Eleições 2020: Portal Revide entrevista o candidato Mauro Inácio (PSOL)

Eleições 2020: Portal Revide entrevista o candidato Mauro Inácio (PSOL)

Se eleito, candidato do PSOL pretende reduzir salário do prefeito e secretários

Nesta quarta-feira, 28, o Portal Revide entrevista o candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto, Mauro Inácio (PSOL) .Inácio, de 51 anos, é natural de Bebedouro e se mudou para Ribeirão Preto no início dos anos 90. O candidato já trabalhou no corte da cana-de-açúcar e na lavoura de laranja, locais se engajou no movimento sindical. Em 1995, se formou em História, passando a dar aulas no município. Inácio também foi dirigente Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).

O professor já concorreu nas eleições municipais em 2008 e 2012, ficando em quinto e sexto lugar, respectivamente. Para a vaga de vice-prefeita, o PSOL escolheu a assistente social Mayra Ribeiro. A chapa recebeu o nome de “Ribeirão para a maioria” e não contará com partidos coligados.

Mesmo antes da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, os cofres municipais já estimavam um déficit para 2021. Situação que se agravou durante a pandemia. Quais medidas o senhor pretende tomar para reduzir esse déficit e ampliar a margem para investimentos?

INÁCIO: Dinheiro não falta, o orçamento é grande, a cidade é rica para poucos. Falta administração justa desse dinheiro. Vamos reavaliar os gastos para empregar melhor o dinheiro, de forma a criar margem para investimentos. O poder público tem imensa responsabilidade na promoção de ações que incentivem a economia local. Pode privilegiar compras de empresas locais, aquecendo o mercado interno e gerando empregos. Realizar a gestão da dívida pública de forma a cobrar as dívidas das grandes empresas e instituir o IPTU progressivo para aumentar as receitas, fazendo os ricos pagarem mais; além de reduzir salário de prefeito e secretários; e acabar com cargos comissionados, substituindo-os por servidores públicos de carreira.

Ribeirão Preto tem cerca de 1 mil pessoas em situação de rua, o que inclui pessoas sem teto, usuários de drogas e portadores de deficiências físicas e mentais. Qual a proposta do candidato para solucionar esse problema?

INÁCIO: Sinceramente, acredito que seja bem mais. Pelo que vejo em reportagens e com quem promove assistência social, estima-se que haja aproximadamente 3 mil pessoas vivendo em situação de rua. Essa é uma questão social complexa que envolve diferentes situações e abordagens. Esse apoio passa por restabelecer vínculos destruídos pelo capitalismo. Para solucionar esse problema vamos fortalecer o SEMAS, fazendo concursos para a pasta e acabando com as terceirizações; ampliar as casas de acolhimento, fortalecer o Cadastro Municipal de Assistência Social, para distribuição de uma renda mínima municipal, reorganizar os serviços socioassistenciais, com a contratação de Assistentes Sociais, Psicólogos e Médicos, por meio de concurso público e estabelecimentos de pontos de atendimento de Assistência Social, em UPAS, UBDS.

 Segundo dados da Secretaria de Segurança do Governo do Estado, até agosto deste ano foram registrados 4,6 mil furtos e 1,2 mil roubos em Ribeirão Preto. Quais ações o governo municipal poderia tomar para conter essa criminalidade?

INÁCIO: Primeiramente, vamos acabar com essa mentalidade de que segurança pública significa bandido bom é bandido morto. Vivemos um genocídio da população negra no nosso país. Combater a criminalidade começa nas comunidades, dando oportunidades e alternativas para os mais vulneráveis. Por isso, colocamos também a proposta de Renda Mínima Municipal como um item de segurança pública. Mas também iremos capacitar e atender os agentes da GCM, com treinamentos na área de direitos humanos e programas de saúde e bem-estar emocional para esses profissionais. Bem treinados, bem preparados e bem atendidos, os guardas poderão atuar para proteger e servir a população. Serão construídas bases comunitárias em locais periféricos, garantindo a presença desses agentes em parques públicos e unidades de saúde por toda a cidade.

A rede municipal de ensino enfrenta uma fila de espera para a vaga em creches. Quais são os planos do senhor para reduzir essa fila?

INÁCIO: Ano após ano, eleições após eleições, esse problema se arrasta. O governo Nogueira terceirizou esses serviços, nós somos contra terceirizações. Vamos criar 4 mil vagas em creches, construir de forma planejada e descentralizada pela cidade de Ribeirão Preto, a partir de levantamentos do cadastro único municipal, atualizado pela Secretaria de Assistência Social, visto que esse número deve ter aumentado frente a crise social decorrente da pandemia. Pleitearemos recursos do Fundeb, que após anos dos professores, agora se tornou política pública permanente.

Em Ribeirão Preto, apenas 23% da população é atendida pela Estratégia Saúde da Família (ESF), um dos pilares da Atenção Básica do SUS. Quais são as propostas do senhor para ampliar esse atendimento?

INÁCIO: A Estratégia de Saúde da Família deve ser implementada em todas as unidades básicas de saúde. O atendimento básico precisa chegar à população, caso contrário as pessoas sofrem esperando em filas das Unidades de Pronto atendimento. Por isso, a ESF é importante para promoção da saúde, promovendo a prevenção de doenças. Ao mesmo tempo, as terceirizações reduziram o quadro de funcionários a serviço da saúde no município. É preciso acabar com esse ataque ao funcionalismo, que só fez prejudicar ainda mais o atendimento à população. Com isso pretendemos expandir o programa de ESF e ampliar o número de equipes, de área atendida, e ampliar o sistema de Saúde Digital. É preciso reabrir o CSE da Sumarezinho. Garantir o atendimento de qualidade em todas as regiões da cidade, com servidores da saúde bem remunerados e com boas condições de trabalho. 

Quais medidas o senhor pretende tomar para reduzir a fila de espera para atendimentos especializados?

INÁCIO: A melhor maneira de solucionar esse problema, que vai se agravar no pós-pandemia é a abertura de concursos, com bons salários, para médicos especialistas. Sem isso, qualquer medida será paliativa.

No último ano, o funcionalismo público em Ribeirão Preto não obteve um reajuste relativo à inflação. O Sindicato dos Servidores fala em perdas salariais por conta disso. Em seu governo, o reajuste ou aumento real de salário dos servidores entraria em pauta?

INÁCIO: A crise econômica e a pandemia deixaram evidente a importância dos serviços públicos. Sem o SUS o número de vidas perdidas seria muito maior. Famílias estão migrando de serviços privados para a educação e a saúde pública. Mas o serviço público não se concretiza sem os servidores e servidoras. Nogueira congelou o salário do funcionalismo para dar mais dinheiro público aos empresários. Nós faremos o contrário, vamos garantir reajuste e ganho real para quem arrisca a vida salvando outras vidas. Quem ganha com isso é a população.


Foto: Divulgação

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