Ribeirão Preto também tem protestos contrários à reforma da previdência proposta por Temer

Ribeirão Preto também tem protestos contrários à reforma da previdência proposta por Temer

Manifestantes questionam a falta de aprofundamento do diálogo com os trabalhadores; governo diz que precisa fechar as contas

Ribeirão Preto também teve manifestação de pessoas contrárias à reforma da previdência nos termos apresentados pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB). Entre as principais críticas da população está o tempo necessário de contribuição para que os trabalhadores possam se aposentar integralmente (49 anos), além da equiparação da idade da aposentadoria entre homens e mulheres e a velocidade com que a reforma tem transitado em Brasília.

Participaram da manifestação na esplanada do Theatro Pedro II entre 600 pessoas – de acordo com estimativa da Polícia Militar – e mil manifestantes – segundo os organizadores do movimento. Entre as entidades que estavam presentes no protesto na noite desta quarta-feira, 15, estavam o sindicato dos funcionários dos Correios, dos Professores, dos Judiciários, dos Médicos, dos metalúrgicos de Sertãozinho e entidades representativas da Polícia Civil, dos servidores municipais e movimentos de luta por moradia.

A advogada, especialista em direito do trabalho, Franciele Balmant, que participou do ato, disse que tem convívio diário com pessoas que buscam a aposentadoria, e que isso revela uma realidade a respeito das jornadas de trabalho, apontada por ela como extenuantes, de quem já contribuiu por mais de 30 ou 40 anos, além disso, ela considera injusta a equiparação de idade para a aposentadoria entre homens e mulheres, já que ela destaca que as mulheres ainda mantêm cargas maiores de jornadas duplas de trabalho do que os homens, em virtude das atividades domésticas.

“É impossível ver uma pessoa no Brasil, aos setenta anos conseguir aposentar e estar trabalhando por não conseguir ainda o teto máximo da aposentadoria. Isso prejudica a classe baixa de nosso país. Assim, como em relação a mulher, a proposta diz que as idades de aposentadoria dos dois sexos se igualem, mas não leva em conta que a mulher continua com uma dupla jornada de trabalho, ganhando menos em algumas posições, situação que já foi observada na Constituição de 1988, que a mulher já tem a maternidade, tem os serviços domésticos - que um dia ainda serão igualados, mas ainda não é o caso”, explicou a advogada, que acredita que devam ser apresentadas mais propostas para a reforma da previdência, que ela acha necessária, mas em outra conjuntura, na qual as empresas que devem para o governo devam ser cobradas por esses passivos.

O mesmo ponto de vista defendido pelo economista Daniel Bellíssimo, também presente na manifestação, que acredita que a reforma na previdência social seja necessária, mas que seja discutida com mais profundidade pela sociedade, e não a toque-de-caixa, como ele acredita que venha ocorrendo.

“Assim como boa parte da população, acredito que uma reforma da previdência seja necessária, o problema é como. Ela está sendo feita a toque-de-caixa, sem discussão com a sociedade, que exige que tenha uma discussão ampla e complexa. São uma série de coisas a serem discutidas, e estão querendo impor este projeto. O Temer mesmo se aposentou com 55 anos, assim como muitos deputados, que se aposentaram com grana altíssima”, analisou.

Para fechar as contas

Nesta semana, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que as contas do governo não fecharão no futuro caso a reforma na previdência não ocorra, já que de acordo com eles, nos próximos dez anos a previdência consumiria 70% da arrecadação do governo. Para Meirelles, a reforma na previdência diminuiria a dívida pública e os juros, o que criaria condições favoráveis para o crescimento da economia.


Foto: Leonardo Santos

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