Dengue deve ser combatida desde concepção do imóvel

Dengue deve ser combatida desde concepção do imóvel

Afirmação é do Secretário da Saúde de Ribeirão, que diz que a dengue deve ser preocupação de arquitetos e engenheiros

Uma cidade preparada para combater a dengue desde o seu nascimento (ou crescimento). Essa é a proposta do Secretário Municipal da Saúde de Ribeirão Preto, Stênio Miranda, que acredita que os focos de nascimento do mosquito Aedes aegypti devem ser pensados desde a concepção das construções, ainda na cabeça dos arquitetos ou dos cálculos dos engenheiros.

O secretário fez a proposta no debate “Combate ao Mosquito Aedes”, nesta quinta-feira, 28. O evento faz parte da programação de comemoração de 30 anos da Revide. Além do secretário, estiveram presentes na mesa os diretores da revista, Murilo Pinheiro e Isabel de Farias, a Infectologista do Corpo Clínico do Hospital São Francisco, Silvia Fonseca, o professor da Faculdade de Medicina da USP, Benedito Lopes da Fonseca, e o diretor do Creci/RP, José Augusto Neto.

Em discussão, a epidemia que aflige Ribeirão Preto, e que, segundo expectativa da própria Secretaria de Saúde do município, deve atingir 60 mil pessoas até junho. Por isso, a troca de informações, e principalmente a organização, são fatores importantes para que esse número não se concretize.

“Essa é a pior crise da história da cidade, mas vejo com muito otimismo, porque nunca estivemos tão organizados para enfrentá-la”, destacou o secretário.

Ele jogou na conversa uma ideia que pretende combater a dengue antes mesmo de se tornar um problema tão grande que se apresenta. A intenção de Stênio é fomentar a discussão com arquitetos e engenheiros – a construção civil em geral – para aplicar novos conceitos de edifícios e decoração, que faça a água escorrer de maneira mais rápida, evitando a concentração em determinados pontos, que podem virar criadouro do mosquito Aedes aegypti.

O secretário ainda aponta outros pontos a se analisar em relação à proliferação do mosquito Aedes aegypti. Como o clima quente, com a chuva em abundância que atinge a cidade. Outro ponto citado é o momento de eclosão dos ovos dos mosquitos e que, neste ponto, a população e o poder público podem agir eliminando de maneira efetiva. “Temos influência sobre este fator”, ressalta.

Miranda se recorda ainda dos primeiros registros da doença em Ribeirão Preto. Ele conta que foi no final da década de 1980 e que, desde então, o município registrou momentos de epidemia da doença. “Entre 2006 e 2011 tivemos momento epidêmicos . Em 2012 tivemos uma redução, com aumento nos número de casos registrados em 2013, que se repetiu em 2015”, destaca.

Cuidados              

A infectologista Silvia Fonseca também aponta que muitas vezes os médicos não têm muito o que fazer para o tratamento da dengue, além da hidratação intensa do paciente com muita água, suco, e o soro fisiológico, que pode ser feito em casa, com uma colher de sopa de açúcar, uma colher de chá de sal para cada litro de água.

Outros cuidados precisam ser tomados, e atingem diretamente, na maioria dos casos, os corretores de imóveis, como lembrou o diretor do Creci, José Augusto Gardim. Ele recordou que muitas vezes as casas que estão fechadas para venda ou locação contêm os criadouros da dengue e são visitadas uma vez pelo interessado pelo imóvel, mas diversas vezes pelo corretor, o que faz que essa categoria seja apontada com alto risco de contaminação.

“É importante esse debate para a conscientização daqueles que podem ser os principais alvos da dengue, e das outras doenças, como o vírus Zika e o chikungunya, e como podemos evitar”, completa José Augusto.

Já Benedito se mostrou surpreso com o fato de o vírus Zika ter atingido o Brasil com mais força do que a chikungunya, segundo ele muito mais comum em outros cantos do mundo que enfrentam problemas como o Brasil. Para ele, isso deve ser levado com muita atenção, já que a chikungunya tem sintomas muito parecidos com a dengue, o que torna a identificação mais fácil, ao contrário do vírus Zika, que é difícil de ser identificado, e também é mais severo.


Foto: Ibraim Leão

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