Entrevista: os próximos passos

Entrevista: os próximos passos

Na entrevista a seguir, Duarte Nogueira faz uma breve análise sobre os dois mandatos à frente da Prefeitura de Ribeirão Preto, lembra como foi gerenciar a cidade em momentos críticos

Como foi assumir Prefeitura de Ribeirão Preto?

 

Quando assumi, a cidade estava em uma situação muito ruim do ponto de vista administrativo. A autoestima do ribeirãopretano estava totalmente abalada. A gestão anterior encerrou sua participação com dirigentes presos, um caso extremamente complicado. No dia 1º de janeiro de 2017, publiquei 25 decretos com um choque de gestão, para fazer uma série de reestruturações e reformas que a cidade precisava naquele momento. Quando você vence a eleição, principalmente para o Executivo, você tem quatro anos de mandato, mas, o que você vai entregar é resultado das decisões que você toma nos primeiros seis meses. O nosso objetivo era colocar a casa em ordem, recuperar a confiança. No primeiro mandato, eu paguei R$ 973 milhões em dívidas, entre dívidas de curto prazo, faturas emitidas contra a prefeitura não pagas nos anos de 2016 e 2015, dívidas trabalhistas, salários e encargos atrasados. Essa página ficou para trás. Hoje, a cidade está equilibrada. Tem dinheiro em caixa, cumpre a lei de responsabilidade fiscal e possui indicadores saudáveis, com superávit financeiro e orçamentário. Agora, no segundo mandato, esses recursos são investidos na própria cidade, em educação, saúde, assistência social e zeladoria, entre outros setores.


 

Poderia citar alguns exemplos desses investimentos?

 

Os nossos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) vão passar de cinco para 15. Os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), aumentamos de três para cinco. Foram entregues 14 novas escolas. Mais 11 serão entregues até o final do ano que vem. Hoje, temos dois professores por sala de aula do 1º ao 5º ano, nas 485 salas que temos no primeiro ciclo do Fundamental, para enfrentar o prejuízo que a pandemia impôs para os nossos alunos. Os meninos e as meninas que entraram na escola em 2019, chegaram em 2022, no 4º ano, sendo que ficaram dois anos fora da sala de aula. Vamos entregar mais um Ambulatório Médico de Especialidades (AME). A partir de julho, começa a chegar a nova frota de ônibus com suspensão pneumática, carregador de celular, conectividade wi-fi, ar condicionado e motor Euro 6, com menos emissão de gases e de elementos particulados, além de que esses motores não podem ter mais do que 72 decibéis de barulho. Então, é menos poluição atmosférica e menos poluição sonora para a nossa cidade, mais qualidade para o transporte coletivo e sem aumentar a tarifa de ônibus ao longo de dois anos consecutivamente. Até o final deste ano, vou ter concluído 650km de asfalto novo na cidade e espero colocar mais uns 200km até o final do ano que vem, para deixar a cidade toda pavimentada. Já melhoramos bastante e assim vamos continuar.

 

E quanto as obras de mobilidade?

 

Essas obras são muito necessárias. O exemplo que eu dou é o seguinte: se você precisa fazer uma pequena reforma na sua casa, é algo mais simples. Agora, quando você precisa fazer uma reforma grande, em função de que você tem uma casa que precisa ser arrumada quase que completamente, a reforma é mais difícil, principalmente quando você está dentro da casa. Mas é um transtorno que vai recompensar. Todas as obras de mobilidade serão entregues. As mais de 30. Vamos entregar o túnel da Nove de Julho na Semana da Pátria, 7 de setembro. Vamos entregar o viaduto da Avenida Mogiana com a Brasil antes do Natal deste ano. Vamos começar o restauro da Nove de Julho nas próximas semanas. A obra dos corredores centrais e do corredor Castelo Branco, Treze de Maio, Capitão Salomão e rua Goiás até a Avenida Saudade já está em andamento, tem um prazo de 18 meses para ser completada e vai ser entregue, portanto, em meados do ano que vem. Temos, ainda, os corredores da Avenida Nove de Julho, Costábile e Kennedy. Também as obras que são complementares e que já estão em andamento, que é o trecho final do corredor Norte-Sul que é a duplicação subindo o João Rossi, Hospital Estadual, entrando na Lygia Latuf Salomão, Rotatória da Braz Olaia Acosta até o terminal de ônibus do RibeirãoShopping, ligando o RibeirãoShopping até o Ribeirão Verde lá na Avenida Antônio Mugnatto Marincek, que foi uma das primeiras avenidas que a gente entregou no projeto Ribeirão Mobilidade, junto com a Dina Rizzi, Avenida do Café, nova Av. Cel. Fernando Ferreira Leite, Adelmo Perdizza, entre outras.

 

 

Como está o andamento do projeto para a nova sede da Prefeitura?

