Não há como o Cunha escapar, afirma deputado

Não há como o Cunha escapar, afirma deputado

Em visita à Ribeirão Preto, o deputado federal Ivan Valente disse que se o Conselho de Ética absolver Eduardo Cunha, caso será levado ao plenário

O líder do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), na Câmara dos Deputados, Ivan Valente (SP), esteve em Ribeirão Preto na tarde deste sábado, 20, a convite do diretório municipal do partido no município, para um diálogo com líderes de movimentos sociais da região e com o público interessado em debater a conjuntura política brasileira.

Conhecido por sua luta pela a saída do presidente da câmara dos deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo que ocupa atualmente, o deputado considerou possibilidade de o Supremo Tribunal Federal tomar a atitude de afastar imediatamente o peemedebista, enquanto o Conselho de Ética e o plenário ainda não podem deliberar.

“A situação do Eduardo Cunha realmente se complicou muito. E mesmo que ele seja absolvido pelo Conselho de Ética, o PSOL levará o caso ao plenário. E aí cada deputado colocará a digital para salvá-lo ou para expulsá-lo de vez da Câmara dos Deputados”, explica Valente.

Impeachment da presidente

Recentemente Eduardo Cunha autorizou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Ivan Valente, contudo, acredita que o impeachment, baseado em pedaladas fiscais, não tem força e nem é juridicamente competente.

Ele analisa que a aceitação do pedido de impedimento de Dilma Rousseff tenha ocorrido pelo desgaste do governo petista e a impopularidade de sua líder. “Ninguém tira uma presidente só por impopularidade. Se você provar que há desvio de dinheiro público direto com a Presidência da República então ela está submetida a um impeachment, se este for o caso”, aponta o deputado.

Ele acredita ainda que o impeachment da presidente enfraqueceu “justamente porque quem abriu o processo de impeachment não tinha legitimidade para fazê-lo, que é o senhor Eduardo Cunha”, completa.

Urgência

No término do diálogo, que contou também com a participação de Kelli Mafort, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Ribeirão Preto, Ivan Valente disse que a questão mais urgente a ser resolvida no Brasil seria a de uma nova agenda. ”Parece que há uma unanimidade nacional de que o ajuste fiscal seja a solução, mas serão os de baixo que pagarão o preço da crise”, justifica.

A filosofia do deputado é de que os ricos devem pagar pela crise, por meio da taxação de grandes fortunas, das grandes heranças, a realização de uma auditoria da dívida pública e a cobrança da dívida ativa da união – que chega a R$ 1,5 trilhão –, além do fim das desonerações tributárias.

O deputado destaca ainda que seria necessário uma injeção de capital e investimento em inovação. “É tudo o contrário do que estão fazendo. Pois eles estão apenas cortando gastos, inclusive da saúde e da educação”, critica.

Região

Ainda durante a palestra, o deputado revelou que duas emendas parlamentares serão destinadas aos movimentos sociais da região de Franca e Ribeirão Preto. O Assentamento Horto Florestal Boa Sorte, localizado em Restinga, receberá uma verba de R$ 300 mil para a instalação de uma micro-usina de leite. “Será bastante importante para agregar valor à produção de leite, que é bem expressiva neste assentamento, que no caso, em Restinga, 70 famílias serão beneficiadas. Isso significa um aumento na renda destas famílias”, destaca a líder do MST.

A emenda parlamentar para a micro-usina já foi aprovada e tramita via Instituição Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Outra quantia, que também tramita na mesma instituição, no valor de R$ 250 mil, será destinada a Ribeirão Preto. A verba será para a estruturação do Memorial Sebastião Leme – um espaço cultural e educacional localizado no assentamento Mário Lago, no bairro Ribeirão Verde. “Naquele local funcionará uma sala de atendimento odontológico. Já temos uma equipe da Saúde da Família que atua no local e iremos estruturar o espaço; temos uma biblioteca e um espaço para atividades com as crianças em um projeto que nós chamamos de Ciranda Infantil, é um local para formação pedagógica”, completa Mafort.

Esquerda fragmentada

Em dado momento do diálogo, o deputado Ivan Valente foi questionado sobre a possível fragmentação dos movimentos de esquerda. O deputado então elencou que o debate pela igualdade social, solidariedade e pelo planejamento do Estado são valores do socialismo que ele julga imbatíveis. “Não temos que ter medo e nem vergonha de falar disso. Nós não queremos um socialismo burocrático, um socialismo sem liberdade, nós queremos igualdade social. Quando o povo entrar em marcha, em uma mobilização por igualdade e reivindicações por melhores condições de vida e trabalho é bem possível que se terá uma unificação consequente”, conclui.

Foto: Ramon Faustino

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