Vereador de Ribeirão pediu para homenagear patrocinador, mas diz que foi engano
Igor Oliveira fez um projeto para homenagear empresa que patrocina programa que apresenta na televisão
Um projeto do vereador Igor Oliveira (MDB) chamou a atenção na pauta da sessão desta quinta-feira, 14, da Câmara Municipal de Ribeirão Preto. Não se trata de um projeto de lei polêmico, mas, sim, uma homenagem. A questão é que o tributo seria endereçado a uma empresa que patrocina o programa que Igor, que é presidente da Câmara, apresenta, em um canal de TV da cidade.
A homenageada seria uma clínica odontológica que atua em Ribeirão Preto e região e veicula inserções comerciais no Programa do Léo, que é apresentado por Igor e por seu pai, o deputado estadual Léo Oliveira (MDB).
O projeto de Igor propunha o título de Empresa Amiga Cidadã de Ribeirão Preto. Na justificativa do vereador para apresentação do projeto, ele destacou as doações da clínica para entidades assistenciais, serviços prestados a pessoas carentes, entre outros.
A proposta foi lida na sessão da última terça-feira, 12, um dia após de ter sido formulada pelo presidente da Câmara e receber a assinatura de outros vereadores no dia anterior. A láurea, caso fosse aprovada pelos outros vereadores, seria entregue em uma sessão solene da Câmara Municipal.
Questionado pela reportagem do Portal Revide sobre um possível conflito de interesses entre a atuação como parlamentar e apresentador de televisão, em razão da homenagem proposta, o presidente da Câmara, por meio da assessoria de comunicação, mostrou-se surpreso com a inclusão do projeto na pauta da sessão desta quinta-feira e, desta forma, e acredita que houve um equivoco, já que ainda não tinha recebido parecer da Comissão de Constituição e Justiça, que formulou a pauta.
No entanto, o vereador afirmou à reportagem que pedirá que o projeto seja retirado da pauta da sessão. Pelo regimento interno da Câmara, o projeto uma vez retirado, não pode voltar a ser discutido.
Opinião
O cientista político Luiz Rufino acredita que, no Brasil, existe uma confusão entre o público e o privado e que isso ainda é “um marco explicativo válido para a compreensão da vida em sociedade no Brasil”.
“Os exemplos são muitos, mas basta pensar na relação de rapina que muitos dos nossos compatriotas têm com o espaço público. Quando um político declara uma empresa privada como cidadã, ele não pode possuir relações pessoais com essa empresa, pois estará incorrendo na prática de privilégios usando a casa de máquinas para benefício privado”, afirma.
Foto: Allan S. Ribeiro/Câmara
