Ato em defesa da democracia reúne estudantes, professores e autoridades na USP de Ribeirão Preto

Ato em defesa da democracia reúne estudantes, professores e autoridades na USP de Ribeirão Preto

Evento ocorreu no auditório da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP), na manhã desta quinta-feira, 11

Estudantes, professores, autoridades e representantes da sociedade civil marcaram presença em um ato em defesa da democracia, na manhã desta quinta-feira, 11, na USP de Ribeirão Preto. O evento reuniu cerca de 500 pessoas no auditório da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP), durou mais de duas horas e contou com a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito. O ato ocorreu simultaneamente em outras faculdades espalhadas pelo Brasil.

 

Alunos e docentes das oito faculdades que compõem a USP de Ribeirão Preto, além de representantes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, fizeram manifestações durante o ato, organizado pelo professor e diretor da FDRP, o advogado Nuno Manuel dos Santos Coelho. Líderes de movimentos sindicais de associações e entidades de classe de diferentes movimentos sociais, junto a lideranças religiosas de Ribeirão Preto e representantes de universidades da região também participaram do ato.

 

Durante a fala do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Ribeirão Preto, Alexandre Nuti, um manifestante foi retirado do auditório onde ocorria o ato, sob gritos da platéia de "Fora Bolsonaro" e "Fascistas não passarão". Segundo a USP, o homem teria tentado "tumultuar" o evento e foi convidado pela Guarda Universitária a sair do espaço. "A OAB, como instituição de defesa do Estado, não é apoiadora de nenhum sistema de poder que não seja a democracia. (...) Nós, da OAB, confiamos plenamente e não temos porque desconfiar do nosso sistema eleitoral, que orgulhosamente vem colocando no poder as pessoas que foram efetivamente eleitas", disse Nuti.

 

Às 12h20, os discursos foram interrompidos para retransmissão ao vivo da leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito. O manifesto foi elaborado por antigos alunos da Faculdade de Direito (FD) da USP e lido no pátio da Faculdade no Largo São Francisco, em São Paulo. No documento, os signatários convocam a nação para ficar alerta na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições. A carta já foi assinada por mais de 950 mil pessoas até o início da tarde desta quinta-feira, 11 (confira a íntegra aqui).

Respeito à democracia

Em seu discurso, o promotor eleitoral Sebastião Sérgio da Silveira criticou o esquecimento da democracia como conquista social. "Nos esquecemos de que essas conquistas devem ser vigiadas e protegidas. É por isso que surgiram os golpistas, negacionistas, terraplanistas e tantos outros, que trouxeram uma noite de trevas para a história deste país. Não tenho dúvidas de que o golpe já está em curso. O golpe está em curso com discursos de ódio, divulgação de fake news, orçamento secreto, imposição de sigilos a tudo aquilo que diz respeito à determinadas autoridades, parentes e amigos e, principalmente, com ataques a instituições democráticas. Entre elas, a Justiça Eleitoral", afirmou Silveira, coordenador do Curso de Direito da Unaerp.

 

Um dos últimos a discursarem no ato, o advogado Sérgio Roxo da Fonseca também lembrou que todos são iguais perante a Constituição e as leis brasileiras. "Se não há norma atributiva de poder, não existe poder. Nenhum servidor público, nem o presidente da República, nem o ministro do Supremo Tribunal Federal, ninguém está acima da lei. Todos estão abaixo dela, como dizia Rousseau no século XVII. E, nós, aqui, temos que trabalhar na reconstrução do Estado Democrático de Direito, que foi despedaçado e está sendo despedaçado, a cada dia que passa", pontuou Fonseca, promotor de Justiça aposentado.

 

O professor Nuno Coelho, organizador da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP), ressaltou a importância do evento de hoje desta quinta-feira, 11, e destacou que, sem democracia, não há eleições. "Participaram do ato pessoas de muitos lugares, de toda a sociedade, e que representam interesses muito diferentes. Mas todas elas estão juntas em uma causa comum: a defesa da democracia e o direito do povo continuar definindo quem são seus governantes, exigindo respeito ao processo eleitoral, às regras do jogo e às urnas eletrônicas, e a garantia das regras fundamentais de funcionamento da democracia", finalizou Coelho.


Foto: Divulgação

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