Militantes do PT pedem impugnação de escolha de coligação com o PCdoB

Militantes do PT pedem impugnação de escolha de coligação com o PCdoB

Decisão foi tomada por 99 votos a 8, mas descontentes com o resultado alegam que não foram cumpridas instruções do Diretório Nacional

Militantes históricos e ex-dirigentes do PT que se recusaram a participar, no sábado, do Encontro Municipal de Táticas Eleitorais pediram no mesmo dia sua impugnação ao Diretório Municipal. Dos 107 presentes ao encontro, 99 votaram pela coligação com o PCdoB e apoio à provável candidatura do sindicalista Wagner Rodrigues a prefeito.

Os contrários à decisão argumentam que a Executiva desrespeitou as instruções do Diretório Nacional e do próprio Regulamento de Encontros Municipais e Prévias, que determina que a política de alianças deve ser debatida durante o encontro e colocada para votação aberta, já que os delegados, pelo estatuto partidário, devem assumir publicamente suas posições. Dos 224 delegados inscritos, a maioria (117) não compareceu ou se recusou a votar.

“Manobra inadmissível”

O recurso teria sido protocolado ainda sábado, 2, com a assinatura de quase 70 filiados. Nesta segunda-feira, 4, os advogados Clésio Tonetto e Raquel Montero, que são filiados e representam os militantes petistas que ficaram revoltados com que classificaram como “manobra inadmissível”,  encaminham a documentação, inclusive com fotografias de cédulas prontas que foram distribuídas na fila de votação e do transporte gratuito de eleitores em vans, mais as irregularidades em todas as etapas do processo, para o Diretório Estadual, instância superior encarregada de analisar as denúncias.

Segundo os dois advogados, a Executiva do PT em Ribeirão simplesmente ignorou as orientações recebidas do Diretório Nacional, que chegou a enviar aos dirigentes locais o modelo de regimento para ser seguido, e também não deu a devida divulgação para convocar os filiados para participar do encontro bem como as regras adotadas.

Processo irregular

“Na ânsia de votar a qualquer custo, e sem o necessário debate político sobre o caminho a ser tomado, como é da tradição partidária, a direção, que tinha interesse em aprovar sua proposta, simplesmente não abriu a plenária, como determina o regimento, e impôs uma cédula na qual sequer a opção para votar pela candidatura própria era oferecida”, destaca a advogada Raquel Montero, pré-candidata a vereadora.

Entre os militantes, ex-dirigentes e dirigentes atuais que se recusaram a participar do processo que consideraram irregular e cheio de vícios, estavam o ex-presidente do PT, o sindicalista Pedro de Jesus Sampaio, a ex-vereadora Angela Roberto, os membros do coletivo Diálogo e Ação Petista (DAP) e o ex-presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim.

Além de não votar, cerca de 60 militantes permaneceram durante todo o tempo na frente da sede do PT para explicar o ocorrido aos delegados que chegavam sem saber das alterações de última hora.

Recurso

Em seu site, o diretório municipal do PT divulgou texto em que informa que um movimento de militantes e lideranças petistas encaminha nesta segunda-feira, 4, uma carta em forma de recurso à Secretaria de Organização (SORG) do PT, nas esferas estadual e nacional, para impugnar a votação.

“Fiquei com o grupo que repudia a coligação, pelo formato do Encontro e pelo momento político brasileiro”, diz Pedro Sampaio, o Pedrinho, ex-presidente do DM e que é contrário à coligação com o PCdoB, que encabeçaria a chapa em disputa eleitoral para prefeito de Ribeirão Preto.

“Não é repúdio ao outro partido ou ao candidato, mas entendo que a coligação, dessa forma, em nada acrescenta à luta dos trabalhadores”, diz Pedrinho. “O PT precisa ter candidato para defender com mais liberdade os mandatos e legados de Lula e Dilma, e não terceirizar essa defesa, não pedir isso para os outros, neste momento da história do Brasil”, emenda Sampaio. “Acho essencial que os próprios candidatos façam isso, uma defesa de forma incisiva.”

Processo democrático

No texto publicado no site o diretório municipal (DM) do PT o partido informa que promoveu o Encontro Municipal de Tática Eleitoral, no sábado, que teve discussões acaloradas e participações dos filiados e militantes dentro do processo democrático.

As ocorrências que foram registradas serão analisadas pela Comissão da Executiva Municipal do PT. A avaliação sobre o Encontro, em Reunião Ordinária, foi marcada esta segunda-feira, dia 4, a partir das 19 horas, na sede do DM (Avenida Santa Luzia, 120, no Sumaré), além da definição da data da Convenção Eleitoral do PT, com prazo máximo até 5 de agosto.

Plenária já realizada

Durante o Encontro, os filiados aptos, com mais de um ano de filiação e com as contribuições em dia, votaram e definiram que o PT abrirá mão de cabeça de chapa na eleição municipal deste ano, indiciando o vice na chapa encabeçada por Wagner Rodrigues, do PCdoB.

Dos 224 filiados aptos, participaram 107 filiados, sendo que 99 votaram pela coligação e 8 foram contrários, ou seja, queriam a candidatura própria a prefeito. Para que o Encontro ocorresse, foi realizado em 22 de junho uma Plenária para discussões e debates dos favoráveis e contrários à candidatura própria.

O Encontro ocorreu, como previsto no Regulamento de Prévias e Encontros do PT, porque foi apresentada e protocolada, em 6 de junho, a proposta de apoio da dirigente do Diretório Regional, Silvia Helena Seixas Alves, à candidatura de representante de outro partido, assinado por 22 dos 36 membros do DM.


Foto: Divulgação

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