Cidade resiliente
Ribeirão Preto chega aos 166 anos como um importante polo econômico, mas com muitos desafios a serem superados

Cidade resiliente

Superando os efeitos da crise, Ribeirão Preto chega aos 166 anos com uma economia pujante, impulsionada por marcas resilientes que proporcionam retorno financeiro e a longevidade dos negócios

Ribeirão Preto chega aos 166 anos de história como uma das principais cidades do interior paulista. Em 2021, o município em 28º lugar no Ranking Connected Smart Cities. O estudo mapeia os municípios com mais de 50 mil habitantes no país a partir de 75 indicadores de 11 diferentes temas, como mobilidade urbana, tecnologia e inovação, empreendedorismo, saúde, entre outros. O levantamento identifica os municípios com maior potencial de desenvolvimento considerando o conceito de “Conectividade”, que envolve a aplicação de diferentes tecnologias de solução urbana e a integração entre os diferentes segmentos da cidade. Entre os 677 municípios ranqueados pelo levantamento, Ribeirão Preto está em 33º lugar no indicador de Saúde, 37º em Tecnologia e Inovação, 40º em Urbanismo, 45º em Educação, além de 50º lugar em Empreendedorismo e em Mobilidade. Apesar dos avanços, Ribeirão Preto está longe de ser uma cidade perfeita. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 28% da população de Ribeirão Preto vive com menos de meio salário mínimo por mês, o equivalente R$ 600. Apesar disso, no acumulado geral, o PIB per capita gira em torno de R$ 52 mil ao ano, cerca de R$ 4.300 por mês. Descontando a população na linha da pobreza, fica claro que Ribeirão Preto, assim como o restante do país, vive uma profunda desigualdade social, com alta concentração de renda.

 


Na avaliação de Sandro Scarpelini, diretor presidente do Supera Parque, a cidade venceu um período de estagnação e tem se destacado como grande polo de inovação. “Nossa cidade, infelizmente, ficou estagnada nos últimos 20 anos. De 2017 para cá, começou a correr atrás do prejuízo e temos conseguido avançar bastante. Tivemos um crescimento rápido para vencer o tempo perdido e queremos avançar mais. Temos as condições, pois já somos um polo de Saúde, de Agronegócio, de Tecnologia da Informação, então podemos juntar tudo isso e dizer que somos um grande polo de inovação em todas as áreas da atividade humana”, ressalta Scarpelini que foi secretário municipal de Saúde entre 2017 e 2021. Sobre o ambiente de inovação, o presidente do Supera destaca que a cidade tem recebido investimentos públicos e privados, mas ainda precisa ampliar o espaço para receber novas startups. “Hoje, temos 95 startups instaladas no Supera. O nosso problema é a falta de espaço. Temos que selecionar para receber mais startups, porque a gente não pode aceitar todas que quiserem. É preciso mais espaço. Além do Supera, que é uma associação da USP com a Prefeitura de Ribeirão Preto, temos entidades privadas vindo para cá e grandes empresas que têm investindo em inovação”, detalha. 

 


De acordo com o prefeito Duarte Nogueira (PSDB), Ribeirão Preto já é uma das principais cidades do estado de São Paulo e, devido suas características, com destaque para o turismo, pode ser considerada um grande polo de atração socioeconômica. “É um lugar que atrai toda a vizinhança para estudar, para se tratar com a medicina, para fazer compras e passear. Isso faz com que nosso potencial imobiliário possa comercializar, anualmente, cerca de R$ 1,5 bilhão em novos investimentos na cidade”, destaca o prefeito.  Para o gerente comercial da Perplan Urbanização e Empreendimentos, Gustavo Pereira, um conjunto de fatores torna o investimento em Ribeirão Preto extremamente atrativo. “Ribeirão é uma cidade que contém de tudo, uma cidade bem planejada, pouca violência, IDH altíssimo e todos os indicadores da cidade são altos no que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento”, explica Pereira. O sócio diretor da Bild Desenvolvimento Imobiliário, Thiago Faraco, argumenta que um dos fatores que sustentam a força econômica da cidade, é qualidade e experiência dos agentes que atuam no setor imobiliário, entre construtores, incorporadores e empresas de loteamento. “Ribeirão Preto é uma cidade que tradicionalmente respira novas oportunidades e empreendedorismo. Isso contribui para que se mantenha sempre relevante regional e nacionalmente”.  Para Faraco, com o pior da pandemia para trás, a atividade econômica da cidade aos poucos se normaliza. “Isso já é motivo de sobra para comemorar o aniversário da cidade”, acrescenta. 

 

 

POLO DE SAÚDE 

 


Desde a década de 1950, Ribeirão Preto tem ganhado destaque na área da saúde e, atualmente, se tornou um polo nacional.  Para Ribeirão, os grandes investimentos na saúde pública e privada são atrativos para pessoas de todo o país. “Muita gente de fora vem estudar, fazer pós-graduação. Pessoas que ficaram por aqui durante alguns anos e depois vão embora sempre levam uma visão boa da cidade”, afirma Scarpelini. Devido à boa experiência, Ribeirão Preto se tornou uma das primeiras opções para o atendimento de casos graves em todo o Brasil, como foi o caso das gêmeas siamesas unidas pelo crânio que vieram do Nordeste para realizar a operação. “Ribeirão Preto é referência no público, na pesquisa e na assistência, pelo HC, pela rede da Santa Casa e pela Beneficência Portuguesa, e no privado também”, pontua Scarpelini.

