"O segundo turno será um plebiscito contra o bolsonarismo", afirma Mariana Conti

"O segundo turno será um plebiscito contra o bolsonarismo", afirma Mariana Conti

Pré-candidata do PSOL ao governo do Estado de São Paulo esteve em Ribeirão Preto neste sábado, 2

Ao final de março o PSOL apresentou Mariana Conti, de 36 anos, para concorrer ao Governo do Estado de São Paulo, que até então seria o pré-candidato Guilherme Boulos. A Socióloga e servidora pública exerce atualmente seu segundo mandato de vereadora em Campinas-, tendo sido a parlamentar mais votada da cidade nas últimas eleições. 

Por que o PSOL optou por ter uma candidatura própria?

MARIANA: É importante que tenhamos uma candidatura própria porque temos a necessidade no Estado de São Paulo de derrotar o ‘Tucanato’ que está no governo há 27 anos. Temos Estado mais rico da Federação, mas ao mesmo tempo, um Estado que concentra muita desigualdade social. É um absurdo que o Estado tenha uma escola pública em uma situação terrível, com professores mal remunerados, analfabetismo, além disso, problemas gravíssimos no ponto de vista de concentração da renda.

Temos, por exemplo, a cana-de-açúcar tomando conta do Estado de São Paulo, enquanto a gente sabe que os pequenos produtores tem muita dificuldade de se manter e de produzir. É dentro de um contexto de grave crise e de fome que o povo está passando a importância que haja uma mudança e uma reorientação na política e o PSOL combate exatamente isso. .

Em um eventual segundo turno sem o PSOL, vocês apoiariam Fernando Haddad (PT)?

MARIANA: A gente sabe que o governo atual é um desastre, corrupto, genocida, anti-povo, e o Bolsonaro tem tentado emplacar o seu candidato aqui no Estado de São Paulo. Então em um segundo turno, qualquer candidato, caso não seja um candidato do PSOL, nós apoiamos e podemos discutir de fechar uma frente contra o candidato do bolsonarismo. É necessário que a gente derrote esse projeto de extrema direita autoritário. A eleição no Brasil acontece de dois turnos, o primeiro turno tem que ser somente de projetos, o segundo é plebiscito, todos contra o Bolsonaro e o bolsonarismo.

Qual a sua avaliação a respeito do que foi deixado pela atual gestão do Estado de São Paulo?

MARIANA: Um desastre. Além dos aspectos que já comentei, tem o aspecto da crise ambiental, a política que tem sido feita pelo PSDB no Estado de São Paulo, e quando digo PSDB quero dizer é o tucanato para além do partido, são os tucanos e seus aliados históricos. Então, a avaliação que a gente faz é que essa herança deixada no Estado de SP, é terrível, de desigualdade social, ataque ambiental, a gente viveu o que foi a seca de 2015, por exemplo, que na época era Geraldo Alckimin.

Vimos que a política que foi feita de destruição da floresta e de grandes  reservatórios que secaram em 2015, é uma política destrutiva e burra. Além de grandes destruições de escolas públicas, quando este mesmo governador em questão fechava escolas e criava presídios, favorecendo o crescimento do crime organizado e ameaça a segurança pública. Nosso programa então, é o de mudar completamente a forma de gestão no Estado de São Paulo.

Atualmente a bancada dos partidos de esquerda é minoria na Alesp, mesmo com o PT elegendo muitos deputados. Acredita que esse quadro pode mudar nas próximas eleições? E, se eleita, como pretende governar com a minoria na Assembleia?

MARIANA: Eu espero que mude, vamos fazer um grande esforço para mudar o quadro da assembleia legislativa. O que não da para manter, é essa relação escura que existe entre o executivo e o legislativo, a gente sabe que existe uma relação que muitas vezes é de favorecimento e de troca de favores, isso nós somos contras. Para conseguirmos mudar essa situação, é preciso fortalecer as organizações, a luta popular e o diálogo com quem está sendo afetado por essas políticas. É importante manter uma relação com o legislativo, mas essa relação não pode ser baseada e orientada pela troca de favores”.

A política de arrecadação de impostos sobre os combustíveis, em específico o ICMS, tem sido muito atacada pelo governo federal. Se eleita, a senhora pretende promover mudanças na alíquota?

MARIANA: Essa narrativa que o Bolsonaro tem feito, de colocar a responsabilidade dos preços dos combustíveis na alíquota é para tentar se eximir da responsabilidade que é do próprio Governo Federal. O preço do combustível, o preço do gás de cozinha esta atrelado ao dólar e é consequência dos processos de privatização da própria Petrobrás. Isso é um absurdo porque o Brasil tem condições de ser auto-suficente na produção de combustíveis, a Petrobrás tem condição de tecnologia, inclusive poderia ser uma empresa de centro de transição energética. Só não faz porque a prioridade é remunerar seus acionistas, que enquanto os preços estão nas alturas, eles estão preocupados com os investidores que estão ganhando bilhões com a própria Petrobrás”.

O número de pessoas mortas pelas polícias de São Paulo é o menor em 20 anos. Quais medidas em prol das policias pretende tomar para manter e também melhorar esses indicadores?

MARIANA: Uma questão muito séria é a desmilitarização da policia, isso é uma herança da ditadura, esse modelo militarizado é um modelo falido que nós herdamos do golpe de 64, então o que a gente tem para pensar, é que primeiro: precisamos ter policiais agentes e todo um conjunto de trabalhadores bem remunerados, com direitos e com possibilidade reorganização. Além disso, precisamos investir na polícia científica, com inteligência, por que olhando para os pequenos delitos, eles são mais consequências do que causas. As causas estão recentemente no crime organizado e que precisa ser desmontado”.


Foto: Câmara Municipal de Campinas

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