Ex-advogada do Sindicato dos Servidores diz que se sentiu forçada a pagar R$ 200 mil ao órgão
Ela afirmou que fez o primeiro pagamento com destino ao sindicato em um valor de aproximadamente R$ 1,8 milhão em dinheiro

Ex-advogada do Sindicato dos Servidores diz que se sentiu forçada a pagar R$ 200 mil ao órgão

"Não paguei propina. Fiz um repasse que não chamo de propina, pois havia um acordo para eu pagar isso", afirmou Maria Zuely em depoimento

Em interrogatório no Fórum de Ribeirão Preto nesta segunda-feira, 27, Maria Zuely Librandi, ex-advogada do Sindicato dos Servidores Municipais, declarou que se sentiu forçada a pagar R$ 200 mil por mês para o órgão. O motivo foi um acordo antigo com o Sindicato em que ela deveria repassar 30% das ações.

"Nele [Wagner Rodrigues, ex-presidente da instituição] eu não confiava. Ele ia junto com o Sandro com frequência buscar os pagamentos na prefeitura. Eu pagava porque estava sofrendo pressão com o que ele podia fazer. Tinha medo de ele tentar parar os pagamentos", disse a advogada que afirmou que fez o primeiro pagamento com destino ao sindicato em um valor de aproximadamente R$ 1,8 milhão em dinheiro após saques no banco. Depois, todos os meses, ela realizava esses pagamentos por meio de cheques, pois acreditava que poderiam servir como comprovantes.

A advogada negou que o pagamento dos honorários sejam irregulares, já que, de acordo com ela, não houve a intenção de indução de ninguém ao erro, além de ter apontado que as negociações sempre ocorreram junto ao sindicato e nunca à prefeitura, que apenas fez os cálculos para homologação do acordo. "Eu sempre acreditei que trabalhei para ganhar esses honorários. Não houve nenhuma pretensão a induzir alguém ao erro, e sim, ser feito de forma legal", disse.

Marco Antônio

Durante o depoimento, Maria Zuely também afirmou disse que não tinha conhecimento de repasses feitos ao ex-secretário de Administração Marco Antônio dos Santos. Porém, ela disse que o advogado Sandro Rovani, quando tratava com ela sobre o pagamento ao sindicato, afirmava que algo seria repassado para ele. "Eu acredito que, talvez, o Marco Antônio receberia algo desse dinheiro", apontou Zuely, que ainda disse acreditar que isso estivesse relacionado ao fato de Marco Antônio ter trânsito na Secretaria Municipal da Fazenda.

"De fato, acredito que haveria essa relação com a Fazenda, porque as funcionárias de lá diziam que eles [governo] falavam que iam cortar o meu pagamento. Quando isso ocorria, eu ligava para o Sandro. Porque essa era uma situação a ser resolvida pelo sindicato, que foi com quem eu negociei, e não com a prefeitura",  explicou Maria Zuely, que disse à promotoria que anotações encontradas em seu escritório foram feitas após a deflagração da Operação Sevandija, no início de preparo de sua auto-defesa, e não se diziam respeito a uma negociação anterior aos pagamentos dos honorários para repartição de propina.

"Não paguei propina. Fiz um repasse [para o Sindicato], que não chamo de propina, pois havia um acordo para eu pagar isso. Não contestei, porque fiquei chocada com a possibilidade de não receber".

Com informações do repórter Leonardo Santos.


Foto: Arquivo Revide

Compartilhar: