Candidatos relatam possíveis irregularidades em concurso
Comissão fiscalizadora formada por vereadores ouviram quatro candidatos que fizeram provas para cargos da Câmara Municipal no dia 1º de novembro
Quatro pessoas que prestaram concursos para a Câmara Municipal no último dia 1º de novembro prestaram depoimento nesta sexta-feira, dia 4, à Comissão Fiscalizadora do concurso, formada pelos vereadores Ricardo Silva (PDT), Bertinho Scandiuzzi (PSDB) e Marcos Papa (Rede). O concurso foi suspenso no dia 10 de novembro, sob suspeita de irregularidades, logo após a divulgação dos aprovados.
Os candidatos relataram possíveis problemas com as provas de português, incluindo a apresentação de recursos, a discrepância entre as matérias, algumas muito bem feitas e outras não, e também a possibilidade de se utilizar aparelhos celulares, já que eles puderam ficar com os candidatos durante as provas. Um dos que prestaram depoimento viajou de São José do Rio Preto a Ribeirão Preto para apresentar suas denúncia.
A professora Heliane Miscari, que disse prestar vários concursos por ser gabaritada na área, informou ter achdo estranho a forma de elaboração da prova e até chegou a formalizar reclamação no dia das provas e a apresentar dois recursos depois, ambos deferidos. “Chamou a minha atenção a compreensão da prova. Havia questões que não faziam parte do edital”, disse.
Na prova de português, segundo ela, de 50 questões, 21 versaram sobre o mesmo assunto. Nas questões sobre o Regimento Interno, no entanto, a prova foi muito bem feita. “Até achei estranho a discrepância entre uma e outra”, afirmou, dizendo não saber se a situação foi intencional.
O advogado Carlos Roberto Mancini disse que prestou concursos para dois cargos e notou algumas situações estranhas, como a de uma colega de sala que estava estudando quando chegou o caderno de provas e ela colocou a apostila aberta sob a carteira, sem que ninguém pedisse que ela tirasse do local ou a fechasse.
Mancini contou que fez a prova com seu telefone celular no bolso, ligado e que duas coisas chamaram sua atenção. “Detectei que uma das questões tinha mais de uma resposta correta e que um candidato da minha sala saiu para tirar o carro dele que estava em frente a uma garagem e demorou cerca de 15 minutos e voltou a fazer a prova. Até no portão da escola um fiscal o acompanhou, mas depois ele foi sozinho para o carro”, disse.
A candidata Dinamar Lemos Ferreira disse que prestou exame de manhã e à tarde disse que os candidatos não só ficaram com seus telefones celulares como receberam orientação da própria fiscal da prova. “Uma candidata perguntou à fiscal se não precisava entregar o celular e ela respondeu que era para deixar no silencioso.
O candidato João Gabriel Oliveira Nascimento, que mora em São José do Rio Preto, disse não ser tão experiente em concursos, mas que já prestou quatro e este foi o primeiro em que não pediram para que entregasse seu celular, que ficou dentro da mochila. “Também não havia cadeiras demarcadas com os nomes dos candidatos”, disse.
Ele também questionou a distribuição das questões e disse ter achado estranho o comportamento de dois candidatos. “Um deles saiu da sala quatro vezes para ir ao banheiro. O outro pediu para ir ao banheiro cerca de dois minutos após o início da prova”, afirmou.
Gravidade
O vereador Ricardo Silva, que conduziu os depoimentos, disse que a reunião foi proveitosa dentro do compromisso de apurar a verdade. “Pelos depoimentos concluímos que há gravidade nas denúncias, mas que as investigações não estão fechadas. Se acharmos necessário poderemos ouvir novas testemunhas, mas por enquanto estamos satisfeitos com o que foi dito.
O vereador disse pretender encerrar a investigação dentro do prazo de 30 dias, que vence no próximo dia 10, mas não descarta pedir prorrogação, se considerar necessário.
O concurso foi aplicado pela Apta Consultoria, vencedora da licitação. A empresa nega irregularidades e afirma que está esperando conhecer o teor das acusações para poder se defender.
Foto: Silvia Morais / Câmara Municipal
