Exercício de cidadania

Exercício de cidadania

Não jogar lixo nas ruas e manter os quintais limpos são os principais fatores de combate ao Aedes aegypti e prioridade do ribeirãopretano que enfrenta números alarmantes de dengue, zica e chikungunya

Com 927 casos de dengue registrados em na primeira quinzena do mês e estimativa de 2 mil casos só para janeiro deste ano, além de centenas de suspeitas de zika e de chikungunya, a sociedade ribeirãopretana se mobiliza para combater o Aedes aegypti, vetor dessas doenças. Com o intuito de contribuir para a informação da população, a Revide promoveu, no dia 28 de fevereiro, um debate sobre as principais ações de prevenção à doença e de combate ao mosquito. Realizado no auditório da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), o encontro contou com a participação de representantes do poder público, de médicos especialistas, de representantes de entidades de classe e também de associações de moradores de bairros. 

Compuseram a mesa os diretores da Revide, Isabel de Farias e Murilo Pinheiro, o secretário municipal da Saúde, Stenio Miranda, a infectologista e gerente médica do Hospital São Francisco, Silvia Fonseca, o também infectologista e o professor da Faculdade de Medicina da USP, Benedito Lopes da Fonseca, e o diretor da Delegacia do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Ribeirão Preto ( Creci/RP), José Augusto Gardim. O exercício da cidadania, onde cada morador é o protagonista no combate ao mosquito, foi a principal ideia compartilhada pelos participantes. “Fazendo sua parte, o munícipe deve saber que seu maior prêmio é ficar livre da doença”, reforçou Stenio.

O secretário enumerou as iniciativas da administração municipal em andamento, antecipando que, em fevereiro, a Prefeitura de Ribeirão Preto abre o primeiro Polo Dengue, que funcionará 24 horas por dia na Unidade Básica e Distrital de Saúde (UBDS) “Dr. Ítalo Baruffi”, localizada no bairro Castelo Branco. Na unidade, uma ala inteira ficará reservada para o atendimento dos casos de dengue. Para isso, a administração está contratando médicos emergencialistas em caráter de urgência, por tempo determinado. A contratação será feita por processo seletivo realizado pela Fundação Santa Lydia e o edital será publicado no site www.hospitalsantalydia.com.br.

Além disso, Stenio reforçou que a Secretaria da Saúde tem um Plano de Contingenciamento, que prevê diversas outras ações para situações de emergência e não descartou a criação de outros dois polos de dengue na cidade. “Já adquirimos o mobiliário e estamos contratando profissionais. No início de fevereiro, a primeira unidade estará recebendo os pacientes diagnosticados com dengue”, afirmou. O secretário também reforçou o engajamento da população no mutirão de limpeza e de combate ao Aedes, realizado no dia 30 de janeiro, na zona Oeste da cidade e em outros 65 municípios da região. A iniciativa envolveu 306 pessoas, que visitaram 3.469 imóveis, encontrando 33 focos do Aedes, sendo 26 positivos para dengue. 

Para Silvia, tão importante quanto ajudar a combater o mosquito, a população precisa saber o que fazer em caso de suspeita de por dengue. A primeira dica é perceber os sinais de alerta para a doença, como diminuição da diurese, tonturas, sangramentos e dores abdominais. “Nunca é demais lembrar que não se deve tomar medicamentos por conta própria e que se hidratar é fundamental para superar a doença”, explicou a médica. 

Já o professor Benedito destacou uma particularidade sobre a proliferação das demais doenças relacionadas ao Aedes, chikungunya e zika vírus: em outros países que já enfrentaram epidemias semelhantes, a febre chikungunya espalhou-se com mais rapidez do que o zika vírus, sendo que, no Brasil, aconteceu o inverso. “Os sintomas das três doenças são muito parecidos, o que dificulta o diagnóstico”, acrescentou. 

José Augusto observou que o Creci faz parte do Comitê de Combate à Dengue no estado de São Paulo, juntamente com outros órgãos e associações. Segundo o diretor, o Conselho tem interesse em colaborar com a campanha não só porque dissemina a consciência de seus associados, mas também porque um imóvel fechado, com foco do mosquito, coloca em risco o próprio corretor, bem como o candidato à compra ou à locação do imóvel. 

A coordenadora do Programa de Vetores da Dengue, Lúcia Taveira, fez questão de apresentar as atividades educativas que vêm sendo desenvolvidas pela Secretaria da Saúde junto a escolas municipais e estaduais. Ao final do encontro, Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) anunciou apoio às ações de combate à dengue promovidas pela Revide e pela Prefeitura. “Faremos uma ampla divulgação nas empresas e buscaremos algumas soluções para ajudar a comunidade”, afirmou.


Isabel de Farias explicou que o debate integra a programação de comemorações dos 30 anos da Revide, durante o ano inteiro. Além da dengue, revista e portal vão abordar outros três temas em campanhas trimestrais específicas: lixo, inclusão do deficiente e trânsito. “São questões que afetam o dia a dia dos cidadãos e que, para mudar, precisam da participação, não só do poder público, mas também de toda a população”, afirmou Isabel. 

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