Eleições 2024: busca por pré-candidatos em Ribeirão Preto envolve grandes agentes da política nacional

Eleições 2024: busca por pré-candidatos em Ribeirão Preto envolve grandes agentes da política nacional

Eleições municipais de Ribeirão Preto em 2024 marcam novo momento da política e atraem a atenção de grandes atores da política nacional

Estamos a menos de um ano das eleições municipais. Os eleitores de todo o Brasil escolherão, no dia 6 de outubro de 2024, prefeitos e vereadores. Nas cidades em que for necessário o segundo turno, este será em 27 de outubro. Em Ribeirão Preto, após cumprir dois mandatos, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) não poderá se reeleger.

 

Diferente de 2020, quando liderou sem sobressaltos a disputa eleitoral de ponta à ponta, Nogueira e aliados debatem a meses nos bastidores quem deverá ser o sucessor indicado pelo tucanato ribeirãopretano. Ou, se o partido que desde os anos 1990 se mantém nas cabeças do pleito, comporá uma chapa com outra legenda indicando um vice. Isso porque, diferente da eleição anterior, na qual houve um esvaziamento de competidores com capacidade para fazer frente a Nogueira, 2024 promete envolver grandes agentes políticos, tanto no âmbito municipal, quanto nacional.

 

A lista de cartas na mesa de Nogueira é grande. Daniel Gobbi, vice-prefeito, seria a indicação "natural". Cumprindo acordos firmados em 2020 com o PP, Gobbi, que também chefia a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, tem ganhado mais destaque em eventos e em inserções na TV. Felipe Elias Miguel, secretário da Educação, é outro nome cotado. Com o perfil "gestor", Miguel já foi testado em pesquisas de intenção de voto.

 

Outro forte requerente a sucessor é o atual secretário de Esportes, Ricardo Aguiar, que já atuou na Casa Civil. A especulação mais recente foi do ex-secretário da Saúde Sandro Scarpelini, que atualmente está à frente do Supera Parque. Scarpelini comandou a Saúde durante a pandemia da Covid-19. Contudo, ele negou que seu nome esteja na mesa. “Não fui sondado e nem trabalho para este objetivo”, declarou Scarpelini.

 

BASE GOVERNISTA

 

Uma opção para Nogueira seria indicar um nome para ser vice, possivelmente, em uma chapa com Igor Oliveira (MDB). “O PSDB assim como o MDB, e outros vários partidos da base do governo municipal tem quadros de nomes representativos e com qualidades capazes de representar uma candidatura com o apoio da atual administração ano que vem.

 

A definição do nome somente ocorrerá ano que vem de preferência em convergência com todos partidos que apoiam o atual governo”, garantiu Nogueira. Ademais, o prefeito já confirmou em mais de uma ocasião à Revide, a intenção de concorrer a um cargo majoritário em 2026. Seja para o Senado ou como vice-governador, Nogueira precisará de apoio estadual e federal na disputa, por isso a possibilidade de um grande acordo em 2024 é tão importante.

 

Em outubro, Oliveira foi anunciando oficialmente como o primeiro pré-candidato à Prefeitura. O anúncio foi feito pelo deputado federal e presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. "E para não ser cobrado na minha cidade, eu queria pedir o apoio de vocês para fazer o lançamento da pré-candidatura do Igor como nosso prefeito de Ribeirão Preto. O Igor por duas vezes foi o vereador mais votado de Ribeirão Preto, foi presidente da Câmara. É um jovem idealista e trabalhador", declarou Baleia. Oliveira desbanca outro nome forte dentro do partido em Ribeirão Preto, o vereador e também ex-presidente da Câmara, Alessandro Maraca.

 

A benção de Baleia Rossi traz um capital político significativo para a candidatura de Oliveira. "Para mim foi extremamente gratificante e acredito que tenha sido num momento oportuno, afinal, participávamos de um evento com grandes lideranças do partido. O discurso do Baleia era para motivar, não só Ribeirão, mas outras cidades a lançarem suas candidaturas a prefeito pelo MDB. Quanto ao meu nome, penso que se dá pelo histórico que construí. Fui por duas vezes o vereador mais votado da cidade, eleito o presidente mais jovem da Câmara Municipal de Ribeirão Preto e na minha gestão recebi nota 10 em transparência do Ministério Público", disse Oliveira. Sobre o apoio para montar uma chapa competitiva, o vereador frisou que para governar Ribeirão é preciso uma "união de forças" e que a decisão do nome para vice será forma democrática e respeitando a opinião dos aliados.

 

DO LEGISLATIVO PARA O EXECUTIVO

 

Outros vereadores também são cotados na disputa. Marcos Papa (Podemos) garantiu que concorrerá à Prefeitura. Vereador de terceiro mandato, Papa deverá enfrentar, contudo, o tamanho do próprio partido na cidade. Com somente um vereador eleito, a legenda terá que se esforçar para formar uma aliança competitiva.

 

Outro nome sempre cogitado é do vereador Lincoln Fernandes (PDT). Em seu segundo mandato, o parlamentar foi presidente da Câmara dos Vereadores por duas vezes e atualmente ocupa o cargo de primeiro secretário na mesa diretora. "Falo com o povo todos os dias e vejo a necessidade de um gestor mais presente. Analiso partidos que tenham projeto de cidade e não projetos de poder. Por ora, estou focado em meu trabalho como vereador", afirmou Fernandes.

 

Ainda na Câmara, Isaac Antunes (PL) é outro que se lança como pré-candidato. Quadros de liderança do partido apoiam o nome de Antunes no pleito, como o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), André do Prado e o presidente nacional da legenda Valdemar Costa Neto. Afora esses nomes, Fernando Chiarelli (Patriota) e Mauro Inácio (PSOL) devem concorrer novamente nas eleições municipais.

 

ATENÇÃO NACIONAL

 

Quem deve voltar à disputa é a ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP), Suely Vilela. No segundo turno de 2020, contra Nogueira, Suely Vilela recebeu 38% dos votos válidos, totalizando 90 mil eleitores a seu favor. Na ocasião, ela concorreu pelo PSB. Dessa vez, já é dada como certa a migração de Suely para o PV, a mudança indica uma estratégia de coalização significativa. O Partido Verde faz parte da Federação Brasil da Esperança, encabeçada pelo PT e que ainda abarca o PCdoB. Toda candidatura para prefeito nas próximas eleições, vinda de um desses três partidos, deverá passar pelo crivo da Executiva Nacional do PT. Concretizando a migração para o PV, fica sinalizado que Suely será a candidata da Federação em Ribeirão Preto.

 

Todavia, esse movimento expõe um debate interno no PT ribeirãopretano. Desde 2000, com Antônio Palocci, o Partido dos Trabalhadores não chega ao segundo turno na disputa pela Prefeitura. O mais próximo disso foi em 2004, quando Gilberto Maggioni (PT) recebeu 25% dos votos, ficando com a terceira posição. Em 2020, Antônio Alberto Machado (PT), ficou na sexta posição, com 6,8% dos votos. Petistas mais antigos, que atuaram no auge do partido na cidade durante os anos 1990, sinalizam que seria hora do partido compor uma frente ampla e voltar ao poder, mas não como protagonista.

 

Caso o nome de Suely seja aceito, o PT deverá indicar o vice. No momento, os mais cotados são Antônio Machado, Jorge Roque ou Perla Muller. As vereadores Judeti Zilli e Duda Hidalgo aparecem no radar da legenda, mas dificilmente fariam frente às lideranças mais experimentadas. Com isso, o nome da ex-reitora encamparia uma grande frente da centro-esquerda no município. Entretanto, caso não se chegue a um consenso quanto a candidatura de Suely, o PT deverá concorrer com candidato próprio.

 

O deputado federal Ricardo Silva (PSD) é uma figura que pode fazer frente aos concorrentes com mais tempo de TV. "Contudo, não pretendo antecipar as eleições, que acontecem no segundo semestre do ano que vem. As decisões serão tomadas e anunciadas no tempo correto. Até porque estou no pleno exercício como deputado federal. Aliás, como deputado federal, tenho atuado de maneira incisiva na busca de investimentos para Ribeirão Preto e toda a região", ponderou o deputado. Nas eleições de 2020 Silva preferiu se manter em Brasília com seu mandato como deputado.

 

Assim como Igor, Silva também dispõe de um padrinho poderoso. Gilberto Kassab (PSD), atual secretário estadual de governo, tem posto em prática um plano arrojado de conquista das prefeituras em todo o Estado de São Paulo. Atualmente, o PSD possui 329 prefeitos; um domínio de 51% dos 645 municípios paulistas.

 

Em contrapartida, o PSDB viu sua hegemonia no estado cair de 238 para 43 prefeitos. O avanço do secretário tem preocupado aliados do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que pedem ao mandatário que redistribua o poder entre a base aliada de forma mais igualitária. Diferente de vereadores e deputados, prefeitos não precisam esperar a janela partidária que antecede cada eleição para mudar de sigla. Caso Kassab consiga atrair o apoio de Tarcísio, disputado por Igor Oliveira e Isaac Antunes, para Silva, o deputado que lidera as intenções de votos na cidade terá a máquina do estado paulista a seu favor. Vale lembrar, que em janeiro de 2022, Kassab sondou o prefeito Duarte Nogueira para que ele migrasse para o PSD e concorre ao governo paulista.  

 

 

PESQUISA

A Paraná Pesquisa entrevistou 718 eleitores entre 27 e 30 de julho em Ribeirão Preto.

 

 

 

Cenário 1

Ricardo Silva: 30,4%

Igor Oliveira: 17%

Suely Vilela: 7,4%

Fernando Chiarelli: 6,1%

Antônio Machado: 3,3%

Daniel Gobbi: 2,8%

Isaac Antunes: 2,8%

Mauro Inácio: 1,8%

Ricardo Aguiar: 1,5%

Brancos e nulos: 20%

 

Cenário 2

Igor Oliveira: 25%

Fernando Chiarelli: 11,4%

Suely Vilela: 9,6%

Isaac Antunes: 4,5%

Antônio Machado: 4%

Daniel Gobbi: 3,3%

Felipe Elias Miguel: 3,2%

Mauro Inácio: 2,6%

Brancos e nulos: 25%


Imagem: Revide

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