Mudança de hábitos

Mudança de hábitos

Bons exemplos de pessoas físicas ou jurídicas, instituições ou autarquias, voltados à correta destinação do lixo podem, e devem, ser ressaltados e, mais do que isso, seguidos

Em meio a todas as questões ambientais, a temática do lixo é, sem dúvida, uma que requer especial atenção da população e das autoridades. Muito embora seja cada vez mais corriqueira a abordagem dos 5 Rs da sustentabilidade (Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar), ainda são necessários grandes avanços nesse sentido, principalmente, porque a prática desse conceito passa primeiro pela cultura, ou seja, pela mudança de hábitos da população.

Nesse sentido, as novas gerações, acostumadas com a abordagem ambiental desde a Educação Infantil, saem na frente. Já para quem ainda não se atentou para o cuidado que precisa ter com a destinação do lixo que produz, desde o papel de bala até a troca do sofá da sala, há inúmeras ações que servem de exemplo, demonstrando a importância desta nova consciência.

São histórias como do casal de aposentados Maria Elvira e Leonildo Porsionato, que saem para suas caminhadas rotineiras munidos de sacolas e vão, espontaneamente, recolhendo o lixo que encontram pelo caminho. “`Pegamos garrafas, copos descartáveis, tampinhas, embalagens diversas, principalmente de cigarro, café e sorvete. Não dá para calcular a quantidade de lixo jogada nas ruas, já chegamos a voltar para casa com cinco sacolas cheias. Até os saquinhos para recolher fezes de animais, as pessoas deixam na rua. Não adianta mudar o hábito pela metade. Lixo precisa ser jogado no lixo. Fazemos isso para dar o exemplo para os nossos três netos”, alerta Maria Elvira.
Outra boa iniciativa, que demonstra mudança de comportamento na destinação do lixo, desta vez, partindo do universo empresarial, está no investimento feito pela Pontes Construções no gerenciamento de resíduos das obras. Colocando bags nos locais e instruindo as equipes a fazerem a separação de papel, plástico, gesso, etc., e a correta destinação desses materiais nas sacolas para serem retirados por empresas especializadas na sua reutilização. Com isso, houve uma redução de 20% na geração de entulho da construção civil, que representa entre 50% e 70% de todo o resíduo gerado no município. “A tendência é que, no futuro, isso se torne um padrão. Você diminui o m³ gerado de resíduo e isso impacta também nos custos, pois há menos gasto com caçamba. Os benefícios são tanto para o meio ambiente quanto para a empresa”, afirma o gerente administrativo, Eduardo Pontes.

Em outra versão positiva relacionada ao meio empresarial, a própria empresa especializada na destinação adequada de resíduos, a Dionísio Ambiental, faz campanhas anuais com seus colaboradores para incentivar a reciclagem no ambiente doméstico, promovendo sorteios de brindes entre os funcionários com maior pontuação nas entregas de recicláveis junto à empresa. “Além disso, promovemos treinamentos nas empresas parceiras, com palestras sobre a reciclagem, o uso controlado dos recursos hídricos e outros temas relacionados. Atuamos, ainda, em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente de Ribeirão Preto, na coleta e destinação de sucatas eletrônicas recebidas na sede da Secretaria, entregues pela população. Toda sucata eletrônica recebida é triada, desmontada e seus componentes, enviados para a reciclagem”, enfatiza o diretor da empresa, Ronaldo Silva.

Opções para quem deseja fazer a sua parte

Além de realizar ações pontuais de Educação Ambiental, visando à orientação e à conscientização da população quanto aos hábitos de consumo e responsabilidade pós-consumo — dentro do conceito dos 5Rs (veja quadro) —, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) também disponibiliza um Ecoponto para recebimento de resíduos eletrônicos, ou seja, produtos como computadores, televisores, CPUs, mouse, teclados, aparelhos de som, etc. Essa é uma ação de extrema importância porque os resíduos derivados do avanço tecnológico tornam-se lixo contaminado, liberando substâncias tóxicas altamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Fica na Rua Cerqueira César, 1988. 

