Contas da prefeita estão na pauta da Câmara, mas não serão votadas

Contas da prefeita estão na pauta da Câmara, mas não serão votadas

Falta de quórum em função da suspensão de governistas impedirá votação; presidente interina da Mesa renunciará ao cargo no final da sessão

Depois quase dez meses da primeira tentativa de votação das contas anuais da prefeita Dárcy Vera (PSD), a proposta está na pauta desta terça-feira, 4, da Câmara Municipal, mas não será votada por falta de quórum qualificado de dois terços, formado por 15 vereadores.

As contas de 2012 e 2013 estão com parecer contrário do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e teve até uma sessão extraordinária convocada para o dia 15 de novembro do ano passado para votação, mas foi “desconvocada” porque o governo não tinha os 15 votos para rejeitar os pareceres.

Hoje a Casa não tem nem o número de votantes necessários. Está com 13 dos 20 vereadores em função da suspensão de nove integrantes da base governista, investigados pela Operação Sevandija, que apura a prática de tráfico de influência e recebimento de propina em troca de votos. Os suplentes não foram convocados porque não há a previsão de suspensão no Regimento Interno para a convocação.

Redução do quórum

Em sessão extraordinária realizada nesta segunda-feira, 3, a Mesa Diretora, representada pela 1ª secretária Viviane Alexandre (PSC), única dirigente não suspensa, apresentou um projeto de resolução que permitiria a redução do quórum para nove, com base nos 13 vereadores, mas a proposta foi rejeitada porque os vereadores entenderam que o projeto conteria irregularidades.

Três vereadores até redigiram um projeto que pode ser votado e que prevê a convocação pontual de suplentes, apenas para a votação de projetos específicos e que exigem quórum qualificado, mas a votação pode estar comprometida, pelo menos por enquanto, pela renúncia ao cargo da única integrante da Mesa, que deve acontecer nesta terça-feira, no final da sessão.

Dilema dos suplentes

“Eu tinha que encontrar uma solução e colocar as contas em votação. Propus a redução do quórum com base em parecer da Coordenadoria Jurídica, mas os vereadores não aceitaram. Agora vou renunciar ao cargo e eles que encontrem uma solução. Eu não posso ficar apanhando sozinha. E nem vou convocar suplentes e correr o risco de responder por improbidade administrativa e ainda ter que devolver dinheiro”, diz Viviane Alexandre.

Ela aponta que seu principal dilema é esse. Se não convoca suplentes não tem número suficiente de vereadores. Se convoca os nove terá que pagar subsídios para titulares e suplentes. “Eu não terei R$ 500 mil para devolver em caso de condenação”, desabafa.

No caso de renúncia do cargo, o vereador mais votado – no caso Ricardo Silva (PDT) – deve presidir sessões extraordinárias que levem à eleição de nova Mesa diretora em até 48 horas da vacância.

Viagem ao exterior

Além dos problemas enfrentados com a suspensão dos vereadores, Viviane Alexandre viaja nesta quarta-feira, 5, para os Estados Unidos. Ela garante que a viagem estava marcada desde o início do ano e acontece a trabalho, dela e do marido.

“Vamos à convenção anual da Jeunesse, uma empresa multinível de cosméticos e nutrição que estamos representando aqui no Brasil. A convenção acontece nos dias 7, 8 e 9. Quando marquei a viagem a Câmara estava funcionando normalmente. Agora, não posso desmarcar”, comenta a vereadora.

Não haverá convocação de suplente dela porque está prevista a falta de até 15 dias sem a convocação. “Terei os dias descontados do meu subsídio, apenas isso,” afirma.


Foto: Guto Silveira

Compartilhar: