Delegado da PF depõe sobre fraudes em licitações do Daerp
Ex-superintendente diz que é inocente e que não pode responder por crimes que teriam sido cometidos por subordinados

Delegado da PF depõe sobre fraudes em licitações do Daerp

Começaram nesta segunda-feira,6, os depoimentos das testemunhas de acusação sobre os esquemas da autarquia investigados na Sevandija

Começou nesta segunda-feira, 6, no Fórum de Ribeirão Preto, os depoimentos das testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público no caso de fraudes no Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), descobertas pela Operação Sevandija.

Foram ouvidos o delegado da Polícia Federal Flávio Reis e o agente Roni Pires, que confirmaram as informações fornecidas pelo ex-diretor técnico do Daerp, Luiz Mantilla, que realizou a colaboração premiada junto ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

O delegado Flávio Reis, que presidiu a equipe que realizou as investigações, informou que o ex-superintendente do Daerp e secretário de Administração, Marco Antonio dos Santos, teriam recebido propina para realização de um acordo de perfuração de poços em Ribeirão Preto, como foi divulgado na época da deflagração da operação.

Além disso, Reis apontou que as suspeitas foram confirmadas por Mantilla, que disse em depoimento ao Gaeco ter achado estranho o desconto dado a empresa vencedora da licitação de apenas 5%, enquanto o valor poderia ter chegado a 25%. “Essa diferença poderia ser paga em propina”, apontou o delegado.

O dinheiro seria pago por meio de uma terceira empresa, a Quíron, que teria como principal cliente a Aegea, que fez o acordo com o Daerp. Assim, a Quíron repassava o dinheiro para a empresa Vlomar Engenharia, de propriedade de Mantilla, que sacava esse dinheiro e realizava o pagamento da suposta propina para Marco Antonio.

A defesa de Marco Antonio nega que o cliente tenha recebido a suposta propina, e afirma que ele não poderia ser acusado por um crime cometido por subordinados, no caso Mantilla, que fez a delação. Em junho de 2016, o ex-diretor técnico foi flagrado por uma fiscalização da Polícia Rodoviária portando R$ 40 mil, e a suspeita é que esse dinheiro seria entregue a Marco Antonio.

Os advogados do ex-superintendente afirmam que ele não recebeu a quantia. Quanto ao pacote com dinheiro encontrado na casa dele no dia da deflagração da operação, em 1º de setembro, a defesa aponta que seria de uma suposta herança recebida pela esposa do ex-secretário de administração.

O dinheiro estaria em casa, pois Marco Antonio estava com a conta corrente bloqueada em razão de problemas judiciais envolvendo uma antiga empresa do qual ele foi sócio. O delegado ainda disse que um novo inquérito foi aberto para apurar a evolução bancária do ex-secretário.

Já a Aegea, nega qualquer recebimento indevido em relação ao contrato que mantém com a autarquia e diz que contratou auditorias externas para analisar o caso. Um dos conselheiros da empresa, José Carlos Amin, foi um dos detidos pela Operação Sevandija. Por nota, a empresa diz que atua com a integridade e transparência que sempre a orientaram.


Foto: Arquivo Revide

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