Ataque na França: especialista defende reforço de cooperação internacional

Ataque na França: especialista defende reforço de cooperação internacional

Caminhão avançou sobre multidão e matou mais de 80 pessoas na noite desta quinta-feira, 14, em Nice, no sul da França

O ex-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo de Portugal José Manuel Anes defendeu nesta-sexta-feira, 15, um reforço na cooperação internacional, monitoramento e vigilância para prevenir atentados como o de Nice, que causou a morte de pelo menos 84 pessoas. Mais de 100 ficaram feridas.

No atentado desta quinta-feira, 14, um caminhão avançou sobre a multidão, na cidade do sul da França, durante as comemorações da Queda da Bastilha, um feriado nacional francês. Logo após a ocorrência, a prefeitura do Departamento dos Alpes Marítimos, onde está localizada a cidade de Nice, disse que o motorista do caminhão foi morto a tiros pela polícia.

“Queridos residentes de Nice, o motorista de um caminhão aparentemente causou dezenas de mortes. Permaneçam no momento em casa. Mais informações em instantes”, escreveu o prefeito de Nice Christian Estrosi no Twitter.

A mídia francesa informou que o caminhão bateu nas pessoas enquanto a multidão estava reunida assistindo a um show de fogos de artifício durante o feriado na Paseio dos Ingleses, um ponto turístico muito popular em Nice.

Em entrevista à Agência Lusa, logo após o atentado José Manuel Anes disse que deve haver um esforço de cooperação internacional e de vigilância.

“O dia escolhido para o atentado foi estratégico, uma vez que se trata de um dia simbólico para a França. Os terroristas têm uma predileção pela França e já tínhamos visto isso em 2015”, disse ao lembrar os ataques terroristas do ano passado no país.

Na opinião do especialista em segurança e terrorismo, a escolha de Nice como palco de mais um atentado pode ser explicada pela presença de radicais naquela região do país.

“É uma questão de oportunidade, mas não podemos esquecer que aquela área tem 6% dos radicais de toda a França e quinhentos indivíduos referenciados como jihadistas potenciais”, lembrou José Manuel Anes.

Táticas de ataque

De acordo com Manuel Anes, o método utilizado pode até "parecer humilde" – um caminhão lançado contra as pessoas –, mas não o é.

“Não faz muito tempo, ouvimos o chamado do ministro dos atentados do Estado Islâmico apelar para a diversificação das táticas dos ataques, para não estarem sempre à espera de indivíduos com explosivos”, lembrou.

Para o especialista, ainda pairam dúvidas sobre como o motorista conseguiu circular livremente em uma área onde, apesar de o show de fogos de artifício já ter acabado, ainda estava cheio de gente.

O ex-presidente do observatório lembrou também que este tipo de tática (atirar a viatura contra a multidão) é bastante frequente em Israel.


Foto: Alberto Estevez/Pool/Agência Lusa

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