Perito de áudio de Temer também analisa grampos usados na Sevandija
Perito de áudio de Temer também analisa grampos usados na Sevandija

Perito de áudio de Temer também analisa grampos usados na Sevandija

Ricardo Molina foi contratado pela defesa do ex-secretário Ângelo Invernizzi; perito comentou o laudo da PF do áudio do presidente

O perito que analisou a gravação de conversa entre o empresário Joesley Batista com o presidente da República Michel Temer (PMDB), Ricardo Molina, também está estudando os grampos apresentados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público na Operação Sevandija. Molina foi contratado pelo escritório de advocacia que defende o ex-secretário da Educação de Ribeirão Preto, Ângelo Invernizzi Lopes.

Molina deve periciar os mais de 70 mil áudios encaminhados pela Polícia Federal para a justiça que estão sendo utilizados nas investigações. A defesa reclama que, até o momento, ainda não recebeu os metadados das gravações – que são as informações sobre elas, como localização, data, pessoa grampeada – e que, por isso, não consegue prosseguir na análise, já que acreditam que pode haver gravações que foram feitas ilegalmente.

“Em algum momento, para se fazer a denúncia, o Ministério Público teve acesso aos metadados e, sem eles, não consigo verificar ‘quem falou com quem’ nessas gravações”, afirmou o perito. A defesa de Invernizzi, representada pela advogada Josimary Rocha de Vilhena, disse que só se manifestará nos autos do processo.

“É editado”

Molina também falou sobre a perícia que realizou por ter sido contratado pela defesa do presidente, nas gravações de conversas entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer, entregues à Procuradoria Geral da União. Assim como apresentado pela defesa do presidente, ele garante que houve edições que comprometem a conversa.

“Só neste trecho do Cunha [em que Temer diz que Joesley tem de continuar pagando propina ao ex deputado Eduardo Cunha para ficar calado], que dura uns 10 segundos, tem cinco interrupções. O grande problema é que não sei quanto dura cada interrupção. No laudo da PF diz que cada interrupção tem 1,3 segundo, mas isso é média. Pode haver paralisações maiores, e outras imperceptíveis. Média é uma estatística complicada. Não quer dizer nada, eu não sei o quanto durou”, avaliou o perito.

Molina também apontou que a gravação está comprometida, em razão da quantidade de vezes em que parou – segundo Molina, foram 294 interrupções, cerca de 23% do total do material analisado na investigação contra o presidente.

“A conversa inteira é de 28 minutos, o resto é barulho de carro. Nesta conversa, nós temos 6min18s de interrupção. ‘Ah, mas foi o gravador’, isso para mim pouco importa, e o problema que aquele gravador parou muito. Aí você começa macular a integridade da gravação. Não posso dizer que aquela conversa é fidedigna. O que posso falar daquela gravação é que ela foi editada”, afirma.

O perito ainda diz que dificilmente poderá descobrir se essa edição foi de uma pessoa ou do próprio gravador, porque, de acordo com ele, qualquer pessoa com conhecimentos de edição pode fazer uma interrupção muito parecida, já que é um corte seco. “Os argumentos que usaram no áudio são absolutamente infantis. É um pouco de lero-lero”, avalia Molina.


Foto: Leonardo Santos

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