Repensando o lixo

Repensando o lixo

Dados apontam para necessidade de mudança de hábitos na produção de lixo e coleta seletiva

Em 2022, O Brasil produziu 81,8 milhões de toneladas de resíduos em áreas urbanas, o que representa 224 mil toneladas de lixo por dia. Em média, cada brasileiro gerou 381 kg por ano, ou seja, mais de um quilo de lixo por dia. Os dados são do último Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil, levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) que expõe um tema delicado: a necessidade de repensar os hábitos cotidianos relacionados à produção de lixo. 


A situação fica ainda mais crítica quando a pesquisa analisa cada região do país. O Sudeste, por exemplo, foi o responsável por quase metade – 49,7% – do lixo produzido no Brasil, com mais de 40,6 milhões de toneladas. 


Uma das soluções mais efetivas para diminuir o problema é a adesão à coleta seletiva, como aponta o vereador Marcos Papa. “Coleta seletiva é fundamental para toda cidade que tenha responsabilidade social, ambiental e econômica, uma peça-chave para a sustentabilidade da cidade”, explica Papa, alertando, ainda, que os resíduos são o segundo maior emissor de Gases do Efeito Estufa (27%), segundo o levantamento SEEG Municípios.


Apesar da sua relevância, a coleta seletiva está inativa em Ribeirão Preto, segundo Papa. “Temos apenas uma cooperativa, que recebe 0,3% da coleta geral. Mesmo tendo crescido, temos apenas seis ecopontos para 700 mil habitantes. Estamos bem longe de ser uma cidade lixo zero ou de cumprir metas dos ODS 12 - Consumo e Produção Responsáveis da Agenda 2030 da ONU. Ribeirão está no vermelho no assunto da recuperação de resíduos sólidos urbanos coletados seletivamente. Precisamos melhorar a gestão dos resíduos, além de reduzir a geração de lixo, para que possamos caminhar para uma cidade sustentável e resiliente”, enfatiza.


Atuando há cinco anos na cidade, o Coletivo Lixo Zero Ribeirão Preto realiza um trabalho com o objetivo de mobilizar a sociedade para a reflexão sobre consumismo, não geração e destinação adequada de resíduos sólidos. “O lixo polui a natureza, causa danos aos animais, entope bueiros, causa enchentes, transmite doenças e emite gases do efeito estufa. Na nossa cidade, além do lixo já ser um grande problema, a gestão de resíduos é o segundo setor que mais emite gases do efeito estufa, que impactam diretamente nas mudanças climáticas”, comentam as integrantes do coletivo, Michelle Nahas, Mariah Campos, Marília Vendrusculo, Beatriz Buccioli e Mariana Reis. 


A sensibilização sobre os impactos do lixo na sociedade, para uma mudança de postura do poder público e da população, são a direção a ser seguida, segundo Papa e o Coletivo Lixo Zero. Como fazer isso? “A população pode fazer sua parte aplicando os ‘7Rs’: Repensar, Recusar, Reduzir, Reparar, Reutilizar, Reciclar e Reintegrar”, explica o vereador. 


“É urgente repensar nossos hábitos, a relação com o consumo e o impacto que geramos no mundo individualmente. As empresas podem somar esforços com a população e implantar projetos relacionados ao tema. Se todos fizermos nossa parte, podemos aos poucos transformar esse triste cenário”, afirma. “Sempre reforçamos que a causa ambiental precisa ser pensada em nossa vida pessoal, na sociedade e na política”, complementam as integrantes do coletivo. 


Entre as melhorias propostas para Ribeirão Preto estão: coleta seletiva, apoio e investimento às cooperativas existentes, com EPIs, apoio técnico e financeiro; sensibilização da população, condomínios e empresas; apoio a iniciativas que trabalham com a pauta dos resíduos; penalização para grandes geradores; disponibilização de mais ecopontos em espaços públicos. “É necessário que a pauta de resíduos sólidos seja tratada com a prioridade que ela precisa para pensarmos em um futuro coerente, igualitário e sustentável”, comenta o Coletivo. 

 


Coletivo Lixo Zero realiza um trabalho com o objetivo de mobilizar a sociedade para a reflexão sobre consumismo, não geração e destinação adequada de resíduos sólidos no município 

 

O QUE DIZ A PREFEITURA


A prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria da Infraestrutura informou que os dados de geração de resíduos de sólidos urbanos de Ribeirão Preto, aferidos através da coleta pública municipal, mostram que a geração total no município cresceu a uma taxa anual aproximada de 2,0% no período de 2018 a 2022, o que se encontra alinhado ao crescimento populacional e da malha urbana do município, com pouca variação na geração per capita no período.

 

O comunicado ainda destaca que a prefeitura tem atuado de forma a implementar uma gestão de resíduos sólidos integrada, com a participação de diversos atores públicos e privados. Dentre as principais medidas adotadas pelo município alinhadas a estes princípios, são citadas a implantação do Programa Municipal de Educação Ambiental e dos ecopontos municipais; a ampliação da coleta seletiva porta a porta e pontual; a divulgação dos programas de coleta seletiva e reciclagem e dos acordos de logística reversa implantados no município; a contratação de cooperativa de reciclagem para recebimento dos recicláveis e realização de estudos para implantação de concessão do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos com atendimento ao Planares. 


Foto: Divulgação

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