Câmara aprova moções de repúdio e apoio a ação da OAB

Câmara aprova moções de repúdio e apoio a ação da OAB

Na terça-feira os vereadores aprovaram uma moção de repúdio e na quinta-feira votaram a favor de uma moção de apoio; sessão teve torcida contra e a favor do pedido

Foram cerca de 48 horas o prazo entre uma sessão e outra, mas os vereadores de Ribeirão Preto conseguiram votar moções totalmente opostas em duas sessões seguidas. Na sessão de terça-feira, 29, por nove votos a oito (cinco vereadores deixaram de votar), os vereadores aprovaram uma moção de repúdio ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), protocolado na segunda-feira, 28, na Câmara dos deputados, pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

A moção de repúdio foi apresentada pelo vereador Beto Cangussú (PT), na terça-feira. Na mesma sessão, no entanto, o vereador Marcos Papa (Rede) protocolou sua moção de apoio, um pedido da subsecção de Ribeirão Preto da OAB, levada ao presidente da Câmara, Walter Gomes (sem partido) na segunda-feira. Numa manobra regimental, Cangussú pediu discussão da moção de apoio, o que adiou sua votação.

Na sessão desta quinta-feira, 31, os vereadores aprovaram a moção de apoio apresentada por Papa, diante de torcidas favoráveis e contrárias ao pedido feito pela OAB. Contrários ao impeachment classificaram de golpe o impedimento da presidente a acusaram a OAB de, novamente, estar apoiando um golpe, já que teria apoiado o golpe civil-militar de 1964.

Nas galerias, cerca de dez pessoas de cada lado, as torcidas de manifestaram ao sabor dos oradores. Quando Beto Cangussú defendeu a rejeição ao apoio, foi vaiado por uns e aplaudido por outros. Quando Papa foi defender a aprovação a situação se alternou e ele foi chamado, inclusive, de ditador.

Seis incoerentes

Na hora da votação 14 vereadores votaram sim à moção de apoio. Os vereadores André Luiz da Silva (PCdoB), Beto Cangussú e Jorge Parada (ambos do PT) votaram contra a moção de apoio. Os petistas haviam votado a favor do repúdio na terça. Já André não havia votado a moção de repúdio, mesmo com o nome registrado no painel eletrônico.

A moção de apoio também não foi votada pelos vereadores Cícero Gomes da Silva (PMDB), Genivaldo Gomes (PSD), Saulo Rodrigues (PRB) e Walter Gomes, desobrigado de votar por presidir a Mesa Diretora. Viviane Alexandre estava ausente. Cícero, Saulo e Walter já haviam deixado de votar o repúdio, mesmo com presença no painel eletrônico. Viviane tinha votado contra o repúdio.

Os demais vereadores (veja quadro abaixo) votaram a favor da moção de apoio ao pedido da OAB. Seis dos vereadores mostraram incoerência ao votar a favor do repúdio e, depois, do apoio. Foram eles Bebé (PSD), Capela Novas (PPS), Coraucci Netto (PSD), Giló (sem partido), Samuel Zanferdini e Waldyr Villela (ambos do PSD).

O presidente da Casa disse que respeita o voto de todos os vereadores e não faz nenhuma interferência. “Respeito o voto de cada um. Cada vereador vota de acordo com sua consciência”, afirmou.

O advogado e conselheiro estadual da OAB Glauco Polachine Gonçalves, que levou o pedido de apoio à Câmara juntamente com a conselheira Renata de Carlis Pereira, gostou da decisão dos vereadores em apoiarem a moção de apoio. Segundo ele o que ocorreu na terça-feira foi uma manobra que adiou a votação.

“O que importa é que a moção foi votada e aprovada, o que demonstra que os vereadores compreenderam a intenção da OAB. Eles também entenderam que houve muita repercussão negativa. Acho que foi também uma resposta às ofensas ditas contra a OAB”, afirmou.

Roberto Gandara, advogado que esteve entre os manifestantes contra a moção de apoio, disse que a matéria votada nesta quinta já estava preclusa, uma vez que deveria ter sido votada na terça. “Vejo a posição da OAB como uma defensora do golpe. Hoje a Ordem está dividida entre quem defende o golpe e quem defende a democracia. Com o pedido de impeachment, a entidade retroage a 1964 para apoiar novo golpe”.

Vereadores favoráveis à moção de apoio
Bebé (PSD)
Bertinho Scandiuzzi (PSDB)
Capela Novas (PPS)
Coraucci Neto (PSD)
Giló (sem partido)
Gláucia Berenice (PSDB)
Marcos Papa (Rede)
Maurício Gasparini (PSDB)
Maurílio Romano (PP)
Paulo Modas (Pros)
Ricardo Silva (PDT)
Rodrigo Simões (PDT)
Samuel Zanferdini (PSD)
Waldyr Villela (PSD)

Vereadores favoráveis à moção de repúdio
Bebé (PSD)
Beto Cangussú (PT)
Capela Novas (PPS)
Coraucci Neto (PSD)
Jorge Parada (PT)
Genivaldo Gomes (PSD)
Giló (sem partido)
Samuel Zanferdini (PSD)
Waldyr Villela (PSD)

Vereadores contrários à moção de apoio
André Luiz da Silva (PCdoB)
Beto Cangussú (PT)
Jorge Parada (PT)

Vereadores contrários à moção de repúdio
Bertinho Scandiuzzi (PSDB)
Gláucia Berenice (PSDB)
Marcos Papa (Rede)
Maurício Gasparini (PSDB)
Paulo Modas (Pros)
Ricardo Silva (PDT)
Rodrigo Simões (PDT)
Viviane Alexandre (PSC)

Foto: Viviane Mendes / Câmara Municipal

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