Ministro diz que alto índice de abstenções enfraquece e debilita mandatos

Ministro diz que alto índice de abstenções enfraquece e debilita mandatos

No primeiro turno, mais de 180 mil votos não foram computados em RP por terem sido em branco, nulos ou falta de comparecimento de eleitores

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes disse neste domingo, 30, que o fim do voto obrigatório não é uma solução para o processo eleitoral brasileiro e que o alto índice de abstenção que vem sendo registrado nas eleições de 2016 enfraquece o processo eleitoral.

Em Ribeirão Preto, no primeiro turno, as abstenções, brancos e nulos superaram votos de candidatos a prefeito. Dos 435.381 eleitores ribeirãopretanos, 74,8% – 325.672 – compareceram às urnas, para escolher seus representantes na Câmara Municipal e também o chefe do Executivo. Ao final das apurações, apenas 252.047, ou 57,9%, foram computados como votos válidos.

Segundo o presidente do TSE, este número não traduz toda a realidade. "Verificamos que nos estados onde a biometria avançou mais, a abstenção cai de 18% para 10% ou 11%. Nestes locais, os cadastros estão mais atualizados”, e afirmou que isso se deve aos dados estarem atualizados na Justiça Eleitoral.

Durante entrevista na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), o presidente do TSE se posicionou contrário à campanha contra a obrigatoriedade do voto, e admitiu que o índice de abstenção verificado no primeiro turno das eleições é representativo, mas pode não ser real em razão de algumas desatualizações no sistema.

“Queria aproveitar para me posicionar contrário àqueles que se manifestam contra o voto obrigatório. O Chile acaba de fazê-lo e acaba também de colher um catastrófico resultado. O nível de abstenção foi de 60%, o que é um fato de deslegitimação brutal das eleições”, avaliou.

O presidente do TSE destacou o fato de que no Brasil o voto obrigatório está longe de ser um constraint [limitador, inibidor] absoluto. “No fundo, a multa de R$ 3 torna a justificativa muito fácil e plausível de ser feita”, completou.


Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

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