Veterinário é proibido de oferecer consulta gratuita

Veterinário é proibido de oferecer consulta gratuita

Profissional postou vídeo em sua página da rede social Facebook, divulgando o seu trabalho voluntário, o que causou repercussão

O médico veterinário de São Carlos, Ricardo Fehr Camargo, foi proibido pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) de realizar consultas de graças, em seu consultório particular. O caso repercutiu pela internet e gerou indignação das pessoas.

O veterinário que desde o dia 23 de janeiro passou a não cobrar pelas consultas aos sábados, realizava atendimento de cães e gatos gratuitamente. Para divulgar os atendimentos, ele postou um vídeo em sua página da rede social Facebook, divulgando o seu trabalho voluntário.

Porém, a situação não estava de acordo com as normas do CRMV, segundo o próprio conselho.
Fehr recebeu em consultório, no último dia 30, a visita de uma fiscal comunicando que o seu estabelecimento veterinário estava funcionando de forma irregular, não possuindo registro neste órgão de classe, assim como desrespeitando o código de ética da profissão.

O veterinário comentou que ficou surpreso com a visita da representante. “Eu achei que ela tinha vindo me dar os parabéns pelo projeto, mas ela só veio me informar que o CRMV não considerou meu serviço como utilidade pública”, afirmou.

Em nota, o Conselho esclareceu que ações de utilidade pública são aquelas realizadas por entidades sem fins lucrativos como, ONGs, instituições públicas ou entidades e empresas a elas conveniadas, tendo total apoio do órgão quando a sua finalidade estiver vinculada ao atendimento de animais carentes.

Normas

Conforme o código de ética do CRMV, o médico veterinário registrado no conselho deve seguir a legislação pertinente à atuação profissional. O artigo 21 afirma que a prestação de serviços gratuitos não é permitida, exceto em casos de pesquisa, ensino ou utilidade pública.

“Lamentamos que profissionais que estão no mercado desconheçam a legislação que ordena o exercício da profissão. Este Conselho de Classe continuará zelando pelo bom nível do exercício profissional, em respeito à sociedade e a todos os colegas que atuam de acordo com o Código de Ética”, informa a nota do CRMV.

Rede Social

Indignado, o veterinário publicou um vídeo em sua página do Facebook, mostrando o momento em que a fiscal da CRMV esteve em sua clínica.

O vídeo, que tem mais de 9 milhões de visualizações, fez com que pessoas do mundo inteiro, inclusive brasileiros que moram em outros países, pudessem acompanhar o caso. A postagem ganhou repercussão e uma petição on-line foi criada com mais de 20 mil assinaturas, pedindo a liberação de atendimentos gratuitos por médicos veterinários autônomos.

Fehr recebeu elogios de seus amigos e afirmou pelas redes sociais que vai continuar lutando por um mundo melhor, para os animais carentes.  E já está pesquisando algumas ONGs da cidade para se filiar.

Voz do profissional

O médico veterinário Renato Nicolau comentou sobre o caso do colega de profissão, Ricardo Fehr Camargo.

“Sobre o caso em questão, acredito que praticamente 100% dos médicos veterinários já tenham feito muitas caridades com preços menores ou até mesmo atendimentos gratuitos”, comenta.

Ele frisa que nenhum veterinário é obrigado a atender gratuitamente, como casos específicos relatados no código de ética da profissão.

“O caso do veterinário Ricardo Fehr, em minha opinião, é mais um dentro de vários que devem ocorrer por todo o país, onde pessoas sensibilizadas acabam fazendo seu trabalho sem custo algum, a fim de dar mais qualidade de vida e dignidade aos animais”, aponta.

Nicolau completa que o fato só tomou tamanha proporção devido à divulgação feita por Ricardo, o que atraiu a atenção de todos, sendo positiva ou negativamente. “A atitude sem dúvida alguma é louvável, mas devemos saber que existem regras a serem cumpridas e se quisermos ajudar, basta fazermos isso dentro das regras e todos sairão ganhando”, conclui.


Foto: Reprodução Facebook 

Compartilhar: