Secretarias já viram 40 comandos diferentes no 2º mandato de Dárcy

Secretarias já viram 40 comandos diferentes no 2º mandato de Dárcy

Foram 20 trocas de cadeiras nos últimos anos, mas algumas pastas veem os lugares com donos únicos


Desde o início do segundo mandato da prefeita Dárcy Vera (PSD), em janeiro de 2013, ocorreram 20 trocas de secretários municipais em 20 pastas analisadas pelo Portal Revide. Foram 34 pessoas diferentes que assumiram algum cargo no período. São 40 comandos distintos, já que alguns secretários acumulam (e acumularam) funções desde o começo do mandato.
 

Na semana passada, Osvaldo Braga assumiu a Secretaria de Infraestrutura, antes sob o comando de Ana Delgado. Braga já havia sido o chefe da Coordenadoria de Limpeza e de Fiscalização Geral, também nos últimos três anos.

A pasta da Infraestrutura é a campeã de mudanças nesta gestão, com cinco líderes em pouco mais de dois anos. O atual governo começou com Iussef Miguel Iun – o professor Zezinho, remanescente do primeiro mandato. Mas, em março de 2013, o vice-prefeito, Marinho Sampaio, acumulou o cargo com o executivo até outubro daquele ano, quando a empresária Isabel de Farias o assumiu.

Isabel ficou à frente da Secretaria até maio deste ano, quando foi substituída por Ana Delgado, para se dedicar apenas à Secretaria de Governo, com a qual dividia as atenções desde fevereiro, quando Osvaldo Ceoldo pediu exoneração para cuidar de assuntos pessoais.

A Secretaria de Governo foi outra que viu muita gente passando pelo gabinete. O segundo mandato começou com Jamil Albuquerque, que também vinha desde o primeiro governo. No entanto, ainda em agosto de 2013, Albuquerque pediu para sair para se dedicar a especializações no exterior. Assim, Ceoldo assumiu e permaneceu no cargo até abril de 2015, dando lugar a Isabel, que em dezembro já havia experimentado a pasta, quando foi interina por um mês, enquanto o titular estava de licença.

Já a Coordenadoria de Limpeza, que quase foi extinta este ano, em razão de um plano da Administração Municipal para contenção de gastos, foi outra com intensa troca de nomes nos últimos anos. Os já citados Osvaldo Braga e Isabel de Farias estiveram no comando, que nos últimos meses já foi de Luís Roberto Garcia Martins e, desde agosto, é de responsabilidade de Marcelo Reis.

Outro setor onde houve várias trocas foi a Coordenadoria de Comunicação Social da prefeitura. Pela imprensa, já passaram Eliezer Guedes, que acompanhava Dárcy Vera desde o começo do primeiro mandato. Em abril de 2013, Guedes saiu para entrada de Carlos Eduardo Pinho, que ainda em 2013 deu lugar a Hélio Pellissari, que deixou o cargo em julho deste ano, para dar lugar a Rita de Sousa, atual coordenadora.

Na Educação, Angelo Invernizzi é o comandante desde fevereiro deste ano, quando assumiu o lugar de Débora Vendramini, que também era fiel escudeira de Dárcy desde a primeira gestão.

Já a Secretaria de Esportes começou o segundo mandato com o jornalista Marcelo Palinkas à frente. Palinkas seguiu até julho de 2014, quando deu lugar a Layr Luchesi Júnior, que acumulou a pasta com a Casa Civil. Foi Palinkas que começou as tratativas para Ribeirão receber os Jogos Abertos do Interior 2015, que o município desistiu, em agosto, de realizar.

Na Secretaria de Negócios Jurídicos, Marcelo Lorenzi substituiu Vera Zanetti, porém a função não foi uma surpresa para o advogado, já que ele já trabalhava na pasta anteriormente.

O advogado Marco Antonio dos Santos, que hoje está à frente do Daerp, no lugar de Marcelo Galli, deixou a Secretaria de Administração em maio, para dar lugar a Guilherme Henrique dos Santos.

Os intocáveis

Enquanto algumas secretarias viram uma grande dança de cadeiras, outras não foram tão movimentadas. O Turismo conta com Tanielson Campos desde o primeiro mandato, por exemplo. Antes, ele já havia sido superintendente do Daerp. Abranche Fuad Abdo é outro que acompanha Dárcy durante todo o segundo mandato na Secretaria de Obras, e também vem desde 2009 no governo.

As turbulências que tomaram a pasta da saúde nos últimos anos, como no caso da morte da estudante Gabriela Zafra em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no município, constatada com meningococcemia em maio de 2014, e as reclamações de atrasos nos repasses para hospitais, não foram o suficiente para derrubar o secretário Stênio Miranda, que também segue desde o início do mandato, cargo que ocupa desde 2010. Já na Cultura, Alessandro Maraca foi outro que passou por momentos turbulentos, mas que se mantém forte desde o início desta gestão.

Outra personagem que está na prefeitura durante todo o segundo mandato de Dárcy é a Secretaria de Assistência Social Maria Sodré, assim como Layr Luchesi Júnior, que além da pasta de Esportes, ocupa a Secretaria da Casa Civil desde o primeiro governo.

Além dele, Fernando Piccolo, na Secretaria de Planejamento, William Latuf, na Transerp, e Francisco Nalini, na Fazenda, também são oriundos desde os primeiros anos de Dárcy na prefeitura. No Meio Ambiente não foi Daniel Gobbi que iniciou este governo, porém o advogado está à frente da pasta desde abril de 2013, quando entrou no lugar de Mariel Silvestre.

Da turma de 2009

Da turma de secretários que começaram o mandato lá em 2009, Fuad na secretaria de Obras e Maria Sodré na Assistência Social são os remanescentes. Outros que permaneceram até 2015, mas já saíram, são Débora Vendramini, na Educação, e Marco Antônio dos Santos, hoje no Daerp, mas que começou na Administração. Latuf na Transerp é outro que faz carreira na prefeitura.

Secretários em janeiro de 2009: Secretaria de Governo, Paulo Saquy; da Casa Civil, Celso Sterenberg; da Administração, Marco Antônio dos Santos; da Assistência Social, Maria Sodré; Cultura, Adriana Silva. Na Educação Débora Vendramini; na Secretaria de Esportes, Roberto Palmieri de Souza; na Fazenda, Francisco Pinghera; na Infraestrutura, José Roberto Hortêncio Romero; Meio Ambiente, Joaquim Rezende; Negócios Jurídicos, Vera Lúcia Zanetti; Secreta­ria de Obras, Abranche Fuad Abdo; Secretaria de Planejamento e Gestão Pública, Ivo Colichio Júnior; e Carla Palhares Queiroz na Secretaria da Saúde.

“Falta de legitimidade”

O cientista político Fábio Pacano acredita que essas alterações podem atrapalhar o governo, isso porque as mudanças atrapalham a continuidade dos projetos da prefeitura e também pode gerar insegurança em alguns funcionários, que por vezes estão lá por indicação política.

Pacano também aponta que essas mudanças ocorrem pela necessidade de se manter a governabilidade. O cientista compara o cenário nacional com o municipal, isso porque o executivo recorre as alianças para conseguir governar.

“É decorrência da falta de legitimidade do governo, não legitimidade jurídica e política, já que esse governo foi eleito. Mas a legitimidade que falta é resultado de um processo contínuo de construção de imagem de um governo”, afirma Pacano, que diz que essa situação é comum em segundos mandatos de prefeitos, governadores e presidentes, devido ao desgaste.

Outro lado

A Prefeitura de Ribeirão Preto foi procurada pela reportagem, mas, até a edição da matéria, não havia respondido aos questionamentos. A Coordenadoria de Comunicação Social informou que a prefeita está em viagem a São Paulo e não foi possível contactá-la. 

Revide On-line
Leonardo Santos
Fotos: Arquivo Revide

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