Startups de Ribeirão Preto usam tecnologia para criarem "superatletas"
Testes já foram realizados em categorias de base de times de futebol e apresentaram resultados positivos

Startups de Ribeirão Preto usam tecnologia para criarem "superatletas"

Empresas apostam em biotecnologia e neurociências para potencializar desempenho físico e cognitivo dos jogadores

Duas empresas do Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto utilizam técnicas de biotecnologia e de neurociências para criarem ferramentas que aumentam a performance física e cognitiva de atletas.

Por meio de teste de DNA, a DGLab faz um mapeamento genético do atleta, que o ajuda a descobrir como aliar os melhores treinos e uma boa alimentação, de acordo com as respostas do organismo. “Os estudos mostram que a forma com que o atleta se alimenta, treina, e outros fatores ambientais influenciam na performance, mas 50% a 66% do resultado está diretamente relacionado com a genética”, conta Rodrigo Caldeira Ramos, desenvolvedor de negócios da empresa.

Inédito no Brasil para fins esportivos, os testes DNAFit têm origem na Europa e já foram aplicados em mais de 50 mil pessoas, inclusive em jogadores de grandes times do futebol europeu, como os da Premier League inglesa. “Com o relatório em mãos, o atleta, com o seu treinador, pode definir qual o melhor treinamento e a melhor forma de nutrição para obter os desempenhos desejados”, diz.

A tecnologia esteve presente, inclusive, nos gramados russos na Copa do Mundo de 2018. O Egito, do craque Salah, que voltou a disputar o torneio depois de 28 anos, utilizou os testes na preparação. “O objetivo foi buscar o aperfeiçoamento dos atletas. E os resultados foram positivos, já que o Egito ficou quase três décadas sem competir em uma Copa”, avalia Ramos

Resultados no passado

Considerado o primeiro "jogador de laboratório" no Brasil, o ídolo do Flamengo, Zico, passou por diversos testes e treinamentos específicos no passado.  Quando chegou à Gávea, com 14 anos, Zico pesava cerca de 40 quilos e causou desconfiança no time por ser muito franzino. Ao lado do preparador físico José Francalacci, o camisa 10 do Flamengo ganhou 17 cm e quase 30 quilos em sete anos. 

Os resultados com o jogador serviram de exemplo para muitos outros preparadores físicos de todo país. Eles provaram que a tecnologia aliada ao futebol pode gerar ótimos frutos. Porém, o que foi feito com Zico ainda é pouco se comparado ao trabalho proposto pelas startups ribeirãopretanas.

Milton Ávila, diretor executivo da Sensorial Sports, explica que, até a década de 80, imaginava-se que as tomadas de decisões eram realizadas em uma área específica do cérebro, o que é incorreto. “Hoje se sabe que nós decidimos quando diferentes áreas trocam informações e entram em consenso sobre a melhor escolha”.

Por isso, treinar o cérebro para dar a melhor resposta possível é, na opinião do empreendedor, o futuro do esporte. “Usar técnicas de neurociências, unidas à biotecnologia, é uma tendência mundial. Acredito que, em cinco ou dez anos, essas técnicas, que estão sendo desenvolvidas de forma pioneira em Ribeirão Preto, estejam em uso em todos os times da série A no Brasil e se tornem indispensáveis”, aposta.

O empreendedor conta que os primeiros testes foram feitos com o time Sub-17 do Palmeiras, em São Paulo. A empresa dividiu os jogadores em três grupos, aplicando cinco medidas de capacidades cognitivas fora de campo. “Os atletas que fizeram parte do grupo experimental participaram de duas sessões semanais de 35 minutos, durante cinco semanas. Eles utilizaram óculos de realidade virtual e foram expostos a estímulos que demandavam rápida reação, tomada de decisão eficiente, utilização de visão periférica e capacidade de perceber os movimentos de uma cena dinâmica, elementos chaves para uma boa performance no futebol”.

Com o treinamento constante do cérebro, continua Ávila, “foi possível perceber que os atletas submetidos ao processo apresentaram um aumento geral de performance cognitiva (7%) bastante influenciado pelo aumento da atenção (14%)”.

A melhora somente ocorreu no grupo treinado pela startup. E esses resultados impactaram na prática dos atletas. Segundo o diretor, o grupo treinado foi 20% mais efetivo nas ações ofensivas dentro de campo quando comparado aos demais. Para ele, verifica-se então a transferência do treinamento para a prática esportiva. “Afinal de contas, este é o objetivo final: treinar o cérebro para expandir as capacidades e impactar a performance na prática”, finaliza.

Com informações da Assessoria de Imprensa da USP


Foto: Pixabay

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