Saiba mais sobre os riscos do excesso de exposição à radiação em exames de imagem
Para explicar o tema, o Portal Revide entrevistou o Dr. Mario Müller Lorenzato
Segundo o relatório de Impacto das Fraudes e dos Desperdícios sobre Gastos da Saúde Suplementar, realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o Brasil é um dos países que mais realizam exames de imagem. O dado alerta para a possibilidade de excesso de exposição à radiação, principalmente para as crianças.
Os exames de imagem que produzem radiação ionizante são o RX, a tomografia computadorizada, a mamografia e a densitometria (baixas doses). Os exames de ressonância magnética e ultrassom não emitem radiação. Dessa forma, enfatizam-se os cuidados na realização dos exames de imagem, principalmente daqueles que utilizam a radiação ionizante. Mais do que reduzir gastos excessivos com exames desnecessários, existe a preocupação com os danos aos pacientes, gerados pela exposição desnecessária à radiação.
Para explicar o tema, o Portal Revide entrevistou o Dr. Mario Müller Lorenzato, graduado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP – USP), com Residência e Especialização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Membro titular do Sociedade Paulista de Radiologia e do Colégio Brasileiro de Radiologia. Lorenzato também é Coordenador Médico do Centro de Diagnóstico Por Imagem (CDI) do Hospital da Unimed.
O senhor possuí uma estimativa de quantos exames desnecessários são realizados?
Atualmente, existe um número considerável de exames radiológicos realizados e que poderiam ser evitados e que varia muito dependendo da experiência e formação do profissional médico, da especialidade, do perfil do serviço (hospitalar, ambulatorial ou pronto atendimento), da facilidade e disponibilidade de aparelhos e profissionais para realização de exames, entre outros.
Qual o critério para saber se um exame é desnecessário?
Os critérios a serem avaliados para verificar se determinado exame complementar é necessário ou não estão diretamente relacionados aos dados da história clínica e exame físico do paciente. Estes são capazes de identificar as primeiras hipóteses para o diagnóstico, levando à indicação correta dos exames.
No caso dos exames de imagem em crianças, quais são os riscos da superexposição?
Os exames radiológicos são recursos essenciais para a confirmação de diagnósticos de algumas patologias. Contudo, é fundamental que o profissional da área médica faça a utilização dos exames de imagem com bom senso, principalmente em crianças, visto que elas são mais sensíveis à exposição da radiação, com efeito somatório e cumulativo da radiação ionizante. O que isso significa? Significa que a radiação emitida por um exame de raio-X ou de tomografia computadorizada é transferida para o organismo de forma cumulativa.
Desta forma, indivíduos que são expostos precocemente na infância à radiação correm maior risco de danos teciduais com o decorrer dos anos. O risco oncológico em crianças devido à exposição à radiação é aproximadamente duas a três vezes maior do que em adultos, porque pacientes pediátricos têm uma expectativa de vida mais longa e os seus órgãos são mais sensíveis à radiação.
Tem noção de gastos? Tanto para os pacientes quanto para o hospital?
Existe, sem dúvida, um gasto significativo em assistência à saúde com exames de imagem, que pode variar muito de acordo com o perfil do serviço analisado, por exemplo, hospital de alta complexidade, ambulatório, pronto atendimento, serviço oncológico. Entretanto, a maior preocupação não é financeira, mas, sim, a segurança dos pacientes pediátricos em relação às doses excessivas de radiação relacionadas ao excesso de exames.
O objetivo é a conscientização sobre os riscos relacionados à exposição desnecessária, já que em muitos casos, uma boa avaliação clínica é suficiente para a realização do diagnóstico e instituição do tratamento mais adequado.
Quais são as medidas e orientações que podemos utilizar para evitarmos os exames desnecessários?
A Unimed Ribeirão Preto conta com um grande número de profissionais especialistas em constante atualização sobre o assunto. Por exemplo, há cerca de um ano foi oferecido ao corpo clínico a participação em evento de atualização ministrado pelo Dr. Sérgio Luiz Rocha, mestre em física aplicada à medicina e biologia e especialista em física aplicada ao diagnóstico. O objetivo foi levar aos médicos a reflexão sobre o custo-benefício da realização de exames que utilizam radiação ionizante, pois todos os procedimentos apresentam um risco, mesmo que muito baixo, e que não podem ser desconsiderados, pois o efeito da radiação dos exames tem característica cumulativa, criando um aumento progressivo de probabilidade de dano tecidual.
E quais foram as medidas tomadas pela Unimed para evitar estes problemas?
A Unimed Brasil disponibiliza, anualmente, materiais atualizados que ficam à disposição de todos os médicos. Inclusive foi realizado o lançamento de uma Cartilha de Proteção Radiológica Infantil, contendo informações baseadas em evidências científicas e protocolos de exames, respaldados pela prática de renomadas instituições nacionais, como o Colégio Brasileiro de Radiologia e internacionais, pelo Colégio Americano de Radiologia. Essas ações da Unimed visam conscientizar o médico que ele tem papel fundamental na redução de exposição dos pacientes pediátricos à radiação ionizante, seja na realização de uma boa avaliação clínica, no pedido criterioso dos exames de imagem, na solicitação de exames alternativos que não utilizam radiação ionizante (ultrassom e ressonância magnética) em determinados casos e na utilização de protocolos de exames otimizados com baixa dosagem de radiação.
Unimed Ribeirão Preto
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