"O Baep é melhor do que a Rota", declarou Doria em Ribeirão Preto
Seguranças do governador também frustaram uma tentativa de protesto no local

"O Baep é melhor do que a Rota", declarou Doria em Ribeirão Preto

Governador João Doria (PSDB) esteve na cidade para inaugurar novo batalhão da Polícia Militar

O governador do Estado de São Paulo João Doria (PSDB) esteve em Ribeirão Preto nesta terça-feira, 17, para a inauguração do Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep).

Ao todo, serão 260 agentes treinados pela tropa de choque da Polícia Militar, 260 pistolas, 60 fuzis e 30 viaturas. O Baep será instalado na Avenida Paschoal Innechi, onde também funciona a sede do Comando de Policiamento do Interior, no Jardim Independência.

Durante coletiva com a imprensa, o governador declarou que os policiais treinados pelo Baep serão ainda mais capacitados que os da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota).

"[O Baep] é melhor do que a Rota. É a melhor polícia do Brasil. É a Polícia Militar com o melhor treinamento do Brasil. Qualquer policial militar do Estado de São Paulo tem que treinar pelo menos um ano para ser um. Além desse treinamento, um policial que integra o Baep precisa de mais cinco meses de treinamento complementar. A melhor polícia, aprimorando ainda mais a sua qualidade. Por isso que os bandidos temem o Baep”, disse Doria.

Esse é o 11º batalhão do tipo no Estado e, segundo Doria, o de Ribeirão Preto é o maior deles. O governador também adiantou que a cidade receberá a Dronepol, com a utilização de drones na segurança pública. A medida já está sendo testada na Capital. “Incorporamos também a compra de outros armamentos pesados e de fuzis, com a autorização do exército, para uso em situações especiais”, acrescentou Doria.

Ao final do discurso, Doria desceu do palanque e fez um discurso inflamado de apoio incondicional à Polícia Militar do Estado. Em frente às fileiras de policiais, o governador reiterou os elogios ao batalhão. "Vocês são heróis, porque abraçaram essa profissão. A Polícia Militar, é o orgulho de São Paulo. E eu como governador do Estado, faço questão, mais uma vez, de reafirmar, tenho orgulho da melhor polícia do Brasil", declarou o governador.

Também participaram da solenidade o secretário de Segurança Pública do Estado, general Campos, e o secretário de Desenvolvimento Marco Vinholi. Os deputados Leo Oliveira (MDB) e Rafael Silva (PSB), além do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e vereadores.

A inauguração do Baep era uma promessa de campanha do governador. No início do ano, chegou a ser motivo de discussão na Câmara dos Vereadores devido à demora na definição para a data de entrega.

Inicialmente, segundo o próprio governador, tinha previsão de inauguração em junhodepois, foi prometido para outubro.

Menos inteligência

Os deputados da região também puderam falar aos policiais e ao público que assistia a apresentação sob um forte sol. “Defino como ágil, eficaz e competente a gestão do governador João Doria”, elogiou o deputado Leo Oliveira (MDB).

Apesar dos elogios, Oliveira lembrou que a região vive uma redução do setor de inteligência da polícia. Com a perda, sem reposição, de policiais civis, investigadores e delegados. “Nós sofremos, nos últimos três anos, oito ataques de quadrilhas fortemente armadas [...] e para piorar a situação, o efetivo da polícia, nesses últimos 16 anos, vem encolhendo. [...] Portanto, esse gesto do senhor, é extremamente importante”, declarou o deputado.

Troca-troca

Durante o discurso do governador, a estudante de Direito da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, Maria Eduarda Alencar Hidalgo, caminhava impaciente pelo local por onde passaria o governador.

Nas mãos, a estudante levava fotos dos nove jovens mortos durante a operação da Polícia Militar na favela de Paraisópolis, em São Paulo. Os jovens morreram pisoteados após uma ação da polícia em um baile funk na comunidade.

Enquanto a estudante tentava encontrar uma brecha, seguranças, já cientes da situação, comentavam entre eles que existiam "manifestantes" no local.

Com isso, o local da coletiva foi trocado três vezes, para que Doria pudesse se encontrar apenas com os jornalistas, e ninguém mais pelo caminho.

Mesmo assim, a jovem conseguiu entrar na sala de imprensa. Porém, foi revistada e teve que deixar a mochila e as fotos com uma policial militar do lado de fora. Ficou distante do governador, cercada por assessores do governo e seguranças.

Questionada sobre o que faria com as fotos, Maria respondeu que as entregaria ao governador. "Para ele lembrar que o que a juventude quer é cultura e educação, não bala e repressão", declarou.

Apenas o necessário 

Além de se esquivar dos manifestantes, o governador também se esquivou de perguntas sobre outros temas que não fossem ligados à segurança pública.

Doria foi questionado sobre a reforma da previdência estadual, sobre o que ele pensava a respeito do fundo eleitoral e sobre uma ação da polícia em um protesto escolar na cidade de Barueri. "Só responderemos temas pertinentes à segurança pública", respondeu Doria.


Foto: Paulo Apolinário

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