Trajetória de ascensão

Trajetória de ascensão

Surpresa para analistas políticos, a participação de Marco Aurélio nas eleições 2024 traz novos ares a um cenário onde predominam políticos de carreira

Estreante na política, o empresário Marco Aurélio Martins chegou ao final da disputa eleitoral em 2024 como uma grande surpresa. O candidato do partido Novo chegou ao segundo turno — e quase foi eleito —, logo em sua primeira tentativa ao cargo de prefeito de Ribeirão Preto.  Marco Aurélio começou sua campanha de forma discreta e conquistou 66.136 eleitores — 24,94% do total de votos válidos no primeiro turno. No segundo turno, saltou para 49,87%, conquistando 130.734 mil votos. Ele perdeu para Ricardo Silva (PSD) por 687 votos. Considerada histórica, a diferença corresponde a 0,26% dos votos válidos na cidade. Foi o segundo turno mais acirrado do Estado de São Paulo, com 8,13% de votos nulos e 3,85%, em branco.
 

A alta taxa de abstenção em Ribeirão Preto — 179.759 eleitores deixaram de votar —, também surpreendeu. O número supera o de votos válidos recebidos pelo candidato eleito, Ricardo Silva (PSD), e coloca a cidade como a com maior taxa de abstenção no estado. Para o empresário, o resultado foi uma grande vitória. “Saímos gigantes dessa disputa com um nome que nunca foi político, que se apresentou à população e levou o recado. Foi um partido contra um grande sistema, com mais de dez partidos, com ‘apadrinhagem’, com a máquina, com o deputado federal trazendo recursos de emendas parlamentares para poder trazer capital político na cidade, ainda assim, tivemos um empate com esses grandes grupos políticos. Foi realmente uma grande vitória, que cria uma nova liderança para Ribeirão Preto e região, já com o objetivo de construção e consolidação de processos para transformar a política do Brasil”, comentou Marco Aurélio, agora embaixador do Partido Novo no Estado de São Paulo.
 

Durante o primeiro turno, o candidato alega que investiu em uma campanha simples, mas efetiva, utilizando as redes sociais como principal plataforma de compartilhamento de ideias e diálogo direto com a população. "Acredito na proximidade e na escuta. Foi ouvindo cada pessoa, que construímos uma campanha realmente participativa", explicou o empresário. Com essa estratégia, Marco Aurélio conseguiu criar uma rede de apoiadores que impulsionou seu nome até o segundo turno.
 

Continuidade do projeto político
 

Mesmo com a derrota, o desempenho de Marco Aurélio nas urnas indica uma nova força política surgindo em Ribeirão Preto. Consolidado como uma liderança política, o empresário foi credenciado como embaixador estadual do Partido do Novo com a incumbência de constituir mais lideranças. O candidato declarou que pretende manter um papel ativo, seja na vida pública ou na criação de projetos sociais e educacionais, uma de suas principais bandeiras de campanha. "Não vejo essa experiência como um fim, mas como um começo. Quero continuar contribuindo para uma Ribeirão Preto mais humana e próspera. Essa eleição em Ribeirão Preto está sendo estudada como um caso único no Brasil, mostrando que é possível fazer diferente com uma boa comunicação e um olhar sincero", enfatizou.
 

Recontagem de votos


Na manhã da última quarta-feira, 30 de outubro, Marco Aurélio reuniu a imprensa para anunciar a solicitação do partido de uma revisão da apuração em Ribeirão Preto. Segundo ele, não há nenhuma dúvida com relação ao processo eleitoral, mas como a diferença foi pequena, a checagem precisa ser feita. “Não acreditamos que tenha nada errado com o resultado, mas fomos questionados pela população sobre a demora na apuração, e estamos buscando essa transparência. Acreditamos que a Justiça e o processo eleitoral funcionam, mas se a própria Justiça Eleitoral disponibiliza os dados para que sejam checados, e o partido tem essa prerrogativa, nada mais justo do que cumprir o dever do partido de checar e apresentar essa análise à população”, afirmou.

 

Professor de Direito Eleitoral, Luiz Eugênio Scarpino considerou a atitude do partido Novo ‘desnecessária e afrontosa’. “A Justiça Eleitoral já tem clareza a considerar esse tipo de conduta como abusiva e atentatória ao processo democrático. Não existe nenhum elemento objetivo que legitime o candidato a solicitar tal expediente. A auditoria pode ser feita através do controle dos boletins de urna, que são emitidos por cada uma das urnas ao final da votação. Esse tipo de alegação pode demonstrar uma grande irresponsabilidade e desprezo pelo processo democrático, é absolutamente sem precedentes e sem base de sustentação jurídica, um escárnio à própria qualidade do processo democrático. Entendo que não deve ser admitido pela Justiça”, concluiu.
 

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