Prefeitura questiona levantamento que aponta contaminação na água de Ribeirão Preto 
Na avaliação do professor Marcelo Pereira, a situação é altamente preocupante independente de quem seja o dono do poço

Prefeitura questiona levantamento que aponta contaminação na água de Ribeirão Preto 

Contaminação por substância cancerígena teria sido identificada em um poço particular da cidade

Em nota divulgada pela Prefeitura de Ribeirão Preto nesta quarta-feira, 23 de março, a administração questiona o levantamento veiculado pela organização Repórter Brasil que aponta contaminação da água da cidade por nitrato, substância cancerígena, entre os anos de 2018 e 2020. 

No informe, a Prefeitura ressalta que os laudos das análises realizadas na água nos pontos de captação foram revisados e entregues pela Secretaria de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Saerp) à Vigilância Sanitária. Na revisão não foi constatado o resultado de contaminação por nitrato acima de 10mg/mL, valor máximo permitido pela legislação vigente. 

“Como não foi identificado o resultado de análise alterado para nitrato na água fornecida pela Saerp no período citado, procedeu-se a verificação das informações inseridas no Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) pelas SACs (Soluções Alternativas Coletivas), sendo constatada falha na transcrição de dados, comprovada através do Laudo emitido pelo Laboratório, o que acreditamos tenha sido utilizado para compor o Mapa da Água divulgado”, diz a nota da Prefeitura de Ribeirão Preto. 

Ainda segundo a nota divulgada, foram requisitados esclarecimentos da organização Repórter Brasil. “Em nota, o site respondeu que se trata de um poço particular, de uma empresa do ramo de bebidas, e, desta forma, não faz parte da rede de abastecimento de água no município. A Saerp reitera a qualidade e segurança da água de Ribeirão Preto e que todos os dados e análises feitos nos poços de abastecimento e reservatórios, são realizadas conforme portaria GM/MS 888/2021, e disponibilizadas no Sisagua”. 

Situação preocupante

Na avaliação do professor do professor Marcelo Pereira de Souza, titular na área de Política e Gestão Ambiental da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), o sistema de abastecimento por água subterrânea na cidade facilita a contaminação. 

“Um fator que considero relevante é o seguinte, nós temos um sistema de abastecimento de água subterrânea em 100% da cidade, muitos poços particulares de loteamentos e atividades econômicas e muitos poços ilegalmente constituídos, ou seja, não regularizados pelas autoridades do Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado (DAEE). O fato de termos muitos poços, facilita a contaminação pelo o que quer que seja e diminui muito a disponibilidade de água subterrânea. Estamos consumindo mais água do que a capacidade natural de recompor o aquífero. A água subterrânea é muito lenta na sua recomposição, ela anda cerca de um metro por ano. Portanto se retirar muita água, vamos ter que esperar 10, 15 anos para recompor essa água.”, alerta o docente. 

Ainda de acordo com o professor Marcelo Pereira, a situação é altamente preocupante independente de quem seja o dono do poço onde a contaminação foi observada. “A presença de nitratos, seja em poço particular ou em poços do sistema público de abastecimento, continua sendo altamente preocupante não apenas pela presença do nitrato, que por si só já seria de grande preocupação, mas porque significa uma fonte evidente de poluição. E se o poço está em área urbana, o grande suspeito é o esgoto. Se é o poço particular ou do Saerp, tanto faz, essa suspeita deve ser prontamente investigada, nada muda neste sentido, seja o dono do posto quem for”, completa Souza.

 

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Foto: Arquivo Revide (Ilustrativa)

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