Geralmente, o Ecoponto é associado a espaços disponibilizados pelo poder público para que a população destine materiais passíveis de reaproveitamento ou reciclagem, em quantidade reduzida (geralmente até 1m³, dependendo do espaço disponível e do tipo de material), a fim de evitar que eles sejam dispostos de forma inadequada no meio ambiente. 

Atualmente, a SMMA e a Coordenadoria de Limpeza Urbana também disponibilizam a “Caçamba Social”, um Ecoponto para destinação de resíduos da construção civil e materiais volumosos localizado na Avenida Patriarca com a Pedreira de Freitas, no Jardim Branca Salles. Há ainda disponível o serviço “Cata-Trecos”, onde equipes são acionadas pelo telefone 156 para o recolhimento de materiais inservíveis como sofás, geladeiras, camas, colchões etc.

USP Recicla 

Completando 22 anos de existência, o Programa USP Recicla, uma iniciativa permanente de gestão de resíduos e educação ambiental desenvolvida em quase todos os campi da universidade, é um bom exemplo de mudança na tratativa do lixo, a ser compartilhado com outras instituições de ensino e a sociedade. 

O programa desenvolve diversas ações educativas, como palestras, cursos e oficinas teórico-práticas, como de aproveitamento máximo de alimentos; reciclagem artesanal de papel; arte com sucatas; compostagem de resíduos orgânicos; formação de membros de cooperativas; produção de material didático; minimização de resíduos nos restaurantes universitários; diagnósticos de resíduos e  monitoramento de coleta seletiva, entre outros.

Um exemplo de ação simples, voltada à redução na geração de resíduos e o uso racional de materiais, é a substituição de copos descartáveis por canecas permanentes. Visando à reciclagem de resíduos que já não podem mais ser reduzidos ou reutilizados, o USP Recicla promove a coleta seletiva em 43 pontos do campus de Ribeirão Preto. São 30 toneladas/mês de plásticos, vidros, metais e papéis doados à Cooperativa Mãos Dadas de Ribeirão Preto. A maior parte das unidades do campus também reciclam localmente seus resíduos orgânicos alimentares e de parte da poda, de forma descentralizada, por meio de compostagem em pequena escala (que processam menos que 100 kg resíduos ao dia). O composto condicionador do solo resultante é usado nos próprios jardins da universidade. 

O programa tem diversas publicações, entre eles, o manual de resíduos do campus de Ribeirão Preto que pode ser acessado em: www.cirp.usp.br/residuoscampusrp

Os 5Rs da sustentabilidade

REPENSAR hábitos de consumo e descarte. Refletir sobre a real necessidade antes de comprar algo novo, sobre o consumo por impulso e o desperdício, além do descarte do lixo em casa. A questão é: você separa embalagens, matéria orgânica e óleo de cozinha usado, jogando no lixo apenas o que nãoé reutilizável ou reciclável?

RECUSAR produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, o que contribui para um mundo mais limpo, preferindo empresas com compromisso ambiental. Um bom exemplo é recusar sacos plásticos e embalagens não recicláveis, aerossóis e lâmpadas incandescentes.

REDUZIR o consumo, dando preferência a produtos com refis, maior durabilidade ou menos embalagens, econômicas ou retornáveis. Algumas opções são comprar  a granel, levar sacolas de compras em vez de utilizar as sacolinhas de plástico; fazer produtos personalizados com materiais recicláveis, utilizar lâmpadas econômicas e pilhas recarregáveis.

REUTILIZAR produtos, ampliando sua vida útil, o que economiza a extração de matérias-primas virgens. Um exemplo simples é reutilizar o papel, usando o verso em branco para rascunho ou outras finalidades. Também é possível reutilizar embalagens de vidro, papel, plástico, metal, etc.

RECICLAR, porque através da separação dos materiais para reciclagem se contribui para a construção de um mundo mais sustentável. Ao reciclar reduz-se o consumo de água, energia e matéria-prima, além de gerar trabalho e renda para muitas pessoas.

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