Conheça os parlamentares que assumem "mandatos coletivos" em Ribeirão Preto

Conheça os parlamentares que assumem "mandatos coletivos" em Ribeirão Preto

Ramon Faustino (PSOL) e Judeti Zilli (PT) contam como funcionará o mandato e sobre as articulações para 2021

Os gabinetes na Câmara Municipal dos Vereadores de Ribeirão Preto são compostos, no geral, por um vereador e mais cinco assessores. Apesar de contar com apoio e consultoria da equipe, a palavra final é sempre a do dono do mandato. Porém, nos "mandatos coletivos" essa ordem é diferente. Os votos, projetos e decisões são tomadas em acordo com os "co-vereadores" ou em assembleias com a participação de mais pessoas.

As eleições municipais do dia 15 de novembro alçaram ao Legislativo municipal dois mandatos coletivos: o de Ramon Faustino (PSOL), o "Ramon Todas as Vozes; e o de Judeti Zilli (PT), chamado de "Coletivo Popular Judeti".

Ramon Faustino (PSOL)

A chapa de Faustino recebeu 2.744 votos e conta com oito integrantes. Sendo que cinco irão atuar dentro da Câmara ao lado do parlamentar e outros três farão a ponte com os bairros e as demandas populares. O coletivo é formado por: Ramon Faustino, Sheila Brandão, Jessica Romero, Viviane Silva, Anita Silva, Patrícia Cardoso, Flávio Racy e Márcia Rubiano.

Faustino é professor da rede municipal de ensino e montou uma equipe que levanta as bandeiras da educação, cultura, igualdade racial, valorização do serviços públicos e questões relacionadas à população periférica de Ribeirão Preto.

Como não existe dentro do regimento interno o cargo de "co-vereador", os demais componentes do mandato ocuparão cargos já previstos, como o de chefe de gabinete, assessor direto e assessor parlamentar.

"Não achamos que a função do vereador deveria se restringir à função legislativa. Devemos trabalhar com a comunidade, organizando a população para que ela mesma exija os seus direitos", comenta Faustino.

O vereador eleito explica que toda semana realizará reuniões com todos os integrantes do mandato, além de propor reuniões em formato de assembleia em bairros. "A proposta é fortalecer os Conselhos Municipais e as associações de moradores. É um modelo que, na verdade, estamos trazendo de volta. No passado tínhamos muitos movimentos sociais por bairros", acrescenta.

Apesar da tarefa árdua, a campanha de Faustino se mostrou eficaz em mobilizar apoiadores e entusiastas. A campanha do único vereador no PSOL na Câmara foi uma das mais baratas, segundo o sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (DivulgaCand) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo gastado cerca de R$ 6,4 mil.

Mais da metade dos recursos (52%) são oriundos de campanhas de financiamento coletivo. "É uma militância voluntária. Temos um grupo de apoio no início da formação do mandato de mais de 30 pessoas", explicou.

Além disso, Faustino declarou que tentarão manter uma postura independente no legislativo. Ademais, declarou ter interesse nas comissões que tenham temas relativos às pautas que defendem, como a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Comissão de Assuntos Metropolitanos, Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, Comissão de Direitos da Mulher e na Comissão de Direitos à Igualdade Racial.

Judeti Zilli (PT)

Outro coletivo eleito foi o da vereadora Judeti de Freitas Pimenta Zilli. A vereadora eleita é professora integrou o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher durante cinco anos. O coletivo conta com Paulo Honório, Silvia Diogo, Ádria Maria e Danilo Valentim. O número de co-vereadores foi pensado para ocupar os cargos já dispostos no gabinete da Câmara.

Segundo a vereadora, o grupo reúne pessoas voltadas à luta pela educação, pela moradia popular, geração de renda, a favor do feminismo e da igualdade racial, além de ser “anticapitalista”.  

Judeti explica que os nomes foram escolhidos por afinidades ideológicas, pela área de atuação de cada integrante e por confiança entre os membros. "Em um mandato coletivo devemos partir desse pressuposto: a confiança. Temos que ser muito assertivos na escolha dos integrantes para que possamos realmente cumprir a nossa tarefa", declarou.

Sobre o desenho da Câmara para 2021, Judeti avalia como positiva o avanço dos partidos de esquerda como PT, PSOL e PSB. Somadas, as legendas elegeram seis vereadores.

"Nós estamos construindo um movimento para que a gente consiga ter um bloco significativo na Câmara para podermos garantir lugares nas comissões importantes, como a Comissão de Constituição e Justiça, Finanças, Educação, Igualdade Racial e da Mulher", explicou a vereadora eleita.

Apesar disso, os vereadores reeleitos já abriram as negociações para a eleição do presidente da Casa, mesa diretora e principais comissões. Segundo a petista, as negociações ainda não chegaram nos novatos. Pelo menos não nela. "Foi uma conversa muito discreta e superficial com o pessoal que está chegando", revelou.

Contudo, ainda não há uma definição quanto a um bloco sólido de partidos de esquerda. "Podemos eventualmente contar com alguns do PSB, existem alguns caminhos que eu acho que dificultarão um pouco essa hegemonia que existe na Câmara. São lugares demarcados e estão querendo isolar o pessoal que está chegando", concluiu Judeti.


Fotos: Divulgação

Compartilhar: