Câmara adia votação sobre lei que estabelece medidas anticorrupção
Câmara adia votação sobre lei que estabelece medidas anticorrupção

Câmara adia votação sobre lei que estabelece medidas anticorrupção

Presidente da Casa, Rodrigo Maia, afirmou que é preciso esclarecer dúvidas; Moro pede mais discussão e Nogueira acredita que foi uma “atitude madura”

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), tirou da votação o texto das 10 medidas contra a corrupção, no início da tarde desta quinta-feira, 24, no Congresso Nacional, em Brasília. O projeto de lei estabelece medidas contra a corrupção (PL 4850/16), que inclui no Código Penal o crime de caixa 2. Parlamentares de partidos da oposição ao governo de Michel temer (PMDB) alegam que o texto oferece anistia aos políticos que já são investigados por isso, como alguns casos da Operação Lava Jato.

O líder do PSOL, Ivan Valente, afirmou em plenário que o texto “está sendo feito a portas fechadas” por algumas lideranças partidárias que desde cedo estão reunidas no gabinete de Maia. Segundo ele, uma das articulações seria em torno de uma emenda que, aproveitando a tipificação do crime de caixa 2, anistiaria qualquer prática anterior à sanção da lei.

O deputado federal e prefeito eleito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB), disse que acredita que a decisão tomada pelo presidente da Casa foi correta, devido às dúvidas que ainda pairam sobre o projeto.

“Uma série de dúvidas não esclarecidas para os deputados e para a sociedade. Acho que o Brasil ganha com isso, porque mostra grande maturidade. Que não aja anistia para nenhum crime cometido e para que possamos avançar com a consolidação da nossa democracia”, afirmou Nogueira e um vídeo publicado em sua página no Facebook.

Antes da votação, o juiz da 13ª Vara de Curitiba, Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, se mostrou preocupado com a aprovação da lei, e com a possível anistia que ela poderia acarretar aos investigados na Lava Jato. Ele publicou nota nesta quinta, se manifestando a respeito da votação. Ele afirmou que o texto aprovado no Congresso na noite de quarta-feira, 23, deve ser discutido pela população, e que se preocupa com a possibilidade de anistia para doações eleitorais não registradas.

“Toda anistia é questionável, pois estimula o desprezo à lei e gere desconfiança. Então, deve ser prévia e amplamente discutida com a população e deve ser objeto de intensa deliberação parlamentar. Preocupa, em especial, a possibilidade de que, a pretexto de anistiar doações eleitorais não registradas, sejam igualmente beneficiadas condutas de corrupção e de lavagem de dinheiro praticadas na forma de doações eleitorais, registradas ou não. Anistiar condutas de corrupção e de lavagem impactaria não só as investigações e os processos já julgados no âmbito da Operação Lava Jato, mas a integridade e a credibilidade, interna e externa, do Estado de Direito e da democracia brasileira, com consequências imprevisíveis para o futuro do país”, afirmou o juiz.


Foto: Assembleia Legislativa do Paraná

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