 


Marcelo Di Bonifacio, superintendente da Santa Casa de Ribeirão Preto, destaca que hospital está intimamente relacionado com o desenvolvimento da cidade. “A Santa Casa de Ribeirão Preto cresce no sentido da modernização de sua infraestrutura e da oferta de melhores condições de prestação de serviços aos seus usuários, priorizando a qualidade assistencial. Estes aspectos de crescimento são relevantes na medida que a cidade também procura oferecer o melhor à sua população, sendo a estrutura hospitalar qualificada uma forte aliada para a preservação da saúde e da vida, levando segurança e satisfação para quem precisa”, explica o médico. Ainda segundo o superintendente, o maior desafio do setor na cidade é oferecer uma estrutura própria que suporte a demanda das unidades de urgência e emergência, cobrindo especialmente as doenças mais graves, onde leitos de alta complexidade são constantemente utilizados. “Observamos uma demanda cada vez maior nas unidades de urgência e emergência da rede SUS e também naquelas que atendem pacientes do sistema suplementar e privado. Esta situação causa sérios problemas que atingem desde os pacientes e, em especial, familiares e os profissionais de saúde que se sobrecarregam física e emocionalmente. Vencer esta situação é o maior desafio, não somente para Ribeirão Preto, como também para todos os municípios que são referências no país”, avalia Di Bonifacio.

 


Entre os motivos que tornam Ribeirão Preto um polo em saúde, a presença de quatro faculdades de medicina agigantam o currículo do município. Esses centros de ensino fazem da cidade um centro formador de especialistas, além da produção de pesquisas que fornecem conhecimentos e soluções benéficas na área. “Tão competente na área de formação profissional quanto na de pesquisas, Ribeirão se destaca no cenário nacional da saúde por oferecer excelentes unidades de atendimento, além de empresas e indústrias na área da saúde com reconhecimento nacional. Estas competências e fomentos encontrados em Ribeirão Preto fizeram com que se instalassem diversas Startups na cidade, tornando-a ainda mais expressiva no setor de saúde, por meio de inovações, pesquisas e novos negócios”, completa Bonifácio. 

 

MOBILIDADE URBANA


Em maio deste ano, o Programa Ribeirão Mobilidade recebeu o Prêmio InovaCidade 2022, do Instituto Smart City Business América, premiação que reconhece iniciativas voltadas para o desenvolvimento da cidade e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. O Programa é um ambicioso projeto que realiza mais de 30 obras de intervenção viária, entre elas, 11 corredores de ônibus que percorrem as principais avenidas da cidade, e conta com investimento total de aproximadamente R$500 milhões. Segundo o prefeito, a expectativa é de que todo este conjunto de obras em andamento sejam concluídas até o final de 2024. “Uma coisa que acreditamos ser bastante virtuosa neste investimento, é tirar veículos individuais das ruas, sejam carros ou motos, desde que possamos oferecer para essas pessoas um sistema de transporte acessível com preços compatíveis com a modicidade, e com boa qualidade”, diz Nogueira. 

 

RIBEIRÃO EM NÚMEROS

 

RIBEIRÃO PRETO
População: 720.116
Homens: 48,1%
Mulheres: 51,9%

Por faixa etária
0 a 14 anos: 17%
15 a 29 anos: 20,5%
30 a 59 anos: 45,5%
60 e mais: 17%

 

Saúde
Médicos por mil habitantes: 4,8
Enfermeiros por mil habitantes: 2,1
72,7% dos médicos da cidade atendem a rede SUS

 

Economia
Salário médio mensal dos trabalhadores formais: 2,8 salários mínimos 
População ocupada: 39,5%
PIB da cidade: R$ 35,3 bilhões 
PIB per capital: R$ 52.267 (anual)
Orçamento público (2022): R$ 3,7 bilhões

 

Agronegócio
Produção
Cana-de-açúcar: 90,1%
Amendoim: 4,5%
Milho: 1,9%
Soja: 1,4%
Leite: 0,5%
Mandioca: 0,4%
Café arábica: 0,4%
Outros: 0,8%

Rebanho
Galináceos: 64,4%
Bovino: 17,2%
Codornas: 8,6%
Equino: 4,6%
Ovino: 3,3%
Suíno: 1%
Caprino: 0,6%

 

EDUCAÇÃO / IDEB
Rede estadual
4º e 5º ano (2019): 6,3
Meta para 2021: 6,7

3º ano do ensino
médio: 4,1
Meta para 2021: 4,0

Rede municipal
4º e 5º ano (2019): 6,0
Meta para 2021: 6,7

8º e 9º (2019): 4,8
Meta para 2021: 6,1

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