tempo suficiente para o músico descobrir em Sócrates um poeta, que escrevia letras para suas composições. “Pouca gente sabia disso”, reforça Bueno, que enxergava no ídolo das torcidas de Corinthians e Botafogo uma pessoa muito preocupada com os outros.

“Quando ele foi técnico da Cabofriense-RJ, decidiu levar livros para os jogadores. Eu o ajudei a encher o porta-malas do carro dele com os livros de sua própria biblioteca. Isso foi muito importante, porque às vezes falam que jogador de futebol não pensa, e ele deu oportunidade para quem ele treinou. Tanto que uma vez estávamos juntos quando ligou um rapaz que trabalhou com ele na Cabofriense agradecendo-o por ter apresentado o mundo da leitura”, conta o músico.

A vitória da torcida

Em tempo, a FPF voltou atrás, e afirmou em nota que não se “opõe a nenhum tipo de manifestação pacífica durante os jogos”, e que “as faixas expostas nos últimos jogos do Campeonato Paulista não feriram esta lei e, assim como qualquer manifestação pacífica, devem ser respeitadas, sem prejuízo ao andamento da partida”, e que nenhuma partida com esse tipo de manifestação deveria ser paralisada.
 

Foto: Arquivo Revide

Compartilhar: