Plastino teria posto "facilitador" na Coderp para ter vantagem em contratos
Lucro líquido da Atmosphera em acordo com a Coderp variava de R$ 700 mil a R$ 900 mil por mês

Plastino teria posto "facilitador" na Coderp para ter vantagem em contratos

Delação premiada de namorada e sócio do empresário foi homologada pela justiça nesta sexta-feira, 15

O empresário Marcelo Plastino, morto em 2016, mantinha proximidade com o ex-superintendente da Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp), Davi Mansur Cury, para obter vantagens em licitações para a empresa Atmosphera. A informação foi feita por Alexandra Ferreira Martins, namorada de Plastino, em delação premiada da Operação Sevandija. Além dela, também fechou a colaboração com o Ministério Público Paulo Roberto Abreu Jr, sócio do empresário. 

A delação de ambos foi homologada pela justiça nesta sexta-feira, 15, e foi colhida a partir de depoimentos prestados nos dias 12 e 13 de setembro ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Plastino teria ficado “bastante contrariado” com a anulação de um contrato da Atmosphera com a Coderp, para a contratação de funcionários terceirizados para prestarem serviços para o município, em outubro de 2014, de acordo com Alexandra. Isso porque, ele alegava que tinha posto o então superintendente da companhia no cargo, Davi Cury, para “ter um facilitador lá dentro”.

O contrato da Coderp com a Atmosphera só foi retomado enquanto Cury estava de férias, após uma reunião de Plastino com o superintendente interino, Ricardo Ribeiro, e vereadores, na sede da Atmosphera, em que o empresário teria forçado a rescisão da anulação do contrato. Esta declaração também foi feita por Paulo Roberto em seu depoimento. 
Alexandra e Paulo Roberto, sócio de Plastino na empresa Tecmaxx e diretor da Atmosphera, assistiram à reunião por meio das câmeras de segurança da empresa, e Alexandra, que também era funcionária na Atmosphera, disse que Paulo Roberto comentou que os vereadores presentes no encontro eram da base de apoio da Prefeitura de Ribeirão Preto, no governo Dárcy Vera.

Ela ainda afirmou que Plastino ficou satisfeito com a reativação do contrato, e que chegou a comentar com a namorada que Cury seria retirado do cargo na Coderp quando retornasse de viagem, o que veio acontecer em fevereiro de 2015. Alexandra ainda confirmou que no acordo com a companhia, a Atmosphera tinha um lucro líquido entre R$ 700 mil e R$ 900 mil por mês.

Volta do acordo e presença de políticos

Paulo Roberto afirmou que quando o contrato foi reativado, a Atmosphera deu preferência para recontratação de funcionários com indicação política, já que muitos haviam sido demitidos com a então anulação do acordo, em outubro de 2014. 

Porém, ele afirma que nas listas de contratações não estava descrita a pessoa que indicou determinado funcionário para o cargo, mas que os padrinhos vinham à tona em conversas esporádicas. Ele ainda afirmou que muitos funcionários se orgulhavam da indicação que receberam. 

Outro lado

A defesa do ex-superindente Davi Cury foi procurada pela reportagem do Portal Revide em escritório, porém o advogado Marco Petrelluzzi não foi encontrado. Em audiência, no Fórum de Ribeirão Preto, no último mês de julho, a defesa do ex-superintendente da Coderp alegou que Cury saiu da companhia por não concordar com a revogação da anulação do contrato, que havia sido solicitada pelo Tribunal de Contas do Estado, já que ele acreditava que houve pressão da prefeitura para que o contrato fosse reformado.

O ex-deputado e superintendente interino da Coderp, Ricardo Ribeiro, também foi procurado pela reportagem, e não respondeu à ligação. Entretanto, na mesma audiência ocorrida em julho, havia afirmado que só houve a reforma do contrato entre a companhia e a Atmosphera a pedido o então superintendente, Davi Cury, na própria sede da autarquia, no início de 2015.


Foto: Arquivo Revide

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