Jardim Aeroporto: formando empreendedoras
Maria Aparecida da Silva, Josimara Leite e Laira Franciane Moreira dos Santos estão sendo estimuladas a apreender em incubadora

Jardim Aeroporto: formando empreendedoras

Voluntárias de coletivo criam cooperativa para produção e venda de bolo de pote por mulheres do Jardim Aeroporto, no projeto ‘Maria Sai do Pote’

O Jardim Aeroporto conta com ações de solidariedade promovidas por pessoas de dentro e de fora do bairro. Uma delas está extrapolando o assistencialismo para ensinar um grupo de moradoras a empreender. Trata-se do projeto “Maria Sai do Pote”, que prevê a criação de uma cooperativa para produção e venda de bolos no pote.


A iniciativa deriva de ações do coletivo “Todos na Fraternidade”, que começou a prestar assistência emergencial a famílias do bairro durante o recrudescimento da pandemia de coronavírus, em 2021, com distribuição de cestas básicas. “Com o fim da pandemia, não dava para continuar só com o assistencial, porque percebemos que as mulheres precisavam desenvolver independência financeira”, conta a administradora de empresas Juliana Salvetti, que atua como facilitadora no curso de Empoderamento Econômico, criado pelo coletivo em continuidade ao trabalho iniciado com o de Empoderamento Emocional.

 


A confeiteira Camila Martins e a administradora Juliana Salvetti com a caixa personalizada da futura cooperativa 


De acordo com Juliana, os cursos integram esforços dos voluntários em arrumar ocupações profissionais para as atendidas. “Quando começamos a conseguir oportunidades de emprego para elas, percebemos uma alta incidência de não comparecimento às entrevistas; ou elas iam às entrevistas, mas não conseguiam a vaga; ou conseguiam o emprego, mas não se mantinham nele, porque faltava para elas uma série de ferramentas de empoderamento emocional”, lembra.


Para construir essas ferramentas, a psicoterapeuta holística Glória Gomes entrou com seu trabalho voluntário. “Faço um processo de terapia em grupo, no qual vou falando sobre amor-próprio, valorização, autorresponsabilidade”, diz ela. “Desde que começamos esse trabalho, conseguimos um resultado bom. Muitas conseguiram emprego e se fixar nele”, orgulha-se Juliana. Mas como nem todas as atendidas conseguem cumprir os horários fixos, por conta da dedicação aos filhos, por exemplo, o grupo pensou em alternativas de geração de renda e chegou à ideia da cooperativa. O nome, “Maria Sai do Pote”, alude ao objetivo da incubadora social: “queremos que essas mulheres saiam do pote do assistencialismo”, diz a facilitadora.


A primeira providência foi agendar aulas de culinária na casa das líderes comunitárias Rosângela e Josimara Leite, ministradas pela confeiteira Camila Martins. “Ensino um pouco do que sei. No começo vi nelas uma armadura, que formaram com seus trajetos [difíceis] de vida, mas convivendo a gente vai conseguindo vencer camada por camada dessa proteção. Estou com elas há um ano e quando a gente começa a fazer algo que gostam vemos brilho em seus olhos”, conta a voluntária.

 


A psicoterapeuta Gloria Gomes (esquerda) com três das futuras cooperadas e as facilitadoras Camila e Juliana (dir.)


Depois Juliana as ensinou a montar o custo de cada produto. A etapa seguinte foi fazerem fornadas de teste para venda a clientes-beta, que renderam elogios à qualidade do produto. As voluntárias levantaram recursos para embalagens e caixa de isopor – para acondicionar o produto na venda –, personalizadas com o logo do projeto. “A próxima será uma vaquinha para formalizar a cooperativa. Precisamos de auxílio de um advogado e de um contador para redigir os contratos sociais, fazer os ordenamentos necessários das partes jurídica e contábil e, principalmente, elaborar um regulamento interno muito bem amarrado”, acrescenta Juliana. 


Atualmente, o grupo é formado por 13 mulheres e, tudo dando certo, a cooperativa deve começar a funcionar até março, dando novas perspectivas à vida das cooperadas. “Do meu ponto de vista, finanças representam ‘escolhas’ para essas mulheres. Escolha de ficar na comunidade ou não, de continuar com os companheiros ou não, porque elas terão condições de se sustentarem. Isso é liberdade”, conclui. 

 


 

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Fotos: Susanna Nazar

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