‘Jornalismo é a profissão mais linda do mundo’, diz Datena
Evento em Ribeirão Preto com o apresentador fez parte da comemoração do aniversário de 30 anos da Revista Revide
“Jornalismo policial ninguém valoriza, mas Nelson Rodrigues – um dos maiores cronistas do País – foi o maior jornalista policial do Brasil”, afirma o apresentador José Luiz Datena. Mesmo sem se considerar um palestrante, contou causos da carreira e os anseios de ser diferente dos outros repórteres para estudantes e admiradores.
O apresentador participou da segunda palestra sobre comunicação, que faz parte da comemoração aos 30 anos da Revista Revide, na noite desta sexta-feira, 26, no Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto.
Conhecido apresentador de programas policiais, Datena afirma que entrou neste nicho por acaso, tudo graças à instabilidade do jornalismo, principalmente o esportivo, editoria em que atuava no início da carreira. Mas, mesmo assim, ele considera “a profissão mais linda do mundo”.
“Quando as coisas não vão bem, o departamento de esportes é o primeiro a mandar gente embora. Apareceu a oportunidade de fazer um teste para o Cidade Alerta, que eu não queria fazer. Vocês acham que programa policial hoje é violento, é porque não lembram daquela época. Só fiz o teste porque fui obrigado, senão perdia o emprego. Nisso, o programa foi para o ar, em um dia de enchente, e a nossa audiência que era de 6 pontos passou para 15. O bispo (Edir Macedo, dono da Rede Record), viu e falou que eu ia morar em São Paulo, falei que não tinha dinheiro para morar lá, só que aí ele triplicou meu salário. Eu assinei na hora”, lembrou Datena.
O apresentador aponta que as mídias digitais já são uma realidade, mesmo tendo abandonado há mais de um ano a conta pessoal no Twitter, que conta com mais de 1,5 milhão de seguidores. “A rede social mudou tudo, porque na internet tem muita gente que dá sugestão bacana. Internet já é uma realidade da comunicação”, aponta o jornalista, que não considera que a rede tenha tirado audiência da televisão.
“Não confio nas amostragens do Ibope, porque eles não fazem levantamento em ‘área que não tem segurança’. Mas qual lugar do Brasil é seguro? Você acha que na favela o cara vê novela no buteco? Não, ele está vendo programa policial. Ibope não dá uma base de audiência, por isso eu acho que a TV aberta não perdeu tantos telespectadores”, destacou.
Ele também lembrou que a última vez que esteve no Theatro Pedro II havia sido com o ex-jogador Sócrates, que participou da gravação de uma reportagem de destaque de Datena, na qual o antigo craque foi sabatinado bem no centro do palco. As imagens fizeram parte de produções especiais de grandes programas da Globo, como Globo Repórter e Fantástico.
“Botei o Magrão (Sócrates) para contar histórias da carreira dele. Ficou maravilhoso. Ele me ensinou a ter desapego ao dinheiro. Eu tive que pagar uma multa de R$ 23 milhões (rescisão de contrato com a Record), senão fosse o desapego do Doutor, eu não sei o que teria feito”, revelou Datena, que diz levar a vida “do jeito que tem que ser levada”.
“O jornalismo me levou para o mundo. Quando percebia, eu estava na Itália cobrindo Copa do Mundo, em Paris, e eu era duro. Eu conheci o mundo inteiro ganhando pouco, mas sendo muito feliz. Entrevistei os maiores gênios do futebol, entrevistei Pavarotti. O jornalismo é uma janela. É uma carreira que não tem limites, e é isso que vale a pena”, encerrou o apresentador, arrancando aplausos de Theatro Pedro II lotado.
Foto: Ibraim Leão