Biólogos criticam declarações de ativista sobre elefantas no bosque Fábio Barreto

Biólogos criticam declarações de ativista sobre elefantas no bosque Fábio Barreto

Segundo zoo de Ribeirão Preto, ativista Luiza Mel não entrou em contato com nenhum responsável pelos animais 

Na última semana, o Bosque Zoológico Municipal Fábio Barreto divulgou mais um passo na junção das elefantas Mayson e e Bambi. Porém, o que foi uma conquista para os biólogos do zoo de Ribeirão Preto não agradou a todos. Luiza Mel, uma famosa ativista da causa animal, publicou em sua conta de instagram um pedido de "socorro" para as elefantas.

A ativista alega que os animais estão sendo explorados em prol do entretenimento dos visitantes. "Caputrada da natureza, explorada, humilhada e abusada pelo Circo Stancowich durante quase toda sua vida. Quando foi resgatada pelo Ibama estava neurótica, estressada... foi levada para um Zoo em Lema e depois transferida para o Zoo em Ribeirão Preto.  para continuar a entreter as pessoas. Está definhando a cada dia", escreveu Mel.

A ativista ainda marcou o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e solicitou que seus seguidores o pressionassem. A postagem ainda teve o apoio de celebridades como o padre Fábio de Melo e a atriz Paula Burlamaqui.

Luiza Mel também criou um abaixo-assinado pedindo a transferência das elefantas para o Santuário de Elefantes Brasil, na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. "É conhecida a inabilidade dos zoológicos em preservar o bem estar dos animais que lá vivem, estes locais são incapazes de reproduzir o habitat desses animais [...]. O Santuário de Elefantes Brasil tem real capacidade para arcar com a transferência e proporcionar uma vida em liberdade com assistência especializada", escreveu.

A direção do Zoo Fábio Barreto informou que a ativista, em momento, algum entrou em contato com a direção do bosque para saber as condições do animal.

As elefantas e o Bosque 

O Bosque Fábio Barreto possui dois exemplares de Elefante-asiático. A primeira chamada Mayson chegou em 2011 doada pelo Circo Kronner e hoje tem idade aproximada de 48 anos. A segunda elefanta chamada Bambi chegou em 2014 transferida do Zoológico de Leme, com idade aproximada de 58 anos.

Ambas possuem idade avançada para a espécie, sendo que cada uma possui suas particularidades tanto de comportamento quanto de saúde. Segundo os cuidadores, Mayson é muito acostumada ao convívio humano e necessita da companhia constante de toda a equipe do Zoo por passar grande parte da vida com humanos. Já Bambi chegou em Ribeirão Preto com deficiência visual no olho esquerdo e má oclusão dentária, sendo um animal muito assustado devido ao déficit visual.

“A saúde delas está estável, passam por exames e acompanhamento médico veterinário regularmente. A alimentação é balanceada e adequada à espécie, com dieta baseada em alfafa, capim, cana de açúcar, ração equina e fruta como enriquecimento alimentar. Elas têm água à disposição 24 horas e os alimentos são oferecidos várias vezes ao dia. Chegam a comer entre 100 e 150 quilos diariamente cada uma”, esclarece o médico veterinário e encarregado do Bosque, César Branco.

Sobre uma possível transferência para outro empreendimento, a bióloga Marisa dos Santos, que há 26 anos atua no Bosque Zoo, desaconselha a medida, considerando a idade avançada dos animais e suas peculiaridades, como o caso de Bambi, que é cega de uma vista e tem problemas de dentição.

“Ela passou a vida toda em circo e depois em zoológico. É um animal muito idoso e tem um cuidado especial na sua alimentação, com comida que não seja muito dura para não prejudicar ainda mais sua dentição. Ela se sente segura perto de pessoas. Ser transferida sozinha, nessa idade, sem nenhum tipo de treinamento e ser submetida a uma longa viagem seria fator de estresse muito grande a um animal que está adaptado num lugar, que reconhece seus cuidadores e tem tratamento especial de alimentação. Aqui ela também recebe enriquecimento ambiental com atividades para se exercitar e para agradá-la, uma série de cuidados para o bem-estar animal que talvez se percam num ambiente em que ela se encontre sozinha e venha a sofrer muito”, orienta a bióloga.

Nas redes sociais, um texto assinado por dois funcionários do Bosque também critica as denúncias feitas por Mel a respeito dos zoológicos. "É antigo o conceito de que zoos retiram animais da natureza para exposição. Aqui no Brasil, hoje, zoológicos atuam na reabilitação de animais resgatados, programas de soltura, conservação de espécies e educação ambiental – algo muito importante para conscientizarmos as pessoas sobre acidentes com animais silvestres em estradas, sobre a preservação dos mesmos devido o avanço urbano, sobre poluição e o prejuízo que isso trás pro meio ambiente, entre inúmeras outras coisas", alega o texto dos funcionários.

A direção do Fábio Barreto informou também que com os empreendimentos do Estado de São Paulo, o bosque é fiscalizado pela Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais do Estado de São Paulo (CBRN), Departamento de Fauna (DeFau) e nacionalmente pela Associação de Aquários e Zoológicos do Brasil (AZAB), sendo assim, o local recebe orientações e fiscalizações constantes.

O bosque também informou que segue as recomendações recebidas após vistoria da AZAB em conjunto com um representante da Wild Welfare (Associação internacional de proteção aos animais), para confecção de uma barreira de proteção mais alta e resistente na área que faz divisa com o fosso seco do recinto.  Além da instalação de uma divisória que permite que elas se aproximem com segurança, num primeiro momento, antes do pareamento definitivo. Essa divisória, já permite que elas permaneçam fora dos cambiamentos ao mesmo tempo e durante todo o dia.

"O pareamento delas é importante porque elefantes são animais naturalmente gregários e seu bem-estar foi visivelmente aumentado pela companhia uma da outra", informou o Bosque


Foto: Reprodução Redes Sociais

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