Mulheres representam apenas 32% do total de candidatos em Ribeirão Preto
Mulheres representam apenas 32% do total de candidatos em Ribeirão Preto

Mulheres representam apenas 32% do total de candidatos em Ribeirão Preto

Uma mulher compõe uma chapa para a prefeitura do município e na concorrência para a Câmara elas são menos de um terço dos postulantes

Nenhuma mulher é candidata à prefeitura de Ribeirão Preto nas próximas eleições municipais, marcadas para o dia 2 de outubro. É a primeira vez que isso acontece desde o ano de 2000. E apenas uma representante do sexo feminino é candidata à vice em uma das nove chapas registradas para a disputa, que é a professora Cleusa Colucci, vice de João Gandini, ambos do PSB.

Além disso, o número de candidatas a uma vaga na Câmara Municipal é bem menor do que o de candidatos. Ao todo, são 576 postulantes inscritos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desses, 393 são homens (68%), e 183 são mulheres (32%). Isso que no município existem 435 mil eleitores, sendo 53% mulheres, que também são a maioria na população.

A diferença é notória na divulgação das listas dos gêneros dos candidatos no site do TSE. Há partidos em que sequer há mulheres inscritas no próximo pleito, que é o caso do Democratas, PEN, PHS, PRB e PSL.

Desde 2004, ao menos uma mulher é candidata ao Palácio do Rio Branco. Na ocasião, Fátima Fernandes concorreu ao pleito pelo PSTU. Enquanto isso, na Câmara Municipal, a atual prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera, havia recebido a maior votação para o legislativo naquela eleição, com mais de 27,7 mil votos, e a segunda mais votada foi a jornalista Silvana Rezende, com 10,2 mil votos. Na casa, também tinha sido eleita para aquela legislação Fátima Rosa. Depois, nas eleições de 2008 e 2012, Dárcy foi eleita prefeita do município.

De acordo com o TSE, nas eleições municipais de 2012, foram eleitas 657 prefeitas (11,8% dos municípios) e 7.630 vereadoras (13,32% das cadeiras em disputa) em todo o País. E a situação se repete no Congresso Nacional, em Brasília. Na Câmara dos Deputados são 44 mulheres, e no Senado, são 13 senadoras.

A socióloga do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, Joluzia Batista, acredita que essa situação será contornada com uma reforma política mais completa. Para ela, as candidatas mulheres não são “atraentes para o perfil de financiamentos de campanha, em razão de suas trajetórias de luta popular e comunitária”, disse a socióloga.

A ONU Mulheres, órgão das Nações Unidas que defende a participação feminina equitativa em todos os aspectos da sociedade, aponta que as mulheres enfrentam obstáculos na incursão à participação na vida política. Para a organização, as mulheres sofrem mais com estereótipos de gênero e que por muito tempo ficou à margem de leis discriminatórias que construíram essa imagem.

“O imaginário determina lacunas de capacidade que significam que as mulheres são menos prováveis do que homens de ter a educação, os contatos e os recursos necessários para se tornarem líderes eficazes. Muitas vezes como resultado de leis discriminatórias, práticas, atitudes e estereótipos de gênero, baixos níveis de educação, falta de acesso à saúde e também pelo efeito desproporcional da pobreza nas mulheres ”, destaca a Resolução de 2011 sobre participação política das mulheres da Assembleia Geral da ONU.


Foto: Arquivo Revide/ Bruno Silva

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