Apenas um de cada quatro imóveis no Centro de Ribeirão Preto tem árvore na fachada, aponta pesquisa

Apenas um de cada quatro imóveis no Centro de Ribeirão Preto tem árvore na fachada, aponta pesquisa

Projeto da Associação Comercial e Industrial aponta principais desafios para ampliar arborização na região central da cidade

Apenas 23,3% dos imóveis do Centro de Ribeirão Preto têm árvores na fachada. É o que aponta o Projeto Requalifica Ribeirão, iniciativa da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) em parceria com o Instituto Paulista de Cidades e Identidades Culturais (IPCIC).


A pesquisa, que compilou desafios e oportunidades para a região Central, aponta que menos de um em cada quatro casas da região possuem árvore plantada em frente, com distribuição desigual entre os quadrantes.


"Queremos um centro que una história, comércio e natureza. A arborização não é apenas estética: é um investimento na qualidade de vida de todos que frequentam ou moram no coração da cidade", afirma Sandra Brandani, presidente da Acirp

 

Mapeamento


O estudo identificou maior concentração de vegetação arbórea nas áreas Sul e Leste do centro, regiões com predominância de uso residencial. Já o quadrante Noroeste, onde está o Calçadão e a maior parte dos prédios históricos e comerciais, apresenta a menor presença de árvores. A menor concentração está entre as avenidas Francisco Junqueira, Jerônimo Gonçalves, as ruas Álvares Cabral e Florêncio de Abreu.


A pesquisa também destacou que 61,1% dos lotes possuem vasos ou canteiros de plantas, enquanto 36,5% das calçadas têm matos ou ervas daninhas, indicando oportunidades para melhorias na manutenção e no paisagismo.


Segundo os relatores do IPCIC, a arborização tem importância estratégica para revitalização da zona central, pois as árvores podem reduzir a temperatura urbana em até 8ºC, contribuindo para tornar o centro mais convidativo à circulação e permanência de pedestres. "Este aspecto é de fundamental importância para uma região comercial de uma cidade quente e que sofre a concorrência com os espaços climatizados”, dizem os autores.

Desafios e oportunidades


Mais da metade dos entrevistados pelo estudo Acirp/IPCIC se mostrou insatisfeita ou muito insatisfeita (59,6%) com a quantidade de árvores. Também documentou que 68,7% das bocas de lobo estão em condições ruins, impactando a drenagem e a saúde das raízes.

 

O conflito entre vegetação e fiação aérea em 11,6% dos lotes é outro tópico que deve exigir intervenções técnicas. Além disso, a região central enfrenta problemas como calçadas desniveladas (48,9%) e acúmulo de lixo (16,2% dos lotes), fatores que dificultam o desenvolvimento saudável da vegetação.

 

Próximos passos


Desenvolvido para resgatar o Centro da cidade do abandono, o Requalifica é dividido em quatro eixos: Inteligência, Patrimônio Histórico, Urbanismo e Verdejamento e  Eventos (Cultura e Lazer). A arborização integra as estratégias para tornar a região mais sustentável e atrativa e está inclusa neste último tópico.


Entre as estratégias previstas estão: plantio de espécies nativas em áreas prioritárias, como o entorno da Praça XV e do calçadão; parcerias com instituições para manutenção contínua de canteiros e vasos e campanhas de conscientização com moradores e comerciantes sobre a importância da preservação.

 

Sobre o Projeto Requalifica Ribeirão


O projeto Requalifica Ribeirão, conduzido pelo IPCIC a pedido da Acirp, tem feito no último ano o mapeamento de dados econômicos, urbanísticos e sociais da região central da cidade para orientar estratégias de recuperação da área. A etapa de pesquisa em campo foi realizada entre maio e junho de 2024 e divulgada parcialmente no segundo semestre do ano passado. O relatório detalhou imóveis e aparatos urbanos. Também entrevistou usuários da região, incluindo empresários, trabalhadores e moradores. O documento final possui 154 páginas e seus temas serão divulgados e discutidos pela Acirp ao longo de 2025. O primeiro evento da próxima etapa do projeto, o 1º Fórum Requalifica Ribeirão, aconteceu no último dia 18 e trouxe um debate com o arquiteto Paulo Kawahara, especialista em urbanismo planejado


Foto: Guilherme Sircili / Prefeitura de Ribeirão Preto

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