 

A construção desse complexo na Avenida Paschoal Innechi irá melhorar as condições daquela região da Zona Norte? Vamos ancorar um novo eixo de desenvolvimento na cidade, na Zona Norte. Além de deixar o Centro Administrativo perto do aeroporto, ferrovia e rodovia, vamos crescer em uma estrutura viária, com mobilidade urbana mais adequada. Eu tenho certeza de que a ida da Prefeitura para lá vai ajudar muito isso. Sobre o prazo de entrega, nós vamos fazer um leilão das áreas que vão financiar a construção do Centro Administrativo no primeiro trimestre de 2023. Até o começo do segundo trimestre, já fizemos a licitação. Será uma obra de dois anos. Talvez eu não venha a trabalhar lá, mas o meu sucessor vai dar expediente lá na Paschoal Innechi.

 

Como foi administrar o município em um dos momentos mais difíceis da história recente, a pandemia da Covid-19?

 

Tivemos que lidar com o desconhecido. Apesar do conhecimento científico e acadêmico que foi utilizado para as bases de tomadas de decisão no início da pandemia, lembrando a gripe espanhola e outras epidemias que tomaram conta do planeta anteriormente, o mundo aprendeu, de fato, acertando e errando. No começo, não podia usar máscara. Depois, obrigou-se a usar máscara. A questão do distanciamento social foi recrudescendo ao longo do processo. Em seguida, vieram as correntes que defendiam que, se cumpríssemos o distanciamento, estrangularíamos o processo econômico, a geração de empregos, a renda das pessoas. Eu procurei estar sempre ligado em tudo o que acontecia. Pensávamos que a cidade ficaria fechada por 90 dias ou 120 dias, mas era uma estimativa. Ninguém sabia ao certo quanto tempo ia durar. Foram dois anos de pandemia. Felizmente, com o advento da tecnologia, a vacina chegou praticamente um ano depois. Começamos a vacinar as pessoas em janeiro de 2021. Hoje, nós temos um grau de convivência com a doença, que ainda está aí. Ela está com um grau de infecção abaixo de 1, de acordo com a última medição. Isso quer dizer que o vírus está perdendo a condição de continuar se multiplicando. Realmente, aquele foi um período desafiador.

 

 

Agora, a cidade mostra sinais de recuperação após a crise?

 

Sim. A cidade, desde o ano passado, tem indicadores de geração de emprego entre os três, quatro municípios do Estado, mesmo Ribeirão Preto não estando entre os quatro maiores municípios do Estado de São Paulo. Isso é um ótimo indicador. Nossa estrutura e nossos profissionais de saúde foram fantásticos, tanto durante, quanto no período pós pandemia. Eles nos ajudaram a não retroceder. Quando abríamos a cidade e tínhamos que fechá-la novamente, era um caos. Uma tragédia para todos. Graças a Deus, esse momento já passou. Espero que não volte nunca mais.

 


Como tem sido o seu trabalho na Frente Nacional de Prefeitos?

 

É muito bom. Tenho tido a oportunidade de fazer algumas missões especiais fora do país, tanto na América do Norte e do Sul, na Europa e na Ásia. É muito interessante você ir nessas grandes cidades, metrópoles do planeta, e ver que essas pessoas tiveram oportunidade de conseguir, de fato, ganhos de gestão bastante acentuados por força de modelos que foram modernizados para dar qualidade de vida para a população. Essa visão global é enriquecedora. Quando vejo essas evoluções, quero logo fazer em Ribeirão Preto. Não copiando, mas adaptando dentro das nossas características. O objetivo é sempre trazer resultados positivos para a nossa população, dentro do que tiver de melhor no planeta.

 

Após encerrar o mandato em 2024, quais são os seus planos?

 

Primeiro passo é não perder o foco na gestão, não antecipar as ansiedades sucessórias e eleitorais de 2024. Quero realizar e entregar todos os compromissos que eu assumi com a cidade ao longo do processo eleitoral e desse segundo mandato. Depois, espero trabalhar junto com a aliança que me dá sustentação política para governar a cidade, tanto no Executivo, quando na Câmara Municipal, para que possamos escolher uma chapa de prefeito e vice-prefeito que tenha essa visão moderna, responsável e republicana, para que Ribeirão Preto não retroceda entrando em aventuras eleitorais que, infelizmente, tivemos no passado e que foram muito ruins para o nosso município. O objetivo é entregar um bom governo e passar a chave para o meu sucessor, em janeiro de 2025, com todo o rito regular que tem que haver em uma democracia. Não tive a oportunidade de vivenciar esse momento quando assumi. A partir daí, vou me preparar para disputar uma eleição majoritária em 2026. Sei que são muitas as variáveis e não controlamos isso individualmente, mas eu tenho que estar preparado para poder me credenciar e ser alguém que, na hora de escolherem os nomes, tenha o perfil, a bagagem, o currículo e o legado para, quem sabe, ser um desses escolhidos. Candidatura majoritária não é postulação pessoal. É uma convocação.  


Foto: Lidia Muradás

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