Em depoimento, Walter Gomes chora e se recusa a responder perguntas do MP
Walter Gomes diz que “acusações são absurdas”, mas confirma indicação de funcionários

Em depoimento, Walter Gomes chora e se recusa a responder perguntas do MP

Ex-presidente da Câmara de Ribeirão Preto respondeu apenas questionamentos do juiz e de advogados

O ex-vereador Walter Gomes, investigado pela Operação Sevandija, se negou a responder perguntas feitas pelo Ministério Público em depoimento nesta terça-feira, 31, no Fórum de Ribeirão Preto.

O ex-presidente da Câmara Municipal respondeu apenas os questionamentos feitos pelo juiz da 4ª Vara Criminal, e admitiu a prática de indicações políticas de funcionários para atuarem como terceirizados, mas negou que seria em troca de apoio à projetos da Prefeitura.

Ao longo do depoimento, Walter Gomes chorou perante o juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, e afirmou que as acusações contra ele são todas falsas, e assim como outros ex-vereadores investigados pela operação, disse que a Sevandija teve fins eleitorais.

“Nunca cometi um ato ilícito, a não ser que eu não soubesse que era errado. Tanto, que nunca tive problema em ganhar eleições”, declarou o ex-vereador, que está preso desde dezembro de 2016.

“As acusações são infundadas. Absurdas. Minha vida não pode ser jogada no lixo por infâmia, por atos que não cometi”, concluiu o Walter Gomes que ao longo das 2h30 de depoimento se negou a dizer quais eram seus vencimentos, se delimitando dizer que os valores estão declarados no Imposto de Renda.

Walter Gomes ainda se negou a responder mais de 60 perguntas preparadas pelo Ministério Público, representado na audiência pelo promotor Walter Alcosa. “Não quero responder o Ministério Público porque eles causaram sérios problemas na minha vida. Não quero ser indelicado”, declarou o ex-vereador que em todos questionamentos do promotor disse apenas: “Não tenho nada a declarar”, sempre de cabeça baixa.

Confirmou indicações

Questionado sobre indicações de funcionários para atuarem na Atmosphera, Walter Gomes confirmou que elas eram feitas, e que inclusive, teria indicado de 10 a 15 pessoas. Porém, ele negou que elas tenham trabalhado como cabos eleitorais em suas campanhas. Além disso, ele afirmou que é comum os partidos realizarem tais indicações.

“Se isso é crime, o Gaeco tem que ir lá no Congresso prender os 250 deputados, e, também, o presidente Temer. Porque é isso que é feito. Se aqui é acusação de quadrilha, lá tem de ser de quadrilhão”, defendeu-se mais uma vez o ex-vereador que afirmou que não precisava de cabos eleitorais.

“Eu não precisava dessas pessoas para trabalhar por mim. Eu não precisava fazer campanha nos períodos eleitorais, porque, como vereador, sempre trabalhei de segunda a segunda e as pessoas viam meu trabalho e votavam em mim”, declarou Walter Gomes, que falou ser comum o recebimento de currículos nos gabinetes de vereadores, e inclusive, ironizou o mandado de busca e apreensão da Polícia Federal.

“A Polícia Federal esteve em meu gabinete, e levou embora esses 700 currículos que recebia por semana. Espero que eles tenham arrumado emprego para essas pessoas que estão precisando”, cutucou o ex-vereador.


Fotos: Silvia Morais / Câmara

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