Rio Pardo, que corta Ribeirão Preto, sofre com poluição desde a nascente
Problema é admitido pela prefeitura do município, que transfere culpa para companhia de esgoto

Rio Pardo, que corta Ribeirão Preto, sofre com poluição desde a nascente

Em Ipuiuna, interior de Minas Gerais, esgoto é descartado no manancial, que é um dos mais importantes na região

A 250 quilômetros de distância de Ribeirão Preto, começa um dos mais importantes rios da região. O Rio Pardo nasce no município de Ipuiuna, no interior de Minas Gerais, de onde se prolonga por 570 quilômetros, até desembocar no Rio Grande.

Embora tenha nascentes no pequeno município de 10 mil moradores, ele sofre desde o começo com um problema enfrentado por rios de grandes cidades: a poluição. Isso porque, o esgoto da cidade é despejado no Rio Pardo, problema admitido até pela prefeitura do município.

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A secretária de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Ipuiuna, Ana Maria da Silva Lima, lamenta a situação, pois a palavra Ipuiuna, nas línguas nativas, significa justamente “Rio Pardo”. A pequena cidade tem sua economia movimentada em razão do turismo, por contar com muitas montanhas, onde são encontradas as nascentes do rio, e da agricultura, com o cultivo da batata.

“A nascente é bem conservada. Mas o rio recebe o esgoto ao longo da cidade, o que já o tem deixado poluído desde o começo. É uma situação difícil, porque conhecemos a importância do Rio Pardo. É meio triste ver esta situação”, lamenta a secretária.

Ana Maria ainda conta que o município trabalha pela preservação das nascentes e que realiza projetos com os alunos das escolas da cidade para conscientizar sobre a importância de sua preservação. Ela diz também que o local é mantido limpo e cercado, para evitar contaminação, entretanto, lamenta que o problema exista em razão do descarte irregular da rede de esgoto.

A secretária culpa a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) pela situação, pois, de acordo com ela, a taxa de tratamento do esgoto é cobrada, entretanto, o serviço não ocorre. “Nós pagamos a taxa para o tratamento do esgoto, porém, nenhum serviço tem sido realizado. Não tem nada”, declara a secretária que diz que os moradores da Ipuiuna questionam a cobrança, e esperam realizar um abaixo-assinado para que o valor não seja mais taxado.

O ambientalista Daniel Tygert diz que o problema do esgoto descartado de maneira irregular no Rio Pardo não se restringe apenas ao município que abriga a nascente do rio. “Há um conflito muito grande com a Copasa, não apenas em Ipuiuna, como aqui em Caldas, e nos municípios do Sul de Minas Gerais”, afirma o ambientalista.

A Copasa foi procurada pela reportagem do Portal Revide para comentar a situação, porém, não respondeu até o fechamento da reportagem. Todavia, no fim do mês de dezembro, a companhia assinou um acordo de cooperação com 14 prefeituras da região Sul de Minas Gerais para unir esforços e propor ações para recuperação dos mananciais e do ecossistema no entorno.


Foto: Leonardo Santos, prefeitura de Ipuiuna e reprodução Google Maps

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