Eleições 2020: Portal Revide entrevista a candidata Suely Vilela (PSB)
Ex-reitora da USP propõe linha de crédito municipal após o término do auxílio emergencial
Nesta segunda-feira, 2, o Portal Revide entrevista a candidata à Prefeitura de Ribeirão Preto, Suely Vilela (PSB). Natural de Ilicínea, em Minas Gerais, Suely Vilela, de 66 anos, é professora titular da Universidade de São Paulo (USP). A candidata é formada em Farmácia Bioquímica pela USP, mesma universidade em que concluiu seu mestrado e doutorado na mesma área.
Suely foi a primeira e única mulher reitora da história da USP. Ela esteve à frente da universidade entre 2005 e 2009, além de ser pró-reitora de pós-graduação entre 2001 e 2005. É membro da Academia de Ciências de Ribeirão Preto, da Academia Nacional de Farmácia e da Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura. Entre janeiro a dezembro de 2017, atuou como secretária da Educação de Ribeirão Preto.
Como vice, Suely terá o empresário Mateus Eduardo, do Podemos. Eduardo concorreu para o cargo de vereador em 2008, 2012 e 2016, ficando na suplência nas duas primeiras tentativas. Nas três ocasiões, concorreu pelo Partido Verde. A coligação ainda conta com os partidos Cidadania, PSD e Solidariedade, e recebeu o nome de "Legado para servir Ribeirão".
Mesmo antes da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, os cofres municipais já estimavam um déficit para 2021. Situação que se agravou durante a pandemia. Quais medidas a senhora pretende tomar para reduzir esse déficit e ampliar a margem para investimentos?
SUELY: O orçamento da prefeitura está totalmente comprometido com despesas e compromissos já assumidos, não havendo mais nada para investimento. Situação que é agravada pelos financiamentos efetuados pela atual gestão. Diante deste cenário o desafio é buscar o equilíbrio financeiro por meio de duas estratégias: aumentando a receita e diminuindo as despesas. Para aumentar a receita propomos ações e programas para a promoção do desenvolvimento econômico. Criar uma Secretaria de Desenvolvimento econômico para elaborar um plano estratégico de desenvolvimento local, agindo desde o trabalhador informal até o grande empresário. Com o fim do auxílio emergencial, as famílias vão precisar de renda. Por isso, vamos criar o programa Crédito Legal, que é uma linha de crédito que vai financiar, inicialmente cinco mil pessoas que queiram empreender e abrir um pequeno negócio, com crédito de três mil reais. E elas só vão começar a pagar seis meses depois, com parcelas de apenas R$100 por mês, quando a empresa já estiver faturando. Vamos facilitar a abertura da empresa, não vai ter burocracia. E o melhor de tudo: juros zero.
Ribeirão Preto tem uma população de cerca de 1 mil pessoas em situação de rua, o que incluí pessoas sem teto, usuários de drogas e portadores de deficiências físicas e mentais. Qual a proposta da candidata para solucionar esse problema?
SUELY: Os dados atuais variam muito devido à própria falta de definição do que é considerado um morador de rua, o que dificulta o estabelecimento de políticas públicas efetivas para o enfrentamento da situação. Inicialmente temos que ter uma central de inteligência para elaborar esse diagnóstico e implementar as políticas públicas a partir desse diagnóstico. Temos uma estrutura considerável nas secretarias de Assistência Social e Saúde, mas que precisa ser qualificada para o atendimento da demanda. Defendemos uma atuação multidisciplinar para enfrentar essa situação, incluindo a família, que também exige um trabalho de recuperação além da retirada da rua. O terceiro setor também é um grande aliado neste desafio. Estamos falando de reconstrução de dignidade, de reconhecimento de lugar na sociedade, de construção de rede de apoio e reconstrução de papel no mercado de trabalho. Atualmente, com este número de moradores de rua, os quais precisam ser primeiramente qualificados, temos demanda para construção de novas unidades para idosos, para mulheres, a necessidade de qualificação do trabalho já realizado pela Cetrem e a oferta de abrigos noturnos para acolhimento da demanda.
Segundo dados da Secretaria de Segurança do Governo do Estado, até agosto deste ano foram registrados 4,6 mil furtos e 1,2 mil roubos em Ribeirão Preto. Quais ações o governo municipal poderia tomar para conter essa criminalidade?
SUELY: A segurança é constitucionalmente obrigação do Estado, cabendo ao município a criação de mecanismos que dê apoio e suporte contra a criminalidade. O governo municipal deve buscar parcerias com o governo do estado para manutenção e execução de uma Polícia Militar eficiente e atuante. No âmbito municipal, é preciso começar da base, investir em educação de qualidade para evitar evasão escolar e possíveis consequências desse problema, como dificuldade de inserção no mercado de trabalho e possível iniciação em roubos e drogas. O resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Ribeirão Preto em 2019, cujo resultado foi publicado há cerca de um mês, mostra a situação difícil e constrangedora. Com esse nível de conhecimento os jovens vão abandonar os estudos e irão para as ruas. Poucos terão chances de trabalho e a maioria será aliciada pelo tráfico e outras infrações. Vamos promover projetos integrados entre as secretarias da Educação, Esporte, Cultura e outras, visando retirar essas crianças das ruas, da violência e resgatar seus projetos de vida.
A rede municipal de ensino enfrenta uma fila de espera para a vaga em creches. Quais são os planos da senhora para reduzir essa fila?
SUELY: Sabemos que o atual prefeito prometeu a criação de 4 mil vagas em 4 anos, o que não ocorreu. Promessa não cumprida. Portanto, continua uma demanda alta a criação de novas vagas em creches. Ao assumir a prefeitura vamos atualizar o diagnóstico da demanda e desenvolver um projeto de expansão de vagas fundamentado na realidade financeira da secretaria da Educação e da prefeitura. Quando fui secretária de educação em 2017, com ajustes na gestão, sem investimento financeiro, foi possível criar 573 novas vagas em dez meses.
Em Ribeirão Preto, apenas 23% da população é atendida pela Estratégia Saúde da Família, um dos pilares da Atenção Básica do SUS. Quais são as propostas da senhora para ampliar esse atendimento?
SUELY: A Estratégia Saúde da Família, ferramenta essencial para prevenir doenças, baixar custos com saúde e desafogar o sistema, foi deixada de lado pela atual gestão da prefeitura. Ampliar esse tipo de atendimento é garantir economia na outra ponta. O SUS é um sistema subfinanciado e a cada ano vem perdendo recursos do governo federal. Precisamos captar recursos externos para a saúde, tanto no governo federal quanto estadual. Vamos trabalhar em conjunto com os deputados federais para conseguir recursos para a saúde. Em nível estadual o governo contribui muito pouco com Ribeirão Preto, temos que pressionar o governador por meio da Assembleia Legislativa para ajudar os municípios principalmente no pós-pandemia. Havendo novos aportes de recursos vamos priorizar a Estratégia da Saúde da Família.
Quais medidas a senhora pretende tomar para reduzir a fila de espera para atendimentos especializados?
SUELY: Inicialmente vamos fazer um diagnóstico procurando entender a causa desta fila, da demora no atendimento e a real demanda. Com base neste diagnóstico vamos definir ações para combatê-la, o que pode significar a ampliação das contratações de serviços a serem ofertadas, entre outras ações que serão implementadas. Uma gestão séria e competente se reflete na saúde da população.
No último ano, o funcionalismo público em Ribeirão Preto não obteve um reajuste relativo à inflação. O Sindicato dos Servidores fala em perdas salariais por conta disso. Em seu governo, o reajuste ou aumento real de salário dos servidores entraria em pauta?
SUELY: A valorização do servidor sempre estará em pauta. O governante não administra uma cidade sem ter os servidores públicos do seu lado e motivados. No meu governo vou valorizar o servidor de carreira, usar o máximo que a máquina pública nos oferece. Com o servidor motivado, vou fazer um governo de excelência. Já fui reitora da USP, administrei uma universidade grande e com grande orçamento, utilizei métodos de gestão profissional. Aliás, antes de tudo, sou docente, prestei concurso público, conheço a máquina pública de dentro. Tenho experiência e conhecimento em gestão pública.
Foto: Divulgação
