Projeto da prefeitura não respeita lei municipal
"Caçamba Social", que tem meta de tirar 10 caminhões de lixo das ruas por semana, não respeita regras de identificação
O projeto Caçamba Social, lançado pela prefeitura de Ribeirão Preto no começo de abril, tem a intenção de minimizar o descarte irregular de lixo em algumas áreas do município, porém, o projeto não segue normas estabelecidas pelo próprio Governo Municipal.
Isso porque desrespeita a Lei Ordinária 6.964, de 1994, assinada pelo então prefeito Antonio Palocci, que diz todas as caçambas e containers destinados ao recolhimento de entulho devem ser pintados com a cor amarela, para uma boa identificação, por parte dos moradores e motoristas, caso estejam estacionado sob a via.
E as caçambas do projeto estão identificadas com outras cores, entre elas, o amarelo, que servem para separação do tipo de material que deve ser descartado no local, como entulho (verde), plástico (vermelho), madeira (amarelo) e papel (azul).
Além disso, as caçambas não seguem a legislação em outro aspecto, já que a mesma lei exige que na parte traseira das caçambas ainda contenham a informação que “cuidado caçamba”, em tinta reflexiva, no tamanho 30cmx 50cm.
No lançamento do projeto, a prefeita Dárcy Vera (PSD) afirmou que a cidade sairia na frente com a iniciativa, e que serviria de modelo para outros municípios. “Nossa meta é que empresários e empresas também adotem esta ideia e a levem para outros bairros e regiões da cidade”, disse Dárcy, na ocasião.
As primeiras caçambas do projeto foram instaladas na rotatória das avenidas Pedreira de Freitas, com a Patriarca, no Jardim Branca Salles, e esperam recolher 10 caminhões de lixo por semana, que antes seriam descartados irregularmente nas ruas.
Não é para todos
Questionado pelo Portal Revide, o coordenador de Limpeza Urbana de Ribeirão Preto, Marcelo Reis, afirmou que a Lei 6.964 destina-se apenas à regulamentação de atividades comerciais e não se aplica ao poder público. O documento, no entanto, não especifica qualquer diferenciação entre atividades públicas e privadas. "O projeto não tem a finalidade de ser uma caçamba e sim um ecoponto popular. Elas são coloridas para incentivar a separação do lixo", diz Reis.
Para o cientista político Fabio Pacano, a ideia do projeto é interessante, do ponto de vista ambiental, para o município. No entanto, ele acredita que deveria ser adequado à lei. "Leis são baseadas em determinações técnicas de segurança. Acho que tem que se zelar pela segurança. Ou se faz a caçamba dentro do padrão exigido ou se faz uma emenda mudando a regulamentação", afirma.
Foto: Carlos Natal/ Prefeitura de Ribeirão Preto