Hospital das Clínicas volta a ser alvo de debates na Câmara dos Vereadores de Ribeirão Preto

Hospital das Clínicas volta a ser alvo de debates na Câmara dos Vereadores de Ribeirão Preto

"É pior do que está se falando", declarou médico sobre a situação no HC

O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp) em Ribeirão Preto, o médico Ulysses Strogoff de Matos, criticou a nota enviada pelo Hospital das Clínicas à imprensa. O depoimento foi dado na sessão dessa quinta-feira, 20, na Câmara dos Vereadores.

Na nota, o HC não confirmou o possível fechamento de leitos no hospital. Apesar disso, admitiu demora na reposição de funcionários. “Primeiramente eu queria dizer que o que está sendo dito sobre o HC, em nada, absolutamente nada, vai contra a boa imagem do HC", advertiu o médico.

"O que acontece, é que essa nota, mesmo que ele negue ou não confirme, [...] não muda a situação crítica em que se encontra o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto [...] A gravidade é pior do que está se falando", declarou Strogoff.

O vereador Luciano Mega (PDT), que também é médico no HC, atentou para o déficit de médicos no local.

Segundo o parlamentar, existe um déficit de, aproximadamente, 400 funcionários. Além disso, ele criticou a falta de reposição salarial. "Nos últimos anos, tivemos apenas uma, de cerca de 3%. E, desse jeito, os serviços vão parando", informou.

Mega também confirmou a informação de que, nos últimos anos, houve uma redução no número de leitos. O plenário também contou com a presença de representantes do Sindicato dos Trabalhadores Públicos de Saúde no Estado de São Paulo (SindiSaude).

“O HC encolheu em sua capacidade de atendimento. Há um risco muito grande. Temos de agir de forma preventiva”, declarou o presidente da Câmara, o vereador Lincoln Fernandes (PDT).

Nota do HC

A nota destacou a qualidade e o prestígio do hospital, sendo considerado referência nacional. O hospital declarou que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo país, pelo Estado e pelo próprio HC, "muitas das notícias veiculadas não refletem a realidade". 

Segundo o comunicado, a instituição tomou o cuidado de realizar estudos técnicos, discutir com a Secretaria de Estado da Saúde e com os demais órgãos governamentais, no sentido de buscar soluções que viabilizassem as reposições de funcionários.

"Não efetuou nenhuma divulgação oficial à imprensa por entender que as tratativas estão bem encaminhadas e não seria prudente criar um clima de tensão e desconforto junto à população, tal como está ocorrendo agora", declarou o HC.

"Afirmamos que temos mantido contato direto com os órgãos técnicos governamentais, com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde, sendo que as tratativas  continuam bem encaminhadas para discussão em níveis superiores do Governo do Estado e acreditamos que, em breve, a situação estará equacionada." concluiu.

A  Secretaria de Estado da Saúde informou que está em "permanente diálogo" com o HC para garantir a assistência aos pacientes. "Cabe destacar que, desde 2019, o Governo do Estado autorizou 242 vagas para contratação de diversos profissionais, inclusive remanescentes de concursos públicos. Porém, em virtude de demissões e da necessidade da reforço das equipes, novas tratativas estão em curso", declarou.

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Vetos derrubados

Na mesma sessão, dois vetos da Prefeitura foram derrubados pelos vereadores. O primeiro, sobre um projeto de lei do vereador Lincoln Fernandes que dispõe sobre o direito de preferência na matrícula e na transferência, para os filhos de mulheres vítimas de violência doméstica nas creches da cidade.

O segundo, no projeto do vereador Marinho Sampaio (MDB), que exige, em receitas médicas, informações sobre farmácias populares no município. Com a derrubada dos vetos, ambos os textos passam a vigorar assim que publicados no diário oficial. Ao prefeito, ainda cabe a judicialização dos vetos por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin).


Foto: Câmara Ribeirão Preto

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