
Perfil do candidato: Jorge Roque
"Temos que alavancar o desenvolvimento industrial, com reformas estruturais, o que só é viável por meio de participação e organização popular"
O cientista social e advogado Jorge Roque, do PT, é o candidato a prefeito de Ribeirão Preto pela frente formada com os partidos PV, PCdoB, Rede, Psol, PCB e PMB, tendo Artemízia Torres (PSol) como vice. Esta será apenas sua segunda disputa um cargo público. Na primeira, para deputado federal em 2018, diz ter feito mais uma campanha de resistência e reconstrução do PT, à época fragilizado pela Operação Lava Jato, a prisão de Lula, entre outros fatos políticos. “Nós fizemos, então, uma campanha conscientes de que não chegaríamos lá, mas, até certo ponto, atingimos nossa finalidade: conseguimos dar vida orgânica ao PT aqui, o que se refletiu numa candidatura própria em 2020 para prefeito, quando elegemos duas vereadoras”, afirma.
Aos questionamentos acerca de sua inexperiência, Jorge contrapõe sua atuação política desde a adolescência. Quando estudante na Universidade Federal de Minas Gerais, começou a participar de forma ativa do movimento estudantil, tendo sido presidente do Centro Acadêmico de Ciências Sociais e coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG por cinco anos. Militou no PCB de Minas Gerais, de 1999 a 2002, tendo sido dirigente de diretórios municipal, estadual e nacional; no PcdoB (MG) atuou de 2022 a 2016, chegando a dirigente estadual. Em fevereiro de 2018 filiou-se ao PT e, em novembro de 2019, assumiu a presidência de seu diretório municipal, que ocupa até hoje.
“Dirigir um partido igual ao PT, que tem muitas correntes, muito debate, muita disputa interna demanda preparo político. Também atuo profissionalmente em movimentos sindicais e acompanho muito a política, além de ser um estudioso dela, do país e da economia brasileira. Conhecemos bem a cidade. Creio que estamos muito preparados para dirigi-la. Também sei o que quero para Ribeirão”, defende.
Ele nasceu Jorge Augusto Roque Souza em 14 de outubro de 1977. Herdou o interesse pela política do pai, o advogado e militante de esquerda Jorge Marcos Souza, que chegou a se candidatar a deputado federal pelo PCB, em 1986, e foi duas vezes presidente da seccional ribeirãopretana da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Aos 46 anos, Roque é pai de Elisa, de 7, fruto do primeiro casamento. Divorciado desde 2018, é atualmente noivo da também advogada Elisa Silveira Arut.
Profissionalmente, iniciou carreira como professor universitário após formar-se em Ciências Sociais (2002) e se especializar em Ciência Política (2005). Por dez anos deu aulas e atuou em atividades de pesquisa na Faculdade Santa Luzia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Em 2009, voltou a Ribeirão Preto, onde formou-se em Direito (2013) e fez mestrado na área pela USP (2018). Atua nela até, sem nunca ter abandonado a militância política.
Diz que a atuação em alguns casos de grande repercussão do ponto de vista constitucional ajudou a despertar seu interesse em se candidatar a prefeito. O primeiro, de reestruturação da Smar, de Sertãozinho, quando a empresa entrou em recuperação judicial. “Fizemos algo que é inédito até hoje. Tiramos os sócios, falimos a empresa, porque devia mais de R$ 2 bilhões em impostos, e criamos a Nova Smar. Na prática, a empresa nunca parou de funcionar, e os donos agora são os trabalhadores, que a receberam como pagamento de créditos trabalhistas”, conta. “Eu acho que é um caso relevante porque mostrou um modelo eficiente do ponto de vista econômico, no qual os trabalhadores dirigem e auferem os resultados. É um exemplo daquilo que a gente precisa fazer no país”, acrescenta.
Apesar de aparecer com apenas 7,5% das intenções de voto em pesquisa recente, Roque acredita que ganhará a eleição. “A campanha começou agora. Ainda vai ter debate, companha de televisão, e a gente acredita que vai bem nos debates. Estamos preparados!”, diz